Um Namorado Para O Papai

O Aniversário Da Vovó

O que tem lá no céu? 🌟🌟

Boa leitura

-Chegamos! Boas festas. -Disse o motorista quando chegamos na casa da minha vó.

-Obrigada. Bom trabalho. -Respondi saindo do carro.

Por sorte aquele homem parecia ser alguém legal, sequer fez um comentário, apenas me encarou, mas não posso culpa-lo por isso, afinal estava linda mesmo que não tivesse me esforçado para isso. Credo, acho que tenho que parar de prestar tanta atenção no que a Cláudia diz, se não daqui a pouco vou me tornar uma versão desatualizada dela.

A casa em que meus avós viviam não era a mesma em que meu pai narrava em seu diário, eles haviam se mudado para um condomínio de classe média alta, bem alta, para não dizer rica. Pois com a aposentadoria do meu vô Antônio, os dois conseguiram uma boa quantia em dianteiro, o suficiente para manterem vidas bem confortáveis.

Avisei na portaria do condomínio para que liberassem a minha entrada, primeiro ligando para minha vó para ter certeza que eu tinha permissão. O que havia acabado com a ideia de festa surpresa, porque ela já sabia que eu estava ali, não ficaria surpresa em me ver em sua porta; por isso odeio condomínios. Exatamente por isso que antes mesmo que apertasse a campainha dela, minha vó logo abriu a porta de sua casa.

Um sobrado com piscina nos fundos e a fachada pintada de amarelo e com grandes janelas. Toda a casa era bem ampla, com cômodos espaçosos que ajudavam meu avô a se locomover bem sem o perigo de esbarrar em alguns móveis. Algumas paredes tinham até mesmo apoiadores para que ele se apoiasse quando se sentisse cansado, possuindo um quarto inteiro aonde uma fisioterapeuta vinha três vezes na semana ajudá-lo com sua recuperação. Ele havia tido o movimento de seu corpo prejudicado depois de um AVC, havia ficado meses sem conseguir falar mas aos poucos se recuperou, mas ainda carregava grandes sequelas.

-Amora! Você lembrou! -Disse minha avó me abraçando com força, evitando amassar o bolo que havia trago para ela.

-É claro que eu ia me lembrar. Jamais ia me esquecer do seu aniversário. -Menti, e ela sabia disso porque colocou aos mãos na cintura e me julgou com o olhar. -Ta bom, tá bom. Eu não me esqueceria de novo do seu aniversário.

-Não ligue para isso querida. O que importa é que está aqui agora. -Em seguida ela pegou o bolo das minhas mãos. -Que bolo lindo, vamos logo cortá-lo.

Ela estava fazendo 52 anos mas parecia ter 45, o completo oposto do papai que aparentava ser mais velho, mas no caso dela ela já tinha a ajuda de algumas plásticas que diminuíram suas linhas de expressão e mantiveram seu corpo erguido mesmo com os efeitos da gravidade.

O cabelo dela estava lindo, provavelmente havia ido ao salão no dia anterior, pintado de loiro e bem escovado, fazendo que mechas onduladas se formassem naturalmente conforme ela passava as mãos nele. Como a casa sempre estava impecável e com o piso de porcelanato parecendo um espelho, ela não usava sapatos, andava descalça, deixando a manicure em dia amostra assim como as pernas bem torneadas graças a alguns aparelhos de academia que ela tinha na varanda de seu quarto.

Mas claramente não era a vovó que cuidava da limpareza e da manutenção da casa, tinha três domésticas que revezavam nos dias de semana. Também eram as responsáveis pela cozinha, já que nunca vi minha avó cozinhar nada na vida, isso estragaria as unhas bem feitas dela. Ou simplesmente tenha se cansado de cozinhar, já que pelo diário do meu pai, meu avô praticamente a forçava a ser uma boa dona de casa, mesmo nunca tendo gostado disso. Era como se a mãe do meu pai narrada em seu diário e a minhas avó que conheço desde de sempre, fossem pessoas completamente diferentes.

-É um presente meu e do papai. Mas trouxe isso também. -Lhe entreguei uma sacola de shopping com um kit de hidratação para pele embrulhado para presente, que havia comprado a algumas semanas. -Como o papai não sabia o que comprar ele disse que depois vai mandar um pix para senhora comprar o que quiser.