34 - Você é a estrela mais brilhante 💭

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O céu estava estrelado e toda a família cansada de tanto contar histórias de terror ao redor da fogueira

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O céu estava estrelado e toda a família cansada de tanto contar histórias de terror ao redor da fogueira. Acampamentos eram raros para os Oliveira, principalmente para Márcio, Marcos e Maria, que precisavam lidar com toda a parte burocrática da empresa. Contudo, o aniversário de Eloá e Dona Conceição, que dividiam a mesma data, estava chegando, então todos fizeram um grande esforço para estar ali.

A primeira a levantar-se e dizer que já tinha passado da hora de ir dormir foi Dona Conceição.

A idosa declarou que já estava muito próxima aos 70 anos para ficar acordada durante a madrugada ouvindo "histórias para boi dormir", e que se fosse assim, ela deitaria no colchão inflável em sua barraca e relaxaria até a manhã seguinte para tomar banho de cachoeira.

Então foi questão de tempo para que todos fizessem o mesmo e restassem apenas Eloá e Lucca sentados ao tronco em frente à fogueira do camping, observando o tilintar das chamas em meio ao vento frio que o horário proporcionava.

— Não quer dormir? — Lucca se abraça de frio enquanto observa a prima, que não para um minuto de encarar o céu. — Está muito frio e tarde, Eloá.

A garota respirou entediada e finalmente desviou o olhar para o primo. Sabia que estava tarde e frio, tinha relógio de pulso e seus pelos, apesar da calça e casaco de moletom, também estavam eriçados.

Contudo, não sabia quando seria a próxima vez que teria uma visão tão privilegiada quanto aquela. O céu estrelado sem qualquer intervenção da cidade era a coisa mais linda para Eloá. Ela facilmente poderia ficar ali até o dia clarear.

— Pois então levante-se e vá dormir, Lucca. — Revirou os olhos e voltou a olhar a lua. — Acha mesmo que vou perder a oportunidade de observar essa cena perfeita?

Lucca arqueou uma das sobrancelhas e ficou emburrado diante da resposta, mas não a obedeceu, muito pelo contrário. Estavam sentados a uma certa distância que o garoto fez questão de extinguir ao colar seu corpo ao dela.

— Não precisa ser grossa, Lolô. — Colocou o braço ao redor dos ombros da prima e ela prontamente se acomodou ao abraço. — Só estou preocupado com sua saúde, marrentinha.

Ela deu um sorriso sincero e deitou a cabeça no ombro do primo, que fez o mesmo movimento.

— Eu sou completamente apaixonada pelo céu noturno, Lucca. As estrelas, a lua... Acho pura poesia. — Sorriu pensativa enquanto o garoto prestava atenção em cada palavra mencionada por ela. — Tenho o costume de amar o impossível, aquilo que nunca irei, de fato, ter em mãos. — Eloá suspirou e Lucca acariciou seus cabelos. — Esse fascínio bobo é apenas mais um dos meus amores platônicos. — Ela o encarou, deixando sua mente extremamente confusa.

Paixão platônica? Amor impossível? Lucca não fazia ideia do que a garota estava falando, nem quem seria o responsável por fazê-la se sentir assim, mas não podia mentir si mesmo fingindo que não sentiu o coração acelerar em resposta aos sentimentos da prima em relação à outra pessoa.

Na cabeça dele, era completamente inconcebível que qualquer pessoa, independente de quem fosse, deixasse Eloá, sua melhor amiga, seu Akai Ito, assim.

— Não sabia que estava apaixonada. Esse cara deve ser um sortudo, afinal, uma mulher como você não é fácil de encontrar. — Ele se afastou e observou a prima, que expressou certa tristeza com a resposta. A garota suspirou e deu um sorriso sem graça.

Pretendia compartilhar seus sentimentos naquela noite, mas, assim como nas outras vezes que também tentou fazer isso, as palavras simplesmente não saíam de sua boca. Era como se esquecesse de como pronunciar "eu te amo e sempre vou te amar, Lucca".

Então decidiu apenas encará-lo e balançar a cabeça negativamente, como se pedisse para deixar o assunto de lado, por fim.

— Isso não importa, não agora. Não vamos ficar juntos, afinal. — Suspirou e voltou a encarar o céu. — Às vezes não vale a pena mostrar o universo para quem não sabe observar o brilho de uma estrela, não é mesmo?

Lucca segurou o rosto de Eloá com delicadeza e virou-o em sua direção novamente. Os olhos dela brilharam ao se encontrarem com os dele dessa vez, principalmente por conta da proximidade.

— Quem não te enxerga como a estrela mais cintilante de todo o universo, Lolô... — Ele segurou o queixo dela e falou baixo, para que ninguém ouvisse. — É a pessoa mais idiota do mundo. — A garota sorriu sem graça e encarou os lábios do primo.

— Existem muitos universos por aí, Lucca. — Seu coração acelerou repentinamente, acompanhando a respiração, que também ficou irregular.

— Estou falando sobre o meu, Eloá. Você sabe que, mais que ninguém, é a pessoa mais importante da minha vida. Sempre poderá contar comigo, independente do que for. — Lucca estava prestes a selar os lábios de Eloá com um beijo delicado, inebriado pelo clima provocado pelas circunstâncias. Contudo, na direção dos olhos da garota, uma surpresa de aniversário dos céus que a fez se afastar bruscamente.

Em questão de segundos, a jovem estava de pé, apontando com o indicador para o céu.

— UMA ESTRELA CADENTE! — Eloá dá alguns pulinhos de alegria e leva a mão à boca, surpresa. Em seguida, vira na direção do primo, que a encara encantado diante de tanta alegria. — VEM FAZER UM DESEJO!!!

Sem pensar duas vezes, Lucca prontamente se levanta e para ao lado da prima, segurando a mão dela. Assim como ela, fecha os olhos e faz um pedido. Ambos não conseguem esconder o sorriso estampado no rosto.

Após alguns segundos, viram um para o outro e, juntos, se perguntam:

— O que você pediu? — Eles riem pela sintonia em seus pensamentos.

— Você fala primeiro. — Eloá ordena e Lucca dá de ombros, como se a resposta fosse a mais óbvia de todas.

— São nas noites mais escuras que as estrelas mais brilhantes são exibidas, Lolô. — Ele sorri e joga o braço ao redor dos ombros da garota. — Então pedi ao universo que nas noites mais dolorosas, continue tendo você ao meu lado, para iluminar minha vida. E você? — Ela o abraça em resposta, emocionada com o que acabara de ouvir.

— Prefiro guardar segredo, caso não se importe. — Eloá declara e o garoto respeita, mesmo revirando os olhos devido à curiosidade que havia lhe tomado.

— Tudo bem. Mas posso te pedir uma coisa? — A garota assente e ele continua. — Podemos dormir aqui? Eu pego os sacos de dormir.

— Eu acho que essa é a melhor ideia que você já teve em toda a sua vida. — Eloá afirma e eles finalmente se separam, para que o garoto vá até uma das barracas buscar os sacos de dormir.

Enquanto isso, ela senta novamente ao tronco e volta a observar o céu, pensando no pedido que havia feito.

Desejou que, em algum momento, os dois vivessem aquele amor avassalador que crescia mais a cada dia em seu coração.

Que ele enxergasse que, desde o início, nunca foi sobre desejo, mas sim sobre afeto.

Sobre amor verdadeiro.

Sobre Akai Ito.



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