Capítulo 3 | Valentões |

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" Entre as sombras do passado e a luz incerta do futuro."

O despertador cortou o silêncio da manhã, arrancando-me dos meus sonhos e jogando-me de volta à realidade sufocante

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O despertador cortou o silêncio da manhã, arrancando-me dos meus sonhos e jogando-me de volta à realidade sufocante. Não estava com pressa de levantar. Na verdade, não estava com pressa de fazer nada. Desprendi-me dos lençóis, tentando ignorar a sensação de incômodo no estômago. Mais um dia para aguentar.

Na escola, tudo parecia sempre igual. Os corredores lotados, os olhares curiosos e as conversas sussurradas que eu não tinha paciência para ouvir. Para ser sincero, eu só queria passar despercebido. Mas parece que o universo não estava disposto a colaborar.

No intervalo, um grupo de idiotas decidiu fazer do meu dia ainda pior. Riam alto, provocando como sempre. Aparentemente, o alvo do dia era eu.

— O que foi, tá com medo de olhar? — um deles se aproximou, empurrando-me de leve, seu tom cheio de deboche.

Ignorei por um segundo. Só que não sou o tipo de cara que abaixa a cabeça. O primeiro soco foi dele, mas eu terminei a briga. Não importava o motivo, mas eu nunca deixava barato.

Quando o caos terminou, os corredores estavam vazios, e o gosto metálico do sangue me acompanhava enquanto saía da escola. O mundo continuava girando, mas na minha mente, só o silêncio ecoava. Caminhei para casa, carregando um peso que eu mesmo não conseguia explicar.

Foi quando a vi. Anne estava parada na esquina, me encarando com uma mistura de preocupação e curiosidade.

— Lucas, o que aconteceu? — sua voz soou suave, mas tudo em mim estava gritando.

— Nada. — Minha resposta foi curta, seca.

Ela não acreditou. Nunca acreditava. Tentou colocar a mão no meu ombro, mas eu me afastei um pouco, não estava afim de conversa.

— Você precisa falar com alguém — insistiu.

— E você não precisa cuidar da sua vida?

Ela respirou fundo, ignorando meu mau humor, e começou a caminhar ao meu lado. Às vezes, Anne simplesmente não sabia quando desistir. Mas havia algo na forma como ela ficava ali, mesmo sem falar muito, que me fazia suportar a presença dela.

Chegamos à minha casa ao entardecer. O céu alaranjado pintava as ruas, mas dentro da casa o clima era outro. Assim que entrei, Caio estava na cozinha. Ele sempre estava lá, como se vivesse preso naquela cadeira, observando tudo com um olhar de quem desaprova qualquer coisa que eu faça.

— Brigou de novo? — ele perguntou sem olhar, mas o tom era de julgamento.

Parei por um segundo, encarando-o. A pergunta nem era mais irritante. Era como um ritual. Ele sabia a resposta, e eu sabia que ele sabia.

— E se foi? — retruquei, sem fazer questão de esconder a raiva na voz.

Caio levantou os olhos do jornal que fingia ler. Era o olhar típico dele, uma mistura de decepção e cansaço. Como se eu fosse o problema, como se cada erro meu só provasse o quão falho eu era aos olhos dele.

— Não é assim que as coisas se resolvem, Lucas.

Revirei os olhos. As coisas nunca se resolviam. Nunca com ele. Tentei passar direto, mas sua voz me segurou no lugar.

— Não é assim que se vive, Lucas! — Caio ergueu a voz, uma faísca de frustração em seus olhos. — Sempre achando que é só partir para a briga! Você acha que isso vai resolver algo?

Senti a raiva crescer dentro de mim. Estava farto de suas lições de moral e de sua incapacidade de ver além de seus próprios problemas.

— E o que você sabe sobre isso? — gritei, minha voz ecoando na cozinha. — Sempre aí sentado, como se sua vida fosse um conto de fadas! Não sabe nada sobre o que eu passo!

Caio parecia surpreso, mas sua expressão endureceu. Ele se levantou da cadeira, a frustração visível em cada movimento.

— E você acha que gritar e brigar vai ajudar? Você não está ajudando a ninguém com isso, Lucas. Está apenas empurrando tudo para longe!

O choque em seus olhos parecia mais uma confirmação do que eu já sabia. A relação entre nós estava quebrada, e cada briga só fazia mais por reforçar o abismo que nos separava. Era como se estivéssemos em um jogo de empurra, cada um tentando se defender do outro.

— Eu não preciso de você me dizendo como viver minha vida! — eu gritei, minha voz se quebrando. — O que eu preciso é de alguém que não fique apenas assistindo de longe!

O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão. Caio não disse mais nada. Apenas me observou, a decepção estampada no rosto. Eu já tinha dito tudo o que precisava. Sabia que nada ia mudar, e estava cansado de tentar.

Passei direto para o quarto, sem olhar para trás. A sensação de vazio que me acompanhava era algo que eu conhecia bem. Era a mesma sensação que sentia quando olhava para o meu pai e via um homem que havia falhado em entender o filho que tinha à sua frente.


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