Acordar, checar as horas, se levantar, vestir a roupa íntima e logo depois algo casual, arrumar a cama, alimentar Bonbon e a si mesma, checar a aparência no espelho, pegar todas as chaves e a coleira de Bonbon, deixar o apartamento, esperar o elevador ficar vazio, descer até o saguão.
Rebecca acha que essa seria uma boa nova rotina matinal. O melhor de tudo é que ela pode passear com Bonbon pelas manhãs em vez das noites.
"Ah, bom dia, minha jovem!" No saguão do prédio, Rebecca encontra o senhor viúvo sentado em uma das poltronas, acompanhado por um adorável casal de velhinhos.
"Bom dia, senhor." A mulher se aproxima, sorrindo simpaticamente para os três e tentando reconhecer o casal.
Parece que Rebecca não conheceu todos os moradores do prédio, afinal de contas. Mas com apenas um dia, ter conhecido grande parte dos moradores, é um grande avanço para a doutora.
"É um belo cachorro." Wo aponta para Bonbon, que está sentado obedientemente ao lado de sua dona.
"Ah, sim. Nós estamos saindo para dar uma volta agora." Rebecca acaricia levemente o pelo do cão.
"Eu não acho que uma garota da cidade grande vai se dar bem se ficar andando por aí a pé, querida." O viúvo comenta. "Você é jovem, mas não deve estar acostumada com todos esses morros."
"Bom... eu não tenho um carro, senhor. Então terei que me acostumar."
Rebecca possui três carros.
"Está vendo aquela belezinha de relíquia ali?" O senhor aponta para a saída do prédio. "É toda sua." É uma bicicleta.
"Eu agradeço, mas acho que –"
"Sem mas, já está decidido. Eu estou dando ela para você." Enquanto o idoso sorri orgulhosamente, Rebecca fita a bicicleta que está do lado de fora, suspirando exaustivamente.
Uma hora ou outra ela precisa aprender mesmo.
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O centro da cidade de Paet Riu não é incomum. Rebecca anda calmamente, empurrando a bicicleta, Bonbon caminhando ao seu lado, com a ponta da coleira amarrada em um dos guidões da bicicleta.
Por um momento, Rebecca se esquece porque realmente está ali. Ela apenas imagina que está de férias, explorando o país e caindo por acaso nesta pequena, mas agradável cidade.
Uma cafeteria em específico chama a atenção de Rebecca, e ela decide se sentar em uma das mesas do lado de fora do estabelecimento, encostando a bicicleta em um poste próximo e se divertindo quando Bonbon se deita na calçada, exausto.
Tirando a mochila das costas, Rebecca encontra sua garrafa de água, jogando um pouco em sua mão e aproximando-a da boca de Bonbon. "Às vezes eu me esqueço que você não é mais um filhote cheio de energia." Ela afaga o pelo do animal carinhosamente enquanto o mesmo mata a sede.
A mochila que estava sendo carregada acaba ocupando uma das cadeiras da mesa que Rebecca escolhe, e ela se senta logo do lado. Ela entrelaça os dedos por cima do peito e inclina a cabeça para trás, fechando seus olhos e sentindo o leve calor do sol batendo em seu rosto.
"Bom dia." Rebecca se assusta quando escuta uma voz repentina ao seu lado.
Ela se senta apropriadamente e abre os olhos, se deparando com uma das atendentes da cafeteria. A mulher é ainda menor que Rebecca, cabelos pintados em um tom castanho claro e olhar que parece saber mais do que sua aparência deixa transparecer.
"Bom dia," Rebecca cumprimenta. "Só um café, por favor." Ela observa a mulher anotar o pedido em uma pequena caderneta.
Rebecca franze suas sobrancelhas quando a atendente a encara fixamente, como se estivesse vendo algo de anormal em seu rosto. "Você é a escritora que acabou de se mudar, não é?" Ela aponta sua caneta na direção de Rebecca.
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As noites em Paet Riu são perigosamente atraentes.
RomanceUma série de assassinatos é cometida, e Rebecca se vê enfrentando a investigação mais complexa de sua vida. Se infiltrar na cidade e na vida dos moradores de Paet Riu seria um desafio, e conhecer Freen Sarocha Chankimha deixaria uma marca em Rebecca...