Bahrein - Março de 2022
Passava da meia noite quando Daniel me grudou em seu braço e me levou até a porta de uma mansão que assim que foi aberta fomos recebidos por uma mulher alta, loira de olhos verdes vestindo apenas um corselet de renda preto, meias três quartos e um sapato de salto em um ambiente muito bem decorado, havia uma música ambiente tocando e pessoas jogando pôquer em uma mesa.
Daniel tinha resolvido me animar por tudo que aconteceu mais cedo e gastar o dinheiro que ele ganhou com a minha briga e me levou em uma das festas que ele sempre ia e eu descontei toda minha raiva e tristeza na bebida e já estava mais do que alegre.
-Sabe, também sei dançar como elas... - era papo de bêbado, mas Daniel achou engraçado.
-Ah é?- Daniel arqueou a sobrancelha, fazendo com que eu começasse a rir. - Então por que não sobe?
-Disse que sei, não que quero fazer isso. - falei rindo
-Ah sim, você não seria capaz mesmo... - ele deu de ombros e eu o olhei.
-Acha que não? - sussurrei perto dele. - Sou muito melhor que elas.
- Segura minha bebida. - sorri e dei um beijo na bochecha dele entregando meu copo.
Subi os dois degraus do palco e virei de costas para as pessoas que assistiam ao show. Que quando me viram logo prestaram atenção em mim que rebolava no som da música. Victor sorria e ao me ver desamarrando o cinto e o jogando no chão, no mesmo momento em que virei para frente, ele começou a sorrir abobado.
As pessoas começaram a gritar e a bater palmas e eu sorria. Toquei o zíper do vestido, na lateral dele e abaixei deixando o vestido cair no chão. Os gritos e palmas me encorajaram a continuar.
-Quem é essa? - um homem perguntou para Daniel.
-Não faço ideia. - Daniel sorriu e continuou olhando para mim enquanto bebia sua taça de champanhe.
Continuei dançando no ritmo do som e sorri rodopiando, no meio das outras dançarinas. Quando a música acabou começou uma gritaria e vi as pessoas correndo e apavoradas quando Daniel me puxou pela mão e me obrigou a correr, ele entrava pelos corredores da mansão e eu o seguia sendo puxada por ele. De repente, ele parou dentro de uma sala escura.
-Será que você algum dia vai conseguir parar de se meter em encrenca? - falei rindo sendo acompanhada por ele. -E ainda me jogar dentro das suas...
-Vamos correr até a parte de trás, que é uma praia, entendeu? - ele falou e abriu a porta logo em frente que nem eu tinha visto. - Não vai