Nota inicial:
A Rebecca é tão racional que me estressa, e vocês vão concordar comigo após ler isso. Boa leitura, obrigada por acompanharem. :)
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Rebecca abre seus olhos e, antes de começar sua rotina habitual, se levanta e caminha até a janela, abrindo as cortinas para ver se o tempo chuvoso permanece atormentando Paet Riu.
Ela não se incomoda com o fato de estar sem roupa, afinal de contas, está no último andar do prédio mais alto do bairro, quem vai conseguir vê-la?
Mas a exposição de Rebecca não dura muito tempo, pois ela volta a fechar as cortinas quando confirma que está chovendo.
"Mais um dia preso aqui," Rebecca suspira. "O que acha disso, Bonbonie?" Ela olha para baixo e fita o cão, que está encarando a dona com olhos de dar pena.
"Não me olhe assim, não é culpa da mamãe." Rebecca cerra seus olhos para o animal antes de começar sua rotina matinal.
O saguão do prédio tem estado movimentado nos últimos dias, e Rebecca estranhou no começo. Em uma cidade pequena como essa, os vizinhos realmente são amigos e se importam uns com os outros ao ponto de se sentarem em uma mesa para conversarem ou jogar algo. Rebecca nunca viu isso antes.
"Xeque." Rebecca diz quando termina sua jogada. Os moradores que estavam assistindo murmuram em aprovação enquanto Wo cruza seus braços, pensando em seu próximo movimento.
Rebecca espera pacientemente, e no meio de todo o silêncio, seus olhos encontram os de Sarocha, que está do outro lado do saguão, conversando com suas amigas.
Duas noites atrás.
Foi quando Sarocha saiu do apartamento de Rebecca depois de beijá-la, e desde então as duas não trocaram sequer uma palavra.
Rebecca não tem certeza se ofendeu profundamente Sarocha, ou se ela está apenas confusa e assustada demais.
Mas Rebecca nunca teve a intenção de ofender ou magoar Sarocha, ela estava apenas sendo cuidadosa.
Os pais de Sarocha.
Além delas estarem em uma parte mais isolada de um país que já é extremamente conservador, Sarocha possui os pais mais homofóbicos que Rebecca já conheceu, e ela já conheceu muitos pais assim.
Rebecca desvia seus olhos para o tabuleiro de xadrez quando Nam chama a atenção de Sarocha, olhando na mesma direção que a veterinária está encarando fixamente, tentando descobrir o que atrai tanto o olhar de Sarocha.
A doutora abre um sorriso discreto quando acompanha o movimento da mão de Wo com os olhos, vendo que ele está prestes a cair em sua armadilha.
"Xeque-mate." Ela diz enquanto olha novamente para Sarocha.
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Sarocha inala e depois exala lentamente.
Ela fecha seus olhos, deixando que os gritos de seus pais invadam seus sentidos e se dispersem aos poucos, como fumaça se espalhando.
Com o corpo estirado na cama, Sarocha olha para seu lado esquerdo, fitando a porta do quarto e depois para o direito, tendo a visão da escada de incêndio através da janela.
Mas ela não se move.
Sarocha está cansada. Cansada de tudo.
Cansada de seus pais, cansada de tanto trabalhar, cansada de tentar demais, e principalmente, cansada desse jogo que está jogando com Patricia.
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As noites em Paet Riu são perigosamente atraentes.
RomanceUma série de assassinatos é cometida, e Rebecca se vê enfrentando a investigação mais complexa de sua vida. Se infiltrar na cidade e na vida dos moradores de Paet Riu seria um desafio, e conhecer Freen Sarocha Chankimha deixaria uma marca em Rebecca...