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Pov Maiara

- Maiara foi sequestrada, Marília - Maraisa grita do seu quarto - Ela mandava cartas pedindo socorro, pedindo ajuda por estar com a sua irmã.

- Elas estavam bem próximas - Marília grita de volta - Maiara não parecia estar a força com Luísa.

- Então me fala o motivo das cartas? Arranja uma explicação para o inexplicável?

As duas continuam discutindo e eu abraço as minhas pernas, chorando mais ainda por tudo que está acontecendo.

Não consigo tirar a imagem de Luísa assustada da minha mente, ela saindo correndo com medo, se tremendo por não saber o que está acontecendo, e o pior é saber que tudo isso é por um mal entendido e ela poderia estar aqui comigo agora. Eu deveria estar feliz por encontrar a minha família, mas não consigo me sentir assim, não consigo porque minha mente não saí de Luísa que deve estar precisando de apoio e não vai ter, porque eu estou aqui.

As duas continuam discutindo e eu escuto um choro alto do quarto do meu sobrinho e elas estão discutindo tanto que mal percebem que o filho delas acordou. Saio do meu quarto e vou até o do pequeno e assim que eu me aproximo do berço, Léo para de chorar e me olha por longos segundos.

- Oi...eu sou a tia Mai - Falo com a voz falha.

Léo é a cópia da minha cunhada, o nariz, rosto tudo, até a forma que ela me olhou da primeira vez com as sobrancelhas juntas.

- Eu também estava chorando - Sorrio fraco para ele - Podemos nos acalmar juntos...

Deixo um beijo na sua cabeça e abraço seu corpinho, deixando as lágrimas rolarem do meu rosto. Léo deita a cabeça no meu ombro e segura minha roupa com força.

Não era para eu estar conhecendo meu sobrinho assim, não era para ser um momento triste, nada disso era para ser um momento triste, não era para ser assim e eu me sinto péssima por isso estar acontecendo.

No momento que eu percebo que Léo está dormindo nos meus braços novamente, eu coloco ele no berço e deixo um beijo na sua cabeça.

- Ah...por isso ele parou de chorar - Marília fala entrando no quarto - Pode voltar a dormir, Maiara.

- Me leva até a Luísa - Peço me aproximando dela - Ela...ela não me fez mal, eu juro, ela só cuidou de mim o tempo inteiro, me leva até ela, por favor.

- Por que você mandou aquela carta? - A loira pergunta confusa - Por que disso aquilo?

- Aquilo foi no começo - Falo nervosa - Antes de conhecer o meu amor, antes de conhecer a Luísa que eu me apaixonei.

- Amanhã sua família vai vir te ver - Marília fala baixinho - Conversa com eles, eu vou tentar ligar para a minha irmã e...pedir desculpas por não conseguir protegê-la.

- Me leva até ela, por favor...

- Maiara, eu vou fazer o possível para trazer a Luísa, mas eu nosso te levar, Maraisa não iria deixar.

- Ela não precisa saber...

- Eu não posso arriscar o meu casamento.

- E o meu namoro ninguém se importa.

Passo por ela nervosa e vou até meu quarto, batendo com tanta força que eu vejo as janelas tremerem. Me deito na cama e começo a chorar novamente, nunca foi tão difícil deitar e não ter os braços de Luísa ao meu redor.

///

Acordo com o sol da manhã no meu rosto e eu Resmungo irritada por isso. Olho ao redor e vejo que não era um pesadelo, foi real, já que eu estou no quarto diferente do meu e da Luísa. Consigo ouvir conversas no andar de baixo e eu saio da cama, na esperança de chegar no andar de baixo e Luísa estar lá, mas assim que eu desço as escadas, vejo que é apenas Maraisa conversando no telefone.

Assim que minha gêmea me vê, ela desliga o celular e coloca em cima da bancada da cozinha.

- Bom dia, Mai - Ela fala com um sorriso fraco.

