50 - A verdade é essa

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Retornei para a casa da minha avó após ficar um dia e meio internada no hospital. Por mais que desejasse meu apartamento mais que tudo, por algum motivo, meus pais insistiram para que eu viesse para cá antes.

Compreendi apenas quando abri o portão principal e observei o enorme cartaz de boas-vindas afixado próximo à área de lazer. Toda a família estava à minha espera com um grande almoço de comemoração pelo bebê.

Todos estão aqui. Até mesmo Lucca, que é a primeira pessoa que meus olhos encontram. Ele não me dirigiu a palavra desde sua saída abrupta do hospital. Apesar de ter sido extremamente sincera, meu primo sequer se deu ao trabalho de responder às minhas mensagens.

Admito que a atitude me deixou chateada e decepcionada, pois me preocupei muito com ele, principalmente após a saída de Lúcia, já que não tinha com quem dialogar sobre o assunto. Desde então, isso tem me atormentado.

Lucca tem seus motivos e definitivamente sou a última pessoa que pode julgá-lo, mas poderia ter tido, ao menos, a consideração de mostrar que estava vivo. Contudo, pelo que vejo à minha frente, o querido está perfeitamente bem. Muito mais do que imaginei, dadas as circunstâncias.

Ele está sentado ao lado de Lúcia na área de lazer, sorridente e conversando sobre assuntos diversos. Sua expressão apenas se altera quando percebe minha presença. Lucca fixa imediatamente o olhar no meu rosto. A alegria se esvai quase instantaneamente ao observar minha expressão cansada e triste.

Percebo que seu semblante se transforma em raiva logo em seguida, assim que Jonas adentra a casa atrás de mim. Nesse momento, noto Lúcia cochichar na minha direção "o que ele está fazendo aqui?". Em resposta imediata, sussurro de volta "não tive tempo ainda".

Devido à minha movimentação, meu ainda namorado me encara emburrado e fecho a boca no mesmo instante, pois acredito que não seja um momento propício para essa discussão. 

Inclusive, percebo que ele deseja conversar comigo, mas a primeira pessoa a me cumprimentar é minha avó, que me envolve num abraço apertado.

— Oh, minha Eloá... Minha pequena — ela toca carinhosamente a minha barriga. — Quem diria que logo você geraria meu primeiro bisneto! Pela personalidade de vocês, apostava que o primeiro filho seria de Lucca! — Dona Conceição comenta e meu primo solta uma gargalhada irônica, chamando a atenção de todos, especialmente de Jonas.

— Está rindo de quê, Lucca? — Jonas questiona, arqueando uma das sobrancelhas. — Não vejo graça alguma nessa situação.

O clima entre os dois realmente está muito pesado e o motivo é compreensível.

Não entendia o ciúme que Jonas sentia das minhas idas à academia e, principalmente, quando não o convidava para os almoços em família mesmo que Lucca não estivesse presente. Entretanto, após a reflexão de Lúcia, tudo passou a fazer sentido, principalmente esse clima tenso.

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