O Leilão (Mailu)

33.

Pov Luísa

- Luísa, se acalma - Marília pede me parando com as mãos - Você precisa respirar.

- Maiara está naquela sala - Falo nervosa - Deixa eu entrar.

- Os médicos estão examinando ela, se acalma.

- Eu posso ter perdido a minha filha, Marília - Grito afastando as suas mãos - Maiara nunca vai me perdoar se isso acontecer.

Minha irmã respira fundo, sem saber o que falar. Começo a andar de um lado para o outro, sentindo a falta de ar tomar conta do meu peito, minhas mãos estão dormentes, minha cabeça está latejando e eu sinto meu corpo gelado. As lágrimas descem marcando minha pele, a culpa, o medo, a ansiedade, todos juntos em um enorme misto de sentimentos, todos se juntando e deixando um enorme buraco no meu coração.

Tudo isso é culpa minha, não deveria ter me envolvido nessa história, não deveria ter ido atrás, deveria ter escutado a minha mulher, deveria ter esquecido essa história de uma vez. Tudo que eu deveria ter feito, eu não fiz e agora estamos aqui, devido a consequências das minhas atitudes.

Meu moletom está sujo pelo sangue da minha noiva, já que eu trouxe ela nos meus braços e antes mesmo de chegar ao hospital Maiara desmaiou totalmente, ficando totalmente branca. Assim que chegamos, os médicos tiraram ela dos meus braços e levaram ela para dentro.

- Acompanhante de Maiara Carla - O médico me chama.

- Sou eu, eu sou a noiva dela - Falo rapidamente - Ela está bem? Como ela está?

- Ela está estável, foi sedada para se acalmar, mas ela está bem - Ele explica devagar.

- E a minha filha? Maiara está grávida de dois meses, quase indo para o terceiro.

O médico respira fundo e lê a ficha de Maiara, especificamente aonde fala sobre a sua gravidez de risco, me deixando mais aflita ainda.

- Maiara perdeu muito sangue, foi um pequeno trauma - Não tinha como o feto sobreviver daquela forma, sentimos muito.

- Não...

- Sinto muito.

O mundo para por segundos e eu vejo tudo desabando, todos os meus sonhos se diluindo com a notícia do médico, tudo que planejavamos virando um breve presságio. Engulo o choro e a minha única reação é passar pelo médico e ir até o quarto da minha noiva o mais rápido possível, ver como ela está. No momento que entro no quarto, vejo Maiara deitada de lado, olhando para a janela, já com a roupa do hospital, em completo silêncio.

Ela não esboça emoção, seu olhar está vago, sem esperança, sem vida, uma realidade muito diferente do que eu estou acostumada, já que Maiara é a pessoa com mais vida que eu conheço.

Pego a cadeira e sento na sua frente. Tento segurar a sua mão, mas ela afasta rapidamente, sem deixar eu encostar nela.

- Eu sinto muito, Mai...

- Eu sonhava em ser mãe, eu...eu sonhei muito alto, mas a queda foi muito maior, está doendo muito - Maiara fala com a voz embargada - E junto com tudo isso...eu descubro que a minha noiva mente para mim. Então não, não está nada bem.

- Eu não menti - Falo tentando não chorar na sua frente - Eu fui atrás quando não estávamos juntas, depois que você engravidou eu par-

- Eu não consigo acreditar mais em você, Luísa - Ela fala irritada - Eu não confio mais em você.

- Me perdoa...

Tento encostar nela e mesmo que Maiara esteja com a mão com os medicamentos na veia, ela segura a minha mão e afasta, sem deixar eu tocá-la.