40 - Mansão à beira-mar

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Admito que estou extremamente curioso e confuso para entender o motivode Eloá ter me pedido para irmos a um motel hoje, mas não vou reclamar, pois sinto que, a cada vez que peço explicações, nos aproximamos mais e isso definitivamente está saindo ...

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Admito que estou extremamente curioso e confuso para entender o motivode Eloá ter me pedido para irmos a um motel hoje, mas não vou reclamar, pois sinto que, a cada vez que peço explicações, nos aproximamos mais e isso definitivamente está saindo do controle. O objetivo era não criarmos qualquer ligação além da carnal, então sigo tentando – por mais que pareça impossível.

O problema é que tudo nela parece - e é - interessante, então não é tão simples assim. Mas não custa tentar, de qualquer maneira.

Estou estacionado em frente ao prédio de Eloá há aproximadamente dez minutos, apenas esperando a donzela descer. Para uma mulher tão pontual, até que está demorando bastante.

Já entediado com a espera, decido dar uma olhada nas minhas mensagens. Me surpreendo com as de Jonas. Há várias, mas nem me dou ao trabalho de abrir. Apenas leio a destacada.

Jonas: Depois disso, acho que acabou. Não posso ficar com alguém que trate minha mãe assim...

Por mais que tenha me afastado, meu melhor amigo insiste em contar detalhes de seu relacionamento. Na maioria das vezes isso me irrita, entretanto, não agora. Então Eloá conheceu a radiante e insuportável Dona Célia. Deve ser por isso que quer ir a um motel passar a noite. As coisas estão fazendo mais sentido agora.

Então quer dizer que ela está solteira? Porque ele mesmo me mandou mensagem dizendo que acha que acabou. Isso quer dizer que, por mais que eu não tenha esperanças, podemos ter algo futuramente. Sem criar expectativas obviamente, até porque ela tem sentimentos por Jonas. 

Já estava cogitando levá-la a um lugar melhor que um motel desde o início, até porque Eloá merece muito mais que isso, só que agora quero surpreendê-la ainda mais. Então faço uma ligação e combino com uma amiga a nossa ida a um lugar extremamente especial, do qual minha prima jamais esquecerá. Farei todo o possível para que esta noite e madrugada sejam as melhores de sua vida.

É inevitável não dar um sorrisinho de animação. Sei que ela deve estar mal pelo relacionamento, entretanto, não posso controlar meus sentimentos. Por fim, tenho meus pensamentos interrompidos quando Eloá bate na janela para chamar a minha atenção. 

A encaro de cima a baixo e meu estômago se revira de ansiedade. Ela está perfeita nos mínimos detalhes, em um vestido preto de lycra que chega à metade da coxa.

Para complementar, ela também está vestindo luvas e meia-calça preta, com um salto de brilhantes. Vê-la assim me deixa completamente sem palavras e ela sabe disso, por isso capricha. Pude perceber sua satisfação através do sorrisinho malicioso e atrevido em seus lábios rosados ao notar meu desconcerto.

Abro a janela para observá-la melhor e ela ri quando mordo meus lábios, sem fazer a mínima questão de esconder o contentamento, mas também demonstrando certo nervosismo

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Abro a janela para observá-la melhor e ela ri quando mordo meus lábios, sem fazer a mínima questão de esconder o contentamento, mas também demonstrando certo nervosismo.

— Se eu não te conhecesse de outros carnavais, diria que tem alguma coisa te incomodando. — Ela fala e dá a volta pelo carro. Antes que ela chegue, abro a porta, sendo um perfeito cavalheiro.

— Tirando o fato de eu estar prestes a passar a noite inteira com anamorada do meu melhor amigo, sendo um amante perfeito e insólito, eu estou beme tranquilo. — Tento disfarçar com ironia enquanto ela coloca o cinto de segurança.

Sinto meu coração acelerar de raiva. Nunca conseguirei entender esse efeito que Eloá tem sobre mim. E, para piorar, não consigo esconder um mísero sentimento. Odeio isso, afinal, é óbvio que fiquei mexido com o fato de eles estarem separados, mas nunca falarei essa droga em voz alta.

— Pensei que esse já fosse um problema superado. E, talvez, só talvez, pode ser que não sejamos mais namorados. Mas não quero falar sobre isso agora. — Eloá responde emburrada e me encara. — E aí, vai me levar aonde? — Muda de assunto.

Respeito seu desejo e prossigo falando sobre o nosso destino.  

— Sei que me pediu para te levar para um motel, mas Eloá, me desculpe, uma mulher como você merece mais do que isso. Tenho plena consciência de que isso não passa de uma aula de sexo, mas não significa que você deva passar a noite em um quarto meia boca, em um lugar xexelento. — Dou partida no carro e encaro seu rosto pelo canto dos olhos. Fico orgulhoso ao perceber que ela está sorrindo e nem faz questão de esconder. — Vou te levar a uma mansão à beira-mar, em Arraial do Cabo.

— Meu Deus, Lucca! — Ela me encara surpresa e eu nem me importo. Pelo menos a chateação sumiu de seu rosto. — Isso vai sair muito caro! E nós vamos demorar quase duas horas para chegar até lá! — Exclama surpresa.

— Como se dinheiro fosse problema. — Ironizo e ligo o rádio no bluetooth. Mesmo no aleatório, a música "Hotel Caro", do Baco com a Luísa Sonza, se encaixa perfeitamente ao momento. — Apenas espero que não tenha horário para voltar amanhã.

Eloá sorri como resposta e começa a cantarolar junto à música e, em determinado momento, meu coração até acelera.

"Me priorizar parece escolher te perder
Não me deixe só, me deixe perto de você
Relações ruins são bem mais fáceis de esquecer

Sei que vai doer já que foi tão bom"

Ouvir essa parte da música saindo da boca dela faz com que uma sensação de derrota preencha meu corpo. Busquei por tantos anos o prazer ilusório em outras mulheres, tentando preencher um vazio que apenas consegui entender o motivo agora. E é exatamente isso. "Me priorizar parece escolher te perder". Depois do nosso momento no meu escritório, cheguei à conclusão de que não quero isso. Mesmo que ela me veja apenas como um brinquedo, recuso-me veementemente a ficar distante de Eloá novamente. 

Foram quase oito anos. Cerca de 2.920 dias sem se falar direito. Isso é tempo demais. 

Ainda estou tentando compreender meus próprios sentimentos, contudo, pelo que já consegui entender, a distância definitivamente não é o melhor remédio. Foda-se Jonas. Quero estar ao lado dela. E se Eloá decidir por bem, aceito uma chance de mostrá-la tudo isso de bom grado. 

Por fim, ignoro o nó na garganta e o embrulho no estômago e decido recuperar o tempo perdido ao lado da minha melhor amiga e alma gêmea. Minha Akai Ito. Mesmo com os olhos ardendo devido à vontade de chorar, canto junto, a todo pulmão. Merecemos novas e boas memórias. Precisamos esquecer as tantas dores do passado. 

E assim seguimos toda a viagem. Descontraídos e rindo, como nos velhos tempos. É tão bom tê-la de volta.

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