Eloá engoliu em seco e arregalou os olhos, ficando extremamente envergonhada com a pergunta. Não sei por quê, mas sinto que existe um motivo a mais por trás dessa reação. Entretanto, apesar disso, permaneceu ali, estática, me encarando, como se tentasse desenvolver uma boa resposta para me dar.
Arqueei uma das sobrancelhas, perplexo devido à reação de constrangimento e à demora para falar um simples não ou sim.
— Por que tanto mistério sobre a virgindade? Alguém te fez algo em relação a isso? — Coloquei a mão nas coxas de Eloá, com o objetivo de atrair totalmente sua atenção, mas falhei miseravelmente, porque ela ficou ainda mais constrangida e mudou o foco.
No entanto, ela percebeu que não tinha outra alternativa, então respirou fundo e, após um longo minuto de silêncio, decidiu pôr as cartas na mesa.
— Não, Lucca, ninguém me fez nada em relação a isso. — Pausou demoradamente mais uma vez, o que começou a me deixar um pouco nervoso. — No dia em que te vi pegando nos peitos da Clara, se pegando com ela daquele jeito em um lugar fechado, entrei em colapso. — Admitiu e voltou a me olhar. — Eu sabia que estavam ficando, só que é aquilo, né? "O que os olhos não veem, o coração não sente". — Declarou.
Arqueei uma das sobrancelhas novamente e decidi sentar no chão. O assunto estava tomando um rumo controverso, então concluí que a melhor opção era me afastar, já que minha proximidade poderia deixá-la nervosa. Como estava curioso, defini que talvez essa fosse a melhor forma de não desconcentrá-la. Queria ouvir essa história até o fim.
— Não consigo entender o que o cu tem a ver com as calças. Desculpa priminha, mas parece que está tentando fugir do assunto. — Respondi, achando graça pelo fato de ela estar revivendo o passado. Mas Eloá não pareceu estar se divertindo enquanto falava, então revirou os olhos com um sorrisinho irônico no rosto e prosseguiu.
— Você é muito ansioso, Lucca. Precisa entender que, às vezes, as coisas começam do início. Apenas me escute, por favor. — Falou com seriedade e eu assenti. Definitivamente, estava muito curioso.
— Garotas normais choram e se deprimem quando passam por decepções. Pessoas como eu surtam, ficam completamente insanas e fazem as coisas mais impulsivas que estiverem ao seu alcance. — Eloá sorriu diabolicamente e eu fiquei ainda mais confuso. — E, como no meu caso o objetivo era te machucar também, decidi que seria uma boa ideia perder a virgindade naquele mesmo dia com o garoto da nossa escola que você mais odiava, o Tomás. Portanto, não, não sou mais virgem.
Toda a graça da situação se esvaiu no momento em que Eloá terminou de explicar como perdeu a virgindade com aquele desgraçado. Não que tivesse qualquer direito de ficar puto, até porque sei muito bem qual é o meu lugar na vida dela, além de não existir nenhum sentimento além de desejo carnal, mas... Tomás, sério? Logo aquele merdinha?
— Espero que tenha sido prazeroso. Para os dois, no caso. Porque para ele eu sei que foi, afinal, não ganhou o apelido "três segundos" à toa. — Afirmei com desdém e um sorriso forçado, tentando manter o clima mais leve possível, apesar de sentir meu rosto queimar de raiva.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segundas Intenções ✔️
RomansEles são primos, mas ela sempre teve segundas intenções. Ele nunca soube, então nunca se importou em poupá-la de suas experiências. Ela não aguentou mais e transformou o sentimento bom em ódio e mágoa. O tempo passou e as coisas voltaram a mudar qu...