Escolhas e impulsos.

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Nota inicial:

TW: capitulo com linguagem e narração explicita de hot. Oficialmente no meio da história.

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Rebecca abre seus olhos lentamente, sentindo que algo não está certo.

Ela fita os fracos raios de luz da manhã entrando pelos espaços da cortina, esperando que eles façam um bom trabalho em aquecer seu quarto congelante.

Mas o frio não é o que está errado, ele é sempre esperado. O problema é que Rebecca não sente a menor vontade de fazer sua rotina matinal nesta específica manhã.

E ela não entende por quê.

Muitas das vezes, Rebecca não entende a si mesma. E ela já deveria ter se acostumado com isso, mas não consegue.

Ela não consegue se acostumar com a falta de controle que tem sobre si mesma. Não se acostuma com o fato de que, em uma certa manhã, ela vai acordar feliz, e na seguinte, triste.

Que ela pode assistir o mesmo filme diversas vezes, mas nunca saberá se sua mente estará focada nas partes engraçadas ou nas dramáticas.

Mas ainda assim, Rebecca cumpre sua rotina.

Ela ainda desce pelo elevador com o objetivo de deixar o prédio e trabalhar, como sempre faz.

E ela ainda encontra Wo no saguão, como todas as manhãs.

"Bom dia, querida." O senhor se aproxima carregando um sorriso radiante.

"Bom dia." Rebecca começou a ficar bem cautelosa em suas conversas com Wo desde que começou a desconfiar dele. "Sem acompanhantes hoje?" Ela percebe que não há ninguém no saguão conversando com o senhor.

"Infelizmente, não." Wo lamenta. "Junte-se a mim."

Rebecca hesita por um segundo. Mas ela acaba percebendo que uma conversa casual pode ser a simples resposta para suas complexas perguntas.

Então ela se senta. Bonbon sentando-se ao seu lado, no chão, obedientemente enquanto tem sua atenção fixa na saída do prédio.

"Então, o que você faz quando sai por aí toda manhã?" O senhor pergunta, se sentando na poltrona à frente de Rebecca.

"Eu não consigo escrever bem se estou trancada dentro de um apartamento. Andar por aí, conhecer novos lugares... me ajuda." Rebecca responde.

"Entendo..."

"E o que o senhor faz por aqui?"

"Não muito." O homem adota um semblante triste enquanto fala. "Eu fico bem solitário desde que minha esposa morreu e meu filho se mudou."

"Bom... o seu filho poderia te visitar de vez em quando." Rebecca propõe, mas a verdade é que ela não se importa.

"Chin é um homem muito ocupado, não tem tempo para o velho homem aqui."

Rebecca não diz nada. Ela não é muito boa em confortar as pessoas se isso não lhe trará algum benefício pessoal.

Mas felizmente, Bonbon decide salvar sua dona quando começa a latir para a saída do prédio.

"Bom... eu acho que alguém está com pressa," O senhor se estica para acariciar o pelo de Bonbon. "É melhor você ir."

"Eu sinto muito por isso." Rebecca lamenta sua rápida partida. "Tenha um bom dia, senhor." Ela deseja enquanto caminha para a saída.

"Você também, minha jovem." Wo diz enquanto observa os passos alegres de Bonbon.

Cumprir a rotina matinal e pedalar até o centro foi bom para Rebecca. Ela se sente melhor do que se sentia esta manhã.

As noites em Paet Riu são perigosamente atraentes.Onde histórias criam vida. Descubra agora