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Pov Luísa

" - Você disse que ela é louca e estranha, eu só estou te protegendo desse monstro - Maraisa grita me empurrando para longe - Você tirou minha irmã de mim, da nossa família.

- Você disse isso sobre mim? - Pergunto assustada.

- Sim, ma- Maiara começa a falar.

- Saí da minha casa agora - Maraisa manda a última vez - Antes que eu chame a polícia."

As lágrimas continuam descendo dos meus olhos e eu abraço o travesseiro que era da ruiva com força, chorando compulsivamente que chega a doer meu peito. Minha cabeça está latejando, tudo está doendo e eu me sinto uma idiota por ter ido até aquela casa.

Saber que Maiara escrevia cartas para a sua irmã sobre mim, dizendo coisas horríveis a meu respeito me machuca completamente, como se todo meu esforço para mostrar a ela que eu mudei não adiantou de absolutamente nada. Cada vez que eu penso sobre isso, mais as minhas lágrimas começam a rolar pelos meus olhos e mais eu me canso de chorar, como se fosse um ciclo vicioso.

Escuto a campainha tocando e nem me preocupo em ir atender, estou sem vontade alguma de fazer qualquer coisa. Cubro meu corpo completamente e escuto passos no corredor, até que alguém bate na porta do meu quarto.

- Não quero conversar com ninguém - Falo alto - Vai embora agora.

- Luísa, sou eu - Larissa fala abrindo a porta - Tina deixou eu entrar.

- Não quero você aqui.

Larrisa me ignora e acende a luz do quarto, me irritando mais ainda. Ela dá a volta na minha cama e senta na minha frente, me olhando preocupada.

- Tina disse que você não está bem - Ela fala tirando a coberta do meu rosto - O que você tem?

- Não quero a sua ajuda.

- O que aconteceu?

- Eu já disse que quero você fora.

Larissa não mexe um músculo, apenas leva as mãos para o meu rosto e vê que eu estou com febre.

- Vi que a ruiva não está mais aqui - A morena fala baixinho - Por isso você está aqui?

- Maiara foi embora - Falo olhando para frente - Agora vai embora.

- Vocês tinham alguma coisa?

- Vai embora.

- Tinham, não tinham?

Reviro meus olhos e sento na cama, passando as mãos pelo meu rosto e tentando tirar todo essas lágrimas da minha pele.

- O que tínhamos não era recíproco - Dou de ombros e continuo cabisbaixa - Nem sei se ela me considerava alguma coisa para falar a verdade.

- Maiara era uma serva, Luísa, ela não iria criar sentimentos por você e se em algum momento ela se envolveu com você, foi só para tentar tirar privilégios disso.

- Não é verdade...

- Então cadê ela agora?

Fico olhando para a morena e o que ela fala faz sentido, Maiara não está aqui e provavelmente nunca me amou da forma que eu amava ela, não na mesma intensidade e não do mesmo jeito. E novamente ao pensar nisso, o choro saí e mesmo não querendo mostrar meu lado frágil para a morena, eu não consigo controlar.

- Eu estou aqui - Ela fala me abraçando - Está tudo bem.

- Por que ela disse coisas tão horríveis sobre mim? - Pergunto com a voz embargada - Por que ela fez aquilo?

- Porque ela não te amava, meu amor...

Larissa levanta a coberta e senta do meu lado e eu me deito sobre os seus braços, sentindo as suas carícias na minha cabeça.

Naquele maldito momento eu me senti humilhada e rejeitada, assim como eu me senti anos atrás com o eu pai, assim como ela me humilhou quando eu era mais nova ao me expulsar de casa. Parece que todos os sentimentos que eu ignorava estão voltando e se misturando com os atuais, me deixando totalmente vulnerável.

- Lembra quando você foi expulsa de casa e eu te convidei para morar comigo? - Larissa pergunta baixinho e eu concordo com a cabeça - Eu estive com você naqueles momentos ruins e eu vou continuar com você agora, independente do que aconteceu.

- Me desculpa por ter te tratado mal - Falo soluçando - Me desculpa.

Larissa deixa um beijo molhado na minha bochecha e me abraça com força, deitando sua cabeça na minha, alisando meus braços por baixo da coberta.

- Eu sempre te amei - Ela fala baixinho - Vou continuar te amando independente do que aconteça, não sou igual aquela mulher.

Concordo com a cabeça e vou me acalmando nos braços, desejando que quando eu fechar os olhos tudo isso não vai passar de um pesadelo, desejando que nada disso está acontecendo, desejando que eu nunca conheci Maiara, que eu nunca me envolvia com ela e que nunca tive meu coração quebrado. Ela conseguiu fazer o que ninguém fez, conseguiu me machucar mais do que o meu pai quando me expulsou de casa, conseguiu deixar uma marca profunda em mim.

Engulo o choro e sinto Larissa me cobrindo e fazendo um carinho na minha cabeça, até eu adormecer nos seus braços.

///

" - Eu só...quero pedir desculpas, eu não quis me aproveitar da situação - Falo envergonhada - Eu sint-

- Isso é tudo culpa sua, você que me beijou e agora me deixou confusa.

- O quê?

- Eu não queria estar criando sentimentos por você e agora eu estou, tudo isso é culpa sua.

- Você está criando sentimentos por mim?

- Eu estou apaixonada por você e tudo isso é culpa sua.

- O quê?

- Quer saber? Eu não gosto mais de você.

- Eu também sou apaixonada por você. Eu não...não sei como isso aconteceu."

Acordo asustada e vejo que meu travesseiro está molhado, novamente sonhei com nossos momentos.

- Não posso ficar nessa melancolia para sempre - Resmungo passando as mãos pelo meu rosto.

Levanto da cama e desço as escadas, para comer algo e ver se eu me animo. Passo pela sala de jantar e quando estou indo para a cozinha, escuto meu celular tocando nessa direção e eu ando mais rápido para atender, mas quando eu entro no cômodo, encontro Larissa com meu celular em mãos.

- Por que você está com meu celular? - Pergunto confusa - Quem estava ligando?

- Era do trabalho - Ela nega rapidamente - Achei que você estava dormindo, por isso eu desliguei.

- Quando for do trabalho não desliga - Falo como se fosse óbvio e pego meu celular das suas mãos - Pode ser importante.

Ligo meu celular e vejo que ela apagou o número que estava me ligando, me deixando totalmente confusa pela sua ação.

- Por que você apagou o número, Larissa?

- Eu apaguei em querer.

- Não pega meu celular - Falo totalmente brava - Não é para fazer isso.

Larissa solta um estalo com a lingua e se aproxima de mim, segurando meu rosto e ela tenta aproximar sua boca da minha mas eu rapidamente afasto.

- Luísa...

- Não quero ter nada com ninguém - Nego afastando ela pelos ombros - Achei que você estava aqui como minha amiga.

- Desculpa...eu estou, eu só...sinto falta da sua boca na minha.

- Eu não quero ter nada com ninguém por agora.

- Eu espero então...

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