19 - Regras são regras

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"Use uma roupa sexy", ele disse

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"Use uma roupa sexy", ele disse. Ótimo, Lucca. Explicou muito bem. Apenas estou completamente desnorteada quanto a isso, de resto, tudo certo.

Será que ele quis dizer "sexy" no nível do vestido que usei no Réveillon? Ou menos? Bom, acho que não seria muito sensato chegar ao apartamento do meu primo com um vestido transparente, até porque alguém pode aparecer de surpresa.

Meu Deus, e se alguém aparecer de surpresa?

Respiro fundo enquanto encaro meu corpo nu no espelho. Definitivamente, preciso me acalmar. Não posso desistir, não depois de passar por cima de todo o meu orgulho para pedir ajuda à pessoa que mais me fez sofrer na vida.

Foi muito difícil convencê-lo, então tenho que ir até o fim. Chega de ser covarde.

Por fim, vasculho o armário e encontro um vestido longo de cetim, com uma grande fenda na coxa e decote quadrado. Ele é colado ao corpo e exalta minhas curvas. Não sei se é o ideal, mas, na minha avaliação, é bastante sexy.

Coloco o salto alto, pego a bolsa e dirijo até o apartamento de Lucca. Faltam apenas dez minutos para o horário combinado e gosto de ser pontual.

Toco a campainha apenas uma vez e logo sou atendida por um Lucca sem camisa, de bermuda e com um cigarro na boca.

— Odeio cheiro de fumaça. Não sabia que estava fumando. — Afirmo e ele me olha de cima a baixo.

— Não sabia que era apaixonada por mim durante a adolescência. Cada um lida com os problemas da forma que pode. Pelo visto, não sabemos muita coisa um sobre o outro. — Sorri ironicamente. — Entra, por favor. — Dá espaço e assim o faço. Em seguida, ele apaga o cigarro e joga fora.

Meu primo sempre foi muito dedicado ao seu corpo. Ele malha desde que éramos mais novos e, quando questionado, fazia questão de dizer que tinha que se cuidar porque, em sua concepção, a primeira impressão era a que permanecia.

Bom, ao que tudo indica, Lucca continuou com o mesmo costume. Assim, de perto e sem camisa, os músculos ficam ainda mais evidentes. Evito olhar muito, pois seu corpo me deixa com calor e não quero passar má impressão.

Ele percebe minha ansiedade e senta na poltrona que tem na sala. Como resposta, faço o mesmo, só que no sofá que fica do outro lado. Por fim, acabamos virados um de frente para o outro.

— Regras. Nós precisamos estabelecer regras, Eloá. — Lucca fala com firmeza. — Já que realmente quer prosseguir com essas "aulas", precisamos de limites.

— Tudo bem, concordo perfeitamente. — Cruzo as pernas e percebo o olhar dele acompanhar o movimento. — Até porque o objetivo é salvar meu futuro relacionamento com Jonas.

— O que nos leva à primeira regra, priminha. — Ele fala com certo desdém. — Ninguém, absolutamente ninguém, pode saber disso. Esse segredo vai morrer conosco, está bem? — Pergunta com o corpo apoiado no joelho, me encarando friamente. Percebo que ele está um pouco inquieto, já que não para de movimentar os polegares da mão em círculo.

— Está bem. Assim que sair por aquela porta, será como se nada tivesse acontecido. — Ele concorda com a cabeça.

— A segunda regra, Eloá, é que da mesma forma que começa, termina. — Enfatiza. — Isso não será para sempre e quem vai definir se está "formada" sou eu.

— E você acha o que? — Ironizo a regra número dois enquanto ele me observa em silêncio. — Que no meio do processo vou me apaixonar novamente e querer viver um romance contigo? — Dou uma risada. — Acorda, querido, já te superei há muito tempo.

Lucca dá um sorriso soberbo, daqueles que tanto me irritam, e logo me preparo para o que vem a seguir, porque sei que é encrenca.

— Já aconteceu uma vez, por que não haveria de se repetir, não é mesmo? — Rebate e morde os lábios. Como resposta imediata, reviro os olhos e bufo.

— É só isso? — Questiono e ele balança a cabeça negativamente.

— Temos a terceira e mais importante, acredito. — Respira fundo e me encara. — Não estamos aqui para criar laços ou qualquer tipo de reaproximação. Você mesma disse, apesar de usar outras palavras, que o último dos objetivos é esse, certo? — Concordo com a cabeça. — Diante disso, é proibido beijar na boca. Eu não toco seus lábios, nem você os meus. Isso é íntimo demais e nosso objetivo não é esse. — Fala friamente e me encara na expectativa de alguma resposta, mas fico sem palavras com o que ele acabou de falar.

Como vou aprender a seduzir Jonas sem ao menos beijar na boca? Isso, na minha cabeça, não faz sentido algum. Lucca só pode estar ficando louco.

— Isso não faz sentido, Lucca! — Respondo após um longo minuto de choque. — Como vou conquistar o cara sem ao menos um beijo na boca? — Pergunto, incrédula.

— Pelo que vi no Réveillon, o beijo de vocês já se encaixa perfeitamente. Jonas, inclusive, fez questão de enfatizar isso, o que não foi muito agradável. — Sorri de escárnio e eu reviro os olhos. Isso é ciúme? Não, acho que não. — Não precisa, pode confiar em mim.

— Isso definitivamente não vai funcionar, se for assim. — Falo irritada. — E esse parece ser o seu objetivo, priminho. — Debocho.

Lucca levanta e anda calmamente na minha direção.

— Minhas aulas serão baseadas em atitudes, sensações e palavras. Acha mesmo que um simples beijo vai fazer alguma diferença nestes aspectos, Eloá? — Para na minha frente e abre espaço entre minhas pernas, se encaixando ali. — Te ensinarei a deixá-lo louco. Mas se não concorda e faz tanta questão assim de me beijar para relembrar os velhos tempos — sorri ironicamente — pode procurar outra pessoa para te ajudar, não vai fazer diferença alguma na minha vida.

Fico em silêncio enquanto encaro seu rosto, evitando a todo custo olhar para outras partes para não parecer desesperada ou algo do tipo.

Beleza, a proximidade entre nossos corpos me deixa desconfortável e sem palavras. Desde sempre foi assim, por mais que odeie admitir. E, para piorar a tensão, Lucca está apenas de bermuda de moletom, nem cueca tem ali por baixo. O maldito calor começou a subir.

Tentei a todo custo não encarar seu corpo definido, mas foi impossível por muito tempo. Evitei até não aguentar mais, só que simplesmente não deu, então fitei cada gominho de seu tanquinho, até o cós da bermuda, parando na entrada bem definida que levava para um lugar que nunca explorei nele.

— Acho que vou considerar isso como um "sim". — Volto a olhar o rosto do meu primo e percebo que o mesmo está com aquele sorrisinho soberbo de sempre.

— Não fique se achando. — Reviro os olhos e me jogo para trás. — Aceito suas regrinhas ridículas, por mais que ache duas delas óbvias e a última desnecessária. E agora, por onde começamos?

Ele se agacha, deixando o rosto na altura do meu e se aproxima ainda mais. Neste momento, estamos a poucos centímetros de distância. A atitude faz minha respiração falhar.

— Preciso te perguntar, Eloá. — Sorri sem graça e eu continuo o encarando, esperando pela próxima pérola. — Você é virgem?













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