30 - Stripper por uma noite

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— Deixa eu ver se entendi, Eloá

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— Deixa eu ver se entendi, Eloá... — Lúcia dá uma longa golada na taça de vinho. — Você pediu aulas de sexo para o Lucca após mais de sete anos afastada e está se sentindo insegura para se relacionar com o melhor amigo dele? — Ri e dá mais uma golada. — E o chantageou emocionalmente para que aceitasse essa cachorrada com o fato de que o mesmo te magoava pra caralho sendo um galinha porque era lerdo o suficiente para não perceber que você era loucamente apaixonada por ele durante a adolescência? — Lúcia dá mais uma gargalhada estridente. 

Minha prima realmente parece estar se divertindo muito com a situação, enquanto eu estou cada vez mais constrangida. Balanço a cabeça e dou duas goladas rápidas no meu vinho.

— Sou a pior pessoa do mundo, Lúcia? — Pergunto e ela se engasga de tanto rir.

— Eu te acho genial, Eloá. Completamente insana, mas genial. Essa é a vingança perfeita. Você pode não ter percebido, ou até mesmo ter feito sem querer, mas imagine como deve estar sendo doloroso para o Lucca digerir tudo isso de uma vez só: descobrir que você era apaixonada por ele e que simplesmente perdeu a mulher de sua vida por ser um babaca inútil que só pensava com a cabeça de baixo... — Levanta um dos dedos para pontuar e dá uma golada no vinho. Eu faço o mesmo.

— Não acho que... — Ela me corta.

— Escuta, caralho. E agora, depois de tudo isso, ele simplesmente se viu sem escapatória, a não ser aceitar te dar aulas de putaria. Que cachorrada, gente. Lucca deve estar completamente louco, até porque as aulas são para o melhor amigo dele... Eloá, mulher, pense em como ele deve estar transtornado com tudo isso. Até mesmo criou essa regra estúpida de não ter beijo na boca. Acho inadmissível sexo sem beijo, mas, nesse caso, até compreendo. A regra não foi para você, sua burra, foi para ELE. Definitivamente, deve estar sendo torturante ensinar a garota que deveria ter sido dele desde o início a transar com outro. — Lúcia dá um tapa na própria coxa e eu acho graça de toda a sua empolgação.

— Lúcia, pelo amor de Deus. O Lucca teve tantas oportunidades, tantas, de assumir qualquer sentimento por mim. Só que isso, da parte dele, nunca existiu e continua assim. Demorei anos para esquecê-lo, não vou ficar criando realidades paralelas na minha cabeça para me confundir sobre o que realmente importa: o meu relacionamento com o Jonas. — Afirmo e ela revira os olhos.

— E ainda tem esse corno. Não gosto dele, desde o Réveillon. Ele só quis ficar contigo depois que viu seus mamilos, achei isso deplorável. — Compartilha e agora é minha vez de revirar os olhos.

Sei que foi uma atitude completamente machista e imbecil da parte dele, mas conversamos sobre isso e ele assumiu que havia se arrependido. Não gosto de normalizar esse tipo de coisa, mas também não sou o tipo de pessoa que não dá segundas chances.

— Nós conversamos sobre isso, Lúcia. Ele me pediu desculpas mais de uma vez e disse ter se arrependido por ter agido como um adolescente no cio. — Respiro fundo e dou outra golada no vinho, já sentindo meus lábios dormentes. — Foi idiota? Sim, mas também não iria descartá-lo por uma atitude.

— Pois eu acho que quem teve uma atitude pode ter várias. E acho que neste exato momento, ele pode estar muito bem te traindo. — Pega o celular e mostra uma foto que Lucca publicou no grupo da família, onde várias strippers estão no palco. — Ele não disse que iria sair com nosso queridíssimo primo?

Respiro fundo. Sinto automaticamente meus olhos arderem com lágrimas prontas para caírem. Além disso, um nó se forma na minha garganta. Entretanto, que moral tenho para ficar magoada? Hoje mesmo chupei o pau do Lucca até que ele se desfizesse de prazer em minha boca! Seria muito hipócrita de minha parte.

Só que foda-se, sou hipócrita para um caralho e estou extremamente puta.

— E o que posso fazer sobre isso? — Pergunto raivosa. — Não sei se tenho algum direito de ficar puta com essa porra, apesar de já estar. — Encho minha taça com mais vinho e começo a beber. — É óbvio que o Lucca fez isso de propósito, ele queria que eu visse que os dois estão lá.

— Mulher, sem estresse. — Lúcia fala e termina de beber o vinho que tinha em sua taça, já pegando a garrafa da minha mão para encher mais um pouco. — Vamos até lá. Mas você não vai fazer escândalo, nem terminar, nem qualquer coisa do tipo. Não pague de mulher traída, faça algo muito pior que isso. — Sorri maldosa e eu a encaro confusa.

— Me explique isso, Lúcia. Estou bêbada, mulher. Com bêbado você precisa ser direta, esse negócio de entender as entrelinhas não funciona comigo. — Afirmo e ela ri ainda mais.

— Garota, é o seguinte. O dono desse clube é meu amigo, pois já apresentei uma peça teatral lá. Você vai vestir uma roupa sexy, ou pegar alguma emprestada lá e simplesmente dará um show naquele palco. — Dá de ombros e bebe o vinho, como se fosse a coisa mais prática do mundo.

— E você acha que eu sou o quê? Pelo amor de Deus, Lúcia. A pessoa mais envergonhada desse Brasil todinho se chama Eloá Oliveira e você acha mesmo que essa ideia pode funcionar?

— E as aulas de pole dance que você fez? Use e abuse da memória corporal, gata. E outra, os dois vão aprender a nunca mais te provocar assim. Principalmente o corno do seu namorado. — Ela aponta e eu sacudo a cabeça positivamente.

— Só não sei se estou bêbada o suficiente. — Bebo o vinho ainda mais rápido e encho a taça novamente. — Porque, meu amor, para subir em um palco e dançar, eu preciso estar bêbada.

— Sabe o que seria ainda melhor? — Ela sorri maliciosa. — Se você dançasse no colo de alguém. Tipo aqueles shows privativos que as dançarinas fazem. — Lúcia sugere e eu engulo em seco, a encarando com uma careta horrorosa. — Não me olhe assim. Considere essa situação uma de suas aulas de putaria: como deixar seu namorado puto e de pau duro.

Não me aguento e dou uma gargalhada. Até que a ideia não é das piores. Apenas preciso de mais duas taças e estarei pronta para irmos.

— E se tudo der errado? — Pergunto e ela sorri.

— Eu estarei lá para te ajudar. — Me dá um abraço e eu correspondo imediatamente, feliz por finalmente ter compartilhado essa situação com alguém.


***

Nota da autora 

Gente, sinceramente, sem comentários. A única coisa que tenho a dizer é que ela entrega tudo e mais um pouco.

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