4.

865 137 61
                                    

Pov Maiara

Acordo com alguém abrindo as cortinas do meu quarto e eu vou abrindo meus olhos aos poucos, sem entender quem está atrapalhando meus sonhos. Vejo Tina abrindo as cortinas e as janelas, deixando o ar da manhã entrar no quarto.

Sento na cama e fico olhando os movimentos da mulher mais velha, sem ela ao menos perceber que eu já acordei.

- Bom dia, Tina - Falo chamando a sua atenção - Não precisa arrumar meu quarto, eu faço isso.

- Esse é o quarto da dona Luísa - Ela fala rindo e continua com as suas tarefas - Eu sempre arrumei.

- Esse é o quarto dela?

- É...

Abro a boca para responder mas não saí nada, principalmente porque eu achei que esse era o quarto de hóspedes. Por isso o quarto é tão cheio de coisas de valor, roupas caras, sapatos que eu teria que trabalhar uma vida para ter, joias e muito mais. Poucas vezes eu tive um quarto e nunca fiquei no quarto do meu comprador, nesse caso da minha compradora.

Vejo Tina saindo do quarto e minutos depois ela volta, colocando uma bandeija de café da manhã na minha cama, cheio de comidas, frutas e sucos.

- Eu posso descer - Nego com a cabeça - Não precisava ter trazido, de verdade.

- Dona Luísa que mandou, ela disse que você não pode fazer esforços.

- Ela mandou o café da manhã? Por que?

- Porque ela quer cuidar de você - Tina dá de ombros - Pessoas fazem isso.

Ela saí do quarto e eu me aproximo da bandeija de café da manhã, pela primeira vez em anos eu tenho acesso a tanta comida assim. Começo a comer devagar mas a minha mente não para de martelar e pensamentos vão me invadindo.

Olho para minha barriga e vejo o curativo que a loira fez no dia anterior, está até agora.

Não entendo do porquê ela está fazendo isso, do porque está me tratando assim. Não posso abaixar a guarda, ela não é uma pessoa boa, jamais uma pessoa boa estaria em um leilão de seres humanos que são maltratados, jamais uma pessoa boa compraria outra. Luísa não é uma pessoa boa e eu sei disso.

Assim que termino de comer, começo a ficar entediada por ficar nesse quarto e decido andar pela enorme fazenda, principalmente porque eu ouvi barulhos de cavalos e talvez se eu andar eu consiga encontrá-los.

Saio da cama e saio pelas portas dos fundos, caminhando pela enorme fazenda, vendo minhas poucas chances de fugir já que Luísa tem seguranças para todos os cantos.

Depois de andar por quase dez minutos, eu vejo o estábulo dos cavalos e depois de meses eu solto um sorriso verdadeiro, por amar animais. Vejo um cavalo preto lindo e eu me aproximo dele, passando minha mão pelo seu rosto, sorrindo por ele ser manso.

- Você é muito lindo - Falo alisando a sua cabeça - Muito mesmo.

Continuo alisando o animal, até que eu escuto uma voz alta, dando ordem em outro cavalo e quando me viro, vejo Luísa um pouco distante, cavalgando em um cavalo branco. Me perco na loira com roupa de hipismo preta, marcando bem seu corpo principalmente seus seios mas quando vejo o que eu estou pensando, afasto meus pensamentos imediatamente.

Me escondo quando vejo a loira se aproximando com o seu cavalo, na esperança dela não ter me visto. Luísa guarda o animal e fica na frente dele.

- Você parece melhor, senhora arrogante - Luísa fala ainda sem me olhar - A febre passou?

- Eu já disse que tenho nome - Falo ainda atrás do cavalo.

- Já... mas é fofo ver você irritada por causa do seu apelido.

O Leilão (Mailu)Onde histórias criam vida. Descubra agora