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Pov Maiara

- Mai, a janta já foi servida - Maraisa fala na porta do meu quarto - Você está a quase um dia nesse quarto sem comer nada.

- Eu não estou com fome.

- Você precisa comer algo, irmã.

- E eu já disse quero ficar sozinha - Falo irritada - Qual o problema de vocês com isso?

Minha irmã fica parada na porta por alguns segundos, antes de soltar uma respiração pesada e sair do quarto, me deixando sozinha. Cubro mais o meu corpo e respiro fundo, sentindo meu corpo inteiro doer.

Parece que carregar uma vida comigo me motivava a continuar lutando e continuar tentando, porque independente do que acontecesse, mas agora eu me sinto cansada, sem vida, enquanto vejo todos os meus sonhos irem embora e eu ficando sem nada, somente a dor e a tristeza como companhia.

Fecho meus olhos na esperança de acordar desse pesadelo e nem quando tento dormir a minha mente descansa, o que é péssimo. Escuto alguém batendo na porta e a pessoa abre, mas eu não faço questão de me virar para ver quem é.

- Maiara, sou eu - Dona Ruth fala tentando me chamar - Podemos conversar?

Não respondo, eu já tinha conversado com a minha sogra antes, mas nada muito grande. A senhora mais velha se aproxima de mim e senta minha frente, tirando a coberta do meu rosto.

- Sei que você está magoada com a minha filha - Ela fala baixinho - Mas você não acha que nesse momento vocês precisam de uma a outra?

- Eu não consigo olhar para ela agora - Nego com a cabeça - Não depois de perder a minha filha, de perder tudo que eu tinha, eu sinto como se agora eu não tivesse nada...

- Eu sei que deve estar doendo a sua perda, não deve estar sendo fácil, e entendo a sua raiva contra Luísa, mas sei que ela só queria te proteger.

- Ela fez o contrário, mentiu, escondeu da noiva dela, ou ex noiva dela - Falo com a voz embargada - Eu nem sei mais.

- Tenho certeza que foi tentando te proteger, Luísa sempre foi assim, desde de pequena ela se coloca em uma posição que não é dela - Dona Ruth fala nostálgica - Ela te contou sobre o dia que ela quebrou o braço andando de bicicleta com a Marília?

- Não...

- Uma vez as duas saíram para andar de bicicleta na rua de casa - Ela fala com um sorriso fraco no rosto - Luísa tinha oito e Marília nove anos de idade, então elas foram super animadas andar de bicicleta, só tinha um detalhe, Luísa sabia andar e Marília não, mas mesmo assim elas foram juntas.

- O que aconteceu?

- Quando as duas estavam andando juntas, Marília estava sentada na parte da frente e Luísa pilotando, até que um carro passou com pressa por ela e Luísa acabou desequilibrando e para Marília não bater a cabeça no chão, ela colocou o braço para diminuir o impacto da irmã, quebrando o bracinho dela na época.

- Ela se machucou para não deixar a Marília bater a cabeça...

- Sim, ela preferiu se machucar para não ver a irmã dela machucada - Dona Ruth explica alisando o meu braço - Luísa é impulsiva, ela é cabeça quente, impaciente, as vezes teimosa demais, mas ela te ama e só queria te proteger, eu não tenho duvidas nisso.

Não respondo, apenas continuo passando na minha mente essa história que foi me contatada e eu começo a ligar os pontos do nosso passado, toda vez que ela fazia algo que ela não queria para me ver feliz, ou em situações que ela se colocou na frente para eu não me machucar.

- Eu amo ela - Falo com a voz embargada - Mais do que absolutamente tudo, mas está doendo muito.

- As vezes vocês precisam se curar juntas, Maiara...

- Você acha?

- Acho...

Concordo com a cabeça e limpo minhas lágrimas e meus olhos passam pela cama que eu estou dormindo e eu sinto falta da minha loira. Dona Ruth deixa um beijo na minha testa e sai do quarto e pela primeira vez em dias, eu sinto meu coração calmo, sem a ansiedade que eu estava passando e também pela primeira vez, eu consigo deitar e dormir.

