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Pov Maiara

- Eu já disse tudo que eu sei - Falo irritada - O que vocês querem de mim?

- Precisamos de mais informações, senhorita - O policial explica - Para conseguir achar esse leilão e prender quem está por trás disso.

- Eu já disse tudo que eu sei.

- Você sabe pelo menos o nome de quem te comprou? - Minha mãe pergunta segurando a minha mão.

- Eu fui comprada sete vezes, sete pessoas que me odiavam por não conseguir me controlar - Respondo novamente - Até...até eu chegar na Luísa.

Os policiais continuam anotando a minha versão da história, parecendo que não acreditam muito em mim mas honestamente eu não me importo, só quero sair dessa sala e me isolar no meu quarto.

Em uma semana aqui me proibiram de sair, me proibiram de ir atrás da Luísa, dizendo que é para o meu bem mas cada vez que me afastam dela, mas triste e desanimada eu fico, por não saber como a loira está, se está bem, se não, e ainda carregando a culpa de ter magoado seu coração.

- Eu posso ir agora? - Pergunto levantando do sofá - Quero ir para o meu quarto.

Eles concordam com a cabeça e subo as escadas, mas quando estou no corredor para ir até meu quarto, passo na frente do quarto do meu sobrinho e escuto seus resmungos e eu rapidamente entendo que ele está acordando.

- Bom dia, Léo - Falo me aproximando do berço - Quer ir assaltar a cozinha comigo?

Léo me olha por longos segundos e depois ele senta no berço, esticando os bracinhos para mim, como se entendesse o que eu estou falando.

- A gente vai ter que passar em silêncio - Falo baixinho - Para ninguém ver a gente, tá bom?

Meu sobrinho deita a cabeça no meu ombro e eu desço as escadas devagar, andando em passos lentos até a cozinha. Abro a geladeira e pego biscoitos dentro da geladeira e uvas verdes para o Léo, assim que pego as comidas, vou para a área aberta e sento com ele no grande gramado. Dou a uva para ele e como os biscoitos de chocolate.

Mesmo magoada com a minha irmã, triste por estar aqui e longe da pessoa que eu amo, Léo arranca um pouco dessa tristeza e alivia meu coração da angústia. O pequeno é a mistura perfeita entre Marília e a minha irmã, o que me deixa pensativa em como seria meu filho com Luísa, já que esse era um dos meus planos quando estávamos juntas, antes desse caos todo acontecer.

- Você se isolar de todos não é saudável, Maiara - Maraisa fala se aproximando de mim - Mesmo que seja com meu filho.

- Léo é o único que me escuta - Resmungo sem olhar para os seus olhos.

- Estamos te protegendo.

- Deveria me proteger de você.

Minha irmã respira fundo e se aproxima mais de mos dois, sentando na nossa frente e Léo sorri para a sua mãe, engatinhando com dificuldade até ela.

- A polícia conseguiu prender o Fernando, conseguimos provas e o seu depoimento ajuda muito - Maraisa fala cabisbaixa - Estamos fazendo de tudo para você ficar salva.

- Fizeram tantas coisas e não ouviram meu único pedido.

- Maiara, talvez você não tenha se apaixonado, só precisava de alguém para se sentir protegida.

- Não, não começa - Nego totalmente nervosa - Eu odiava ela no começo, tentei fugir, xinguei, gritei, mas sabe o que ela fez? Ela cuidou de mim, mesmo comigo odiando ela com toda a minha força e nesses meses com ela eu...eu vivi tanta coisa, eu fiz coisas que eu nunca me imaginei, eu...eu consegui me entregar para ela e ela foi tão cuidadosa comigo que eu...eu vi que nunca mereci alguém assim.

E novamente, só de falar de Luísa, as lágrimas voltam a descer dos meus olhos e eu abaixo só cabeça para não chorar.

- Mai...

- Eu que beijei ela pela primeira vez e ela pediu desculpas depois, porque achou que tinha passado dos limites comigo, nunca contei que eu queria aquilo a muito tempo.

- Você que beijou ela?

- Eu que beijei ela, eu que pedi para ter a nossa primeira vez, eu que...disse que amava primeiro, fui eu, eu quis e quero ela o tempo inteiro e você me tirou isso.

Limpo minhas lágrimas e levanto do chão, para voltar até o meu quarto e me isolar de todos assim como eu estou fazendo o dia inteiro. Subo as escadas correndo e me tranco no quarto.

" - Você está chateada comigo?

- Por que eu estaria?

- Não faz assim...

- Eu sei que você vai ir embora quando achar a sua família, Maiara - Ela dá de ombros - Mas não se preocupa, eu vou te ajudar de qualquer forma.

- Eu não disse que eu vou embora.

- O quê?

- Eu sinto falta da minha família - Falo com a voz embargada - Mas você...você está...está matando um pouco dessa saudade.

- Mai-

- Eu sei que...não sou fácil - Tento continuar falando - Mas eu...eu...talvez...talvez eu goste mais de você do que o normal.

Luísa fica me encarando por alguns segundos, até que ela se aproxima de mim e abraça meu corpo, fazendo eu respirar aliviada com isso.

- Desculpa ter te deixado chateada.

- Está tudo bem..."

Eu prometi que nunca deixaria ela longe, mas não consegui cumprir, prometi que nunca ia soltar a sua mão e agora eu soltei, tudo porque minha família sente culpa não ter me protegido antes e querem fazer isso agora.

As lágrimas das lembranças começam a descer e eu abraço o coberto, chorando até dormir.

///

- Você não quer esse? - Pergunto com o controle apontado para a televisão - Você não gostou desse?

Léo resmunga como se estivesse irritado e continua me olhando, mostrando sua insatisfação com o desenho.

- Você é igual a sua mãe Maraisa, sabia? Ela reclama igual a você.

Continuo procurando algum desenho para o pequeno, até que eu coloco um e ele começa a bater as perninhas e os bracinhos, mostrando que é esse mesmo que ele quer. Deixo o desenho passando e abraço seu corpinho novamente, sentindo seu cheiro que me acalma.

- Oi, Mai - Marília fala entrando na sala com a sua esposa - Podemos conversar?

- Não - Respondo sem olhar para as duas.

- É sobre a Luísa, irmã.

Assim que elas citam o nome da loira, eu sento no sofá e presto atenção no que elas têm para dizer sobre Luísa.

- O que tem ela? - Pergunto rapidamente - Ela está bem? Está vindo para cá?

- Não conseguimos falar com ela, Mai - Marília explica sentando na minha frente.

- Então o que você tem para falar sobre ela? Pelo menos conseguiram noticias da minha namorada?

Maraisa respira fundo e se aproxima mais, parando do meu lado com os braços cruzados.

- Vamos te levar até ela - Minha irmã fala de uma vez - Nós três vamos também, não vamos te deixar sozinha.

- Vocês vão me levar até a Luísa? - Pergunto ainda sem acreditar.

- Vamos, Mai...

O Leilão (Mailu)Onde histórias criam vida. Descubra agora