36 - Vocês ficariam lindos juntos, principalmente queimando no inferno

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— QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — Acordo com uma voz masculina totalmente transtornada ecoando pelo quarto de Clara

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— QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — Acordo com uma voz masculina totalmente transtornada ecoando pelo quarto de Clara. — EU PASSO UMA NOITE FORA E, AO VOLTAR, ENCONTRO ESSA POUCA VERGONHA?

Meu corpo está totalmente descoberto, então não culpo o dono da voz por se assustar com o meu pau ao abrir a porta do quarto. Mesmo assim, não é nada usual acordar dessa forma. Espreguiço-me, confuso com o que está acontecendo. Clara dá um pulo e encara o homem ruivo à sua frente, que está de braços cruzados. Seu rosto me é familiar, só não consigo recordar de onde.

— Calma, Bruno. — Ela fala enquanto tampa os seios com os braços. — Isso foi coisa de uma noite. Não existe nada, absolutamente nada, entre nós dois. Uma mera aventura, assim como você já teve tantas quando tinha a minha idade. — A garota se explica e acho graça de seu nervosismo. Em todo o tempo que nos conhecemos, nunca a vi dessa forma.

Viro meu rosto na direção dela e sento, pouco me importando com a nudez do meu corpo. Esse problema não é meu, não vou surtar com isso. Já estou com a cabeça cheia por conta dos meus próprios problemas, não vou ficar remoendo a loucura alheia. Então, para aliviar o clima, brinco.

— Assim você vai ferir meus sentimentos! — Debocho e coloco uma das mãos no meu peito, fingindo estar ofendido.

— Cala a porra da boca, Lucca. Não se mete nessa merda! Se ficar fazendo graça, vai sobrar pra você! — O ruivo, que é bem mais velho e que descobri chamar-se Bruno, esbraveja.

As coisas ficam ainda mais estranhas depois que ele diz o meu nome. Realmente, devemos ter nos conhecido em algum momento.

Diante disso, fixo meus olhos no rosto dele, tentando trazer alguma lembrança à tona, mas é como se meu cérebro simplesmente se recusasse a trabalhar. Acho que se recuperar da ressaca moral da madrugada era sua prioridade no momento.

Clara se levanta consternada, caminha até Bruno e segura seus ombros de forma dramática, quase teatral. Admito que estou me sentindo numa cena de novela com o drama encenado pelos dois.

— Você sabe que as coisas são... complicadas para nós dois. Por maior que nosso amor seja, não podemos ficar juntos. É errado! O que minha mãe vai pensar? — Afirma e o ruivo fecha os olhos firmemente, desviando do toque dela. O acompanho com interesse, extremamente curioso para saber qual atitude ele tomará a seguir.

Definitivamente, estou me sentindo numa novela mexicana. Essa é a melhor manhã que tenho em semanas, só por estar presenciando uma situação totalmente constrangedora que não tem nada a ver comigo. Quem me conhece sabe que sou movido pela fofoca e agora não seria diferente.

— Clara, estou cansado de saber que sente vergonha do nosso amor. Qual o problema de assumir algo tão lindo? Sinceramente, não dá. Não consigo mais fingir que está tudo bem com isso. Tenho sido compreensivo, mas essa foi a gota d'água. — Ele volta a me encarar com desdém. — E tinha que transar justamente com esse babaca? Na cama que eu comprei pra gente? Para que pudéssemos dividir o nosso amor? — Aponta na minha direção e eu levanto os braços, me declarando culpado.

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