///

Acordo com alguém batendo na porta devagar e eu nem me preocupo em me levantar, apenas espero a pessoa ir embora. Fecho meus olhos e cubro meu corpo até a minha cabeça, querendo ignorar que tem alguém querendo falar comigo.

- Eu não quero ver ninguém - Falo irritada.

- Mai, sou eu - Escuto uma voz familiar - Deixa eu...eu ver você, por favor.

Não respondo e me sento na cama, sem saber o que fazer, já que eu não esperava ver a loira tão cedo. Abraço as minhas pernas e fico em completo silêncio, mas sei que Luísa ainda está do lado de fora, conheço a sua insistência e consigo ouvir o barulho dos seus pés batendo freneticamente no chão.

- Eu só trouxe uma coisa para você, amor - Ela tenta chamar a minha atenção.

- Você atravessou a cidade para trazer algo para mim?

- Eu só...só quero ver você.

Respiro fundo e vejo ela abrindo a porta devagar. A loira entra no quarto e meus olhos passam pelo seu corpo, ela está vestindo uma camiseta branca de manga longa e uma calça larga bege, e eu percebo que ela ainda está com a nossa aliança, assim como eu. Luísa coloca coisas em cima da penteadeira e eu não entendo o que é.

- O que é isso, Luísa?

- É um bolo de chocolate - Luísa fala arrumando os morangos do bolo - E o meu moletom.

- Para que tudo isso?

- Você que me ensinou a fazer o bolo e eu...eu queria fazer para você - Ela sorri para mim e estende o moletom - E você sempre gostou desse moletom para dormir...

Pego o moletom das suas mãos e me encolho mais na cama, abraçada com as minhas pernas. Luísa se aproxima devagar e senta na minha frente, procurando meus olhos.

- Sei que você não me quer por perto - Minha noiva fala cabisbaixa - Mas eu te amo, mais do que qualquer pessoa no mundo inteiro, mais do que qualquer coisa, mais do que tudo.

Não respondo, só abaixo a minha cabeça, enquanto as lágrimas já descem pelo meu rosto. E mesmo brava, eu só queria me jogar nos seus braços, chorar por longas horas, mas eu perdi minha bebê na sua insistência no errado, pela sua maldita insistência, mas isso não muda o fato que meu coração é totalmente dela.

Luísa pega a minha mão e deixa um beijo na nossa aliança e quando ela se aproxima mais de mim, o seu celular toca e ela solta a minha mão.

- Eu preciso ir... - Ela fala baixinho - Eu posso voltar e...e ficar com você?

- Seu horário é mais tarde - Falo confusa - Para aonde você vai?

Vejo ela respirando fundo antes de responder, como se preocupasse coragem para falar.

- Eu sei que você não quer que eu vou atrás, mas eu preciso ir - Ela sorri fraco e levanta a cabeça para olhar nós meus olhos - Eu preciso garantir que você esteja bem.

- Perdemos a nossa filha com isso, Luísa - Falo com a voz embargada - Estamos quase nos perdendo, por que você não desiste disso?

- Porque tem muita coisa envolvida e eu...Eu te amo tanto que é como se meu coração estivesse com você o tempo inteiro - Luísa fala de uma vez - E mesmo que você queira terminar tudo, eu pelo menos vou ter a garantia que você está bem, mesmo que longe.

- Não faz isso... - Peço quase em um sussuro.

A loira deixa um beijo na minha cabeça e levanta da cama, antes de ir até a porta do quarto.

- Você é a minha vida, Maiara - Luísa fala antes de sair - E eu dou a minha vida por você.

Luísa saí do quarto, me deixando sozinha no quarto, e eu sinto um sentimento como se não devesse deixar ela sair, o que começa uma crise de choro, por esse maldito sentimento ruim de ver ela saindo, sem eu amo menos saber para aonde ela vai.

Até que eu vejo que ela deixou o celular em cima da minha cômoda e eu decido ir ver, até que eu abro as mensagens que ela estava trcando com Bruno, dizendo o que os dois vão fazer e eu entendo tudo.

- Não, Luísa...

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