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{Duas semanas depois...}

Pov Luísa

- Podemos sair para algum restaurante hoje - Larissa fala sentando do meu lado - O que você acha?

- Não estou com vontade de sair, Larissa - Falo afastando a minha cadeira.

- Só acho que você ficar enfiada nessa casa todos os dias não te faz bem.

Respiro fundo e me levanto do seu lado, indo para a outra extremidade da mesa, tentando ter pelo menos um tomar meu café da manhã sem essa sua faladeira por um dia, já que desde que Maiara foi embora Larissa praticamente se instalou na minha casa e fica aqui todos os dias. Não questiono, eu tinha me apago tanto na ruiva que descobri que eu desaprendi a ficar sozinha, então querendo ou não, a morena tira um pouco da minha tristeza.

- Hoje você vai trabalhar, Lu?

" - Não estou achando nenhum filme - Resmungo baixinho - Pode ser série?

- Pode, Lu...

- "Lu"? - Pergunto rindo  - Esse é meu apelido agora?

- É bonito..."

Fico olhando para Larissa, enquanto lembro até do apelido carinhoso que a ruiva tinha para mim e só de relembrar um momento que já passou, eu fico irritada por ter me entregado tão fácil para a ruiva.

- Não me chama de "Lu" - Mando irritada - Não gosto que me chamem assim.

- Tudo bem...

Olho para o meu relógio e vejo que já está na hora de mim ir para o trabalho. Levanto da mesa e levo meu prato até a pia, mas quando me viro, a morena me preciona contra a pia.

- O que foi? - Pergunto confusa - Eu preciso ir.

- Você pode atrasar uns minutinhos - Ela fala juntando nossos lábios - Antes de você ir.

Ela abre os botões da minha camiseta e leva sua mão para o meu seio, enquanto pede permissão para começar um beijo e mesmo eu resistindo, eu acabo cedendo ao beijo. Começa um duelo no meio do beijo e eu subo minhas mãos para o seu pescoço, arranhando com as unhas, tentando trazer ela mais para perto.

E por segundos, eu esqueço que não é Maiara aqui e eu me imagino beijando a minha ruiva, sentindo o gosto da sua boca, suas curvas nas minhas mãos, seu gosto suave e perfeito, até que eu acordo desse transe.

- Não, não dá - Nego quebrando o beijo - Não consigo.

- Eu sentia falta de te beijar - Ela fala apertando meu seio - Dorme comigo no meu apartamento hoje.

- Eu não sei que horas eu vou chegar do serviço - Falo fechando os botões da minha camiseta - E não sei se é uma boa ideia a gente se envolver novamente.

- Não precisamos ter um rótulo, meu amor...

- Não me chama assim.

Larissa revira os olhos e segura meu rosto entre as suas mãos, descendo seus olhos para a minha boca e ela deixa um selinho longo nos meus lábios.

- Larissa...

- Seu beijo de tchau, Luísa...

Ela deixa outro beijo na minha bochecha e travo por completo, sem saber o que fazer, depois de alguns segundos eu apenas pego minha bolsa em cima do sofá e saio da minha casa rápida, indo até o meu carro para ir até o meu trabalho.

Na estrada até o meu serviço, eu vejo um brinco caído no banco do passageiro e eu pego para ver de quem é, e só de ver a joia, eu já reconheço como o brinco de Maiara.

" - Vai dar certo, meu amor - Maiara fala baixinho - Eu estou aqui.

- Não solta a minha mão - Peço com a voz embargada.

- Não vou..."

Ela já tinha soltado a minha mão até quando eu achei que ela estava segurando.

Abro a janela do carro e jogo o brinco fora, não faz sentido guardar absolutamente nada dela. Parece que com o passar dos dias fica mais difícil, mais doloroso e eu fico esperando a fase que essa angústia vai passar, a fase que fica tudo bem, mais parece que quanto mais o tempo passa, mais essa fase demora para passar.

No momento que eu chego na minha empresa, deixo meu carro no estacionamento e vou para o elevador para subir até o meu andar, até que eu sinto um vulto atrás de mim e eu me viro, não encontrando nada.

Viro novamente e escuto passos, até que eu sinto alguém me olhando e eu aperto o botão várias e várias vezes, na esperança de ir mais rápido. Até que eu sinto uma mão no meu ombro e a minha única pessoa é virar rapidamente e acertar um soco no rosto do homem.

Assim que eu vejo que ele cai no chão, eu tento sair correndo, mas o homem levanta e segura meus ombros.

- Me solta agora - Falo quase em um grito e tento me soltar das mãos do homem.

- Calma, calma, por favor - Ele pede me soltando devagar - Eu não vou te machucar.

- Quem é você? - Pergunto assustada e me afasto - Por que está me seguindo.

- Eu...eu que mandei a carta - Ele explica devagar - Meu nome é Bruno, eu...eu estive preso no leilão, eu sei o que acontece lá dentro.

- O quê?

- Eu...eu fugi anos atrás, eu fugi quando faltava poucas pessoas para me leiloar.

- Como você fugiu?

- Minhas amarrações estavam frouxas e eu consegui tirar e correr para longe.

Abro a boca para responder mas não consigo responder, apenas fico olhando totalmente incrédula para o rapaz.

- Como eu sei que você está falando a verdade? - Pergunto apreensiva - Eu não confio em você.

Bruno respira fundo e levanta sua camiseta, mostrando as marcas dos maus tratos que ele sofreu, provavelmente por anos.

- Meu Deus... - Falo quase em um sussuro - Eu sinto muito.

- Eu estava procurando provas quando te espancaram - Bruno fala devagar e vai se aproximando de mim - Eu não poderia te ajudar porque era capaz de levar nos dois.

- Provas?

- Para acabar com esse maldito leilão que todos os anos escravizam milhares de pessoas. Eu te encontrei, para trabalharmos juntos.

"
- Mai...não faz assim - Peço segurando no seu braço - Por favor.

- Você não me escuta - Ela puxa seu braço nervosa e eu percebo sua voz embargada - Luísa, eles são ruins, cruéis, eu tive sorte de nenhum me matar, mas várias mulheres morreram por tentar fugir, imagina se descobrirem que você está investigando.

- Eu vou tomar cuidado, eu prome-

- Se você for a gente termina - Maiara fala de uma vez - Eu estou implorando, para você ficar, para deixar outra pessoa resolver isso, mas você não escuta."

Bruno fica esperando uma resposta e eu lembro que prometi para Maiara que não iria investigar e não iria me colocar em risco, até que eu também lembro que ela prometeu que iria ficar comigo e não iria soltar a minha mão e como ela quebrou uma promessa no passado, eu não vou ter problema de quebrar essa promessa no presente.

- O que você acha? - Bruno pergunta novamente.

- Vamos investigar isso...

O Leilão (Mailu)Onde histórias criam vida. Descubra agora