- Me leva até a Luísa - Falo novamente - Eu não quero ficar aqui.

Maraisa bufa irritada e passa por mim, me ignorando totalmente.

- Nossos pais estão vindo - Ela fala subindo as escadas - Você deveria pelo menos trocar essa roupa.

Vejo ela subindo a escada, me deixando plantada na sala da sua casa. Respiro fundo antes de subir para trocar de roupa e colocar algo melhor para receber meus pais. Tento de todas as formas ficar feliz, sorrir, não chorar, mas eu não consigo, porque eu fico a todo instante querendo saber aonde a loira está.

Abri a minha mala que a loira arrumou para mim e começo a chorar ao ver as roupas dela que ainda está aqui, ela foi embora e esqueceu de levar as suas coisas. Pego o moletom que ela sempre dormia e abraço o tecido, sentindo o cheiro da mulher que eu tanto amo.

Coloco seu moletom por cima da minha roupa e seguro o tecido com tanta força, pensando que é Luísa aqui, a única forma que eu tenho de me acalmar. No momento que eu desço para a sala, vejo meus pais entrando pela porta principal.

Os dois ao me ver, saiem correndo na minha direção e me abracam com força, agradecendo por mim estar bem. Fecho meus olhos e sinto esse carinho, como eu sentia falta deles.

- Eu estou bem - Falo para os dois e deixo um beijo na cabeça de cada um - Eu estou bem.

- Fizemos de tudo para te encontrar - Minha mãe começa a chorar e segura meu rosto - Pagamos para detetives, a polícia, tudo, ninguém te encontrava.

- Como você some dessa forma? - Meu pai nega me abraçando.

- Eu fui vendida, papai - Falo com a voz embargada - Fernando me vendeu.

Assim que meu pai me escuta, ele trava a sua mandíbula e eu vejo a raiva tomando conta do seu corpo.

- Papai...

- Fernando olhou nos meus olhos e disse que não tinha nada a ver com isso - Ele grita nervoso.

- Marco, não é o momento - Minha mãe fala quase em um sussuro.

Respiro fundo e sento no sofá, vendo meu pai se irritar e gritar aos sete ventos. Minha mãe se aproxima de mim e senta do meu lado, segurando as minhas mãos.

- Alguém... alguém tentou tocar em você, minha filha? - Minha mãe pergunta cuidadosa.

- Tentaram - Nego com a cabeça - Mas eu só tive relação com uma pessoa e...e foi porque eu quis.

- Quem?

- A mesma pessoa que comprou ela - Maraisa fala entrando na sala - Maiara se apaixonou por quem comprou ela.

- Luísa não é igual aqueles homens - Pontuo nervosa - Ela não me machucou em nenhum momento, tudo que fizemos foi porque eu quis e eu que pedi.

- Você não está pensando - Minha gêmea fala brava - Ela estava junto com aquelas pessoas ruins, Maiara.

Começo a me irritar por ela tratar Luísa como uma pessoa ruim, sendo que ela pode ter todos os seus defeitos, mas ser uma pessoa ruim não é um deles.

- Luísa me deixou ir embora, tá bom? - Grito com raiva - Ela me deu a chave e deixou eu ir embora.

- E por que você não foi? - Meu pai pergunta confuso - Por que não voltou para gente?

- Porque eu amo ela, eu...eu me apaixonei pela forma que ela cuidava de mim, pela forma que ela me dava espaço e respeitava meu tempo, porque foi a primeira vez que alguém me amou de verdade.

Quando falo tudo que está na minha mente, fica um silêncio péssimo na casa e abaixo a cabeça, tentando não chorar na frente de todos.

Escutamos passamos na escada e assim que eu levanto a cabeça, vejo minha cunhada me olhando.

- O que foi, Marília? - Pergunto confusa.

- Luísa bloqueou meu número, Mai - Marília fala angustiada - Ela não atende mais nenhum telefonema.

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