A Bruxa com Cabelos de Diamante

O Coelho

Mikaela chega na cozinha a procura de sua mãe, infelizmente não a encontrando. Então a garota pensa que ela deve ter saído de casa para procurar frutas pela floresta, logo indo até a janela para observar como está o dia.

Direcionando o seu olhar para as árvores que moviam suas folhas suavemente com a ajuda do vento, o céu estava limpo de nuvens. Movendo sua cabeça para baixo, ela olha para os animais que estavam andando por perto e de longe, acaba percebendo uma pequena sombra que flutuava pelos cantos das árvores, parecia o mesmo animal que a garota havia visto em seu sonho.

Por ser uma criança curiosa, sem mais nem menos, Mikaela pulou da janela e foi correndo atrás da sombra que tinha avistado, porém, quando havia acabado de chegar perto do animal, rapidamente o coelho saiu voando para longe. Mas sem se deixar por vencida, a garota foi mais a fundo na floresta para tentar alcançá-lo.

Quanto mais ela tentava alcançar o animal, mais os dois iam se afastando da cabana, depois de uma grande corrida pelos cantos, o coelho para em frente de uma árvore e logo depois entrando em uma toca que estava próxima. Deixando Mikaela desapontada porque não conseguiu vê-lo de perto, a mesma olha para a árvore e percebe que era diferente das outras que tinha visto pelo caminho.

Tendo uma madeira mais rígida e com uma textura mais grossa e que esfarelava ao toque, a cor era meio puxada para os tons frio e acinzentados do cinza e sendo

tão alta que ultrapassa as outras, com toda certeza sendo uma das mais antigas, as folhas teriam uma ponta mais afiada e a cor mais alaranjada, algo que não parecia estar correto, afinal, não estava no outono e nem perto da estação.

Aquela estranheza apenas aumentava a curiosidade de pouco em pouco, a garota com cabelos de diamante começa a rodear a árvore analisando cada vez mais, tentando entender o motivo dela ser tão diferente, e ao olhar para cima a garota percebe um buraco quadrado e ao redor os mesmo símbolos vistos no livro que havia lido anteriormente.

A pequena deu alguns pulos para ver se tinha algum livro lá dentro ou era só uma casa de animal estranhamente construída naquele formato tão perfeito. Depois de alguns saltos, Mikaela consegue ver um objeto quadrado de capa em uma tonalidade marrom queimado, vendo rapidamente algum título na capa.

Agora tendo a confirmação que era um livro escondido naquele local, a menina começa procurar por algumas pedras que possam ajudá-la a subir e conseguir pegar o livro, então, a mesma junta muitas das pedras próximas dela para ficar em cima e conseguir pegar o objeto.

Segurando firmemente nas extremidades do buraco e apoiando seus pés na árvore, finalmente conseguiu pegar o livro. Mikaela desce cuidadosamente, então sentando-se e apoiando suas costas na árvore, a garota analisa a capa um pouco mais. Os símbolos eram parecidos com o livro que tinha achado na cabana mas eram diferentes em alguns aspectos.

Seriam mais anotações? Por que estariam escondidas? A garota se perguntava isso para si mesma, então decide abrir o livro e ler um pouco ali mesmo para entender o conteúdo que tinha lá.

Mikaela havia entendido que falava sobre a origem da magia, parecia que além dos rituais que traziam isso para o mundo tinha algo a ver com acreditar no que fazia que acabou acontecendo a materialização aos poucos. os feitiços dão certo por que tinham esperança nisso.

Mas pareciam mais teorias do que afirmações, porém, aos poucos a garota lia as anotações e percebeu que isso foi mudando com o passar dos anos, de tanto as pessoas da família materializam a magia ela acabou se tornando algo biológico passando de mãe para filho ou filha.

Mikaela fecha o livro e olha para o céu, percebendo que já não estava mais de manhã, mas sim de tarde, ela leu tanto que nem viu o tempo passar, além disso nem sabia onde estava.

Seguiu tanto aquele coelho que acabou se perdendo, que burrice. Mikaela tentou se lembrar do caminho que havia passado e tentou voltar para a cabana. Quanto mais ela andava, parecia estar mais longe do local e mais perdida e desesperada ela ficava, havia deixado sua curiosidade tomar conta de suas decisões e acabou pulando da janela.

Ela se arrependeu drasticamente disso, e então se sentou debaixo de uma árvore aleatória.

Mikaela não podia gritar para pedir ajuda devido a sua doença, a única chance era esperar a sua mãe ir atrás dela e torcer para Emily ter sorte de achá-la, com algum feitiço de localização, talvez?

Agarrando fortemente o livro entre os braços, enquanto olhava para baixo. E se sua mãe não a encontra? E se a noite chegasse e a menina ainda estivesse no mesmo local?

A mente da pequena de 9 anos começou a pensar tudo de ruim que poderia acontecer devido a este erro, começando a chorar, pensava que iria ficar sozinha, chorou e chorou mais ainda, cada minuto que passava parecia horas para ela.

Mikaela tinha chorado tanto que quando parou para descansar os olhos, caiu no sono e só percebeu quando acordou na mesma floresta em tonalidades de outono que havia sonhado antes.

Não aguentando mais esperar sua mãe, Mikaela decidiu investigar melhor esse segundo sonho, começou a andar mais adentro da floresta até que encontrou a mesma árvore que havia achado na vida real, mas o coelho não estava lá e não havia nenhuma toca.

Indo até a parte de trás da árvore e achou o conjunto de pedras que tinha utilizado para se apoiar, deve ser só uma memória no sonho e não teria o que investigar.

Mas não havia muito o que fazer, decidindo olhar por si mesma novamente o local que tinha visto o livro, e dentro dele tinha mais escritas e símbolos. Conseguindo ler rapidamente "desperte antes das esperanças acabarem" , o que isso tinha haver com tudo? Estando totalmente confusa, acabou escorregando em uma das pedras e caindo no chão batendo a cabeça.

Acordou assustada e percebeu que tudo estava de cabeça para baixo, a menina estava voando? O que?! Mikaela percebeu que estava flutuando que nem sua mãe quando praticava os rituais, não sabia como controlar aquilo e já estava ficando tonta naquela posição, então tentou se acalmar. E para sua sorte, isso funcionou, mas ela acabou caindo de cara no chão da floresta fazendo um barulho enorme.

Logo os passos se aproximaram da garota, os barulhos que as folhas faziam não enganavam que eram passos de uma pessoa. Mikaela rapidamente levantou-se olhando para os lados e viu sua mãe desesperada chegando perto da menina e abraçando-a.

- Eu achei que ia te perder para sempre, você me deu um susto enorme! - Emely afirmou enquanto dava alguns tapinhas na cabeça de sua filha.

- Desculpa mãe! Nunca mais faço isso, juro!

Mikaela abraçou Emily e a olhou nos olhos, também pensou que não ia mais ver sua mãe por ter seguido o coelho, a mesma estava tremendo porém aos poucos se sentia tranquila de estar ao lado de sua mãe.

As duas foram em direção a cabana novamente, lancharam e conversaram enquanto anoitecia. Mikaela acabou dormindo de tão cansada que estava e Emily ficou olhando para a janela vendo o tempo passar.

De longe e aos poucos dava para se perceber um brilho alaranjado no meio da floresta, parecia ser de uma tocha, no meio da escuridão não tinha como aparecer um objeto daqueles do nada. Apenas restava uma opção, os perseguidores haviam às encontrado, ou ao menos estavam prestes a chegar perto.

Emily logo fechou tudo, janelas, portas enquanto foi correndo até sua filha. A cabana era velha, não havia motivos para os perseguidores entrarem nela.

Ou pelo menos era para não entrarem...