As tempestades em Paet Riu são extremamente reveladoras.

462 93 23
                                    

Rebecca estava certa sobre sua previsão.

As nuvens que chegaram naquela noite resultaram em uma tempestade, e uma que perdurou por vários dias. Rebecca perdeu muito tempo.

Tempo que poderia ter usado para continuar sua investigação pelas ruas de Paet Riu.

Rebecca estava começando a gostar da bicicleta que Wo lhe deu, isso até precisar sair com ela na chuva.

Com o cabelo quase encharcado, Rebecca rapidamente guarda sua bicicleta e adentra o saguão do prédio, balbuciando toda sua irritação.

"O que aconteceu com você, criança?" Wo se aproxima de Rebecca, e ela percebe que ele está se apoiando em uma muleta para caminhar.

"Não foi nada demais, senhor." Rebecca sorri, tentando amenizar a preocupação do idoso.

"Por que você saiu debaixo dessa chuva!?" O homem pergunta.

"Bom, eu precisava urgentemente me encontrar com o chefe da editora, e não conseguia encontrar nenhum táxi." Rebecca inventa uma desculpa.

Quando finalmente ajeita seu cabelo molhado e levanta o rosto, Rebecca percebe que grande parte dos moradores estavam no saguão, alguns vizinhos conversando, outros mais velhos sentados à mesa, jogando cartas. Aparentemente, é isso que eles fazem em dias chuvosos como esse.

"Não faça isso, querida!" Wo exclama. "Quando precisar de uma carona, me avise."

"Tudo bem, muito obrigada." Rebecca agradece, já dando passos discretos para longe do senhor, em direção ao elevador.

Enquanto Rebecca se apressa até o elevador, o grupo de amigas ocupando uma mesa do outro lado do saguão observam-na.

"E lá vai a moradora misteriosa..." Irin comenta.

Sarocha, que estava mexendo em seu celular aleatoriamente, levanta a cabeça assim que escuta a frase de Irin.

Ela consegue ver Patricia por um segundo, antes da porta do elevador se fechar, e Sarocha franze suas sobrancelhas quando percebe que a mais velha estava completamente molhada.

"Você tem razão, ela tem esse ar todo misterioso. Fica fora o dia todo, rodando em cima daquela bicicleta, e volta de noite, quando ela realmente deveria sair e se divertir, como todo mundo faz." Nam diz.

"Sim, ela parece um fantasma. E sempre fica encarando as pessoas com um olhar sério, eu nunca vi um sorriso no rosto daquela mulher." Noey comenta, e de repente Sarocha só consegue ouvir a risada de Patricia se reproduzindo em sua mente.

"Você acha que isso é algo que escritores sempre fazem, Sarocha?" Irin direciona a pergunta para a veterinária, que ainda está perdida em seus próprios pensamentos.

"Sarocha!"

"Hm? O que foi?" Sarocha pisca rapidamente, se dando conta de que sua amiga está falando com ela.

"Estamos falando sobre Patricia. O que você acha dela?" Nam pergunta.

"Eu? Bem, eu... mal a vejo, não presto muita atenção nela." Sarocha mente, mas ela não sabe exatamente por quê. Qual o problema em suas amigas saberem que ela na verdade conversa com Patricia quase todos os dias?

"Sejamos sinceras, eu acho que nós estamos falando dela aqui por pura inveja. Sério, vocês já olharam para a mulher? Ela parece uma modelo." Noey diz com sinceridade e suas amigas precisam concordar.

"Só falta a altura." Irin ri junto com Nam e Noey.

"Você vai para o inferno, Irin Urassaya." Nam balança a cabeça negativamente enquanto cessa suas risadas.

As noites em Paet Riu são perigosamente atraentes.Onde histórias criam vida. Descubra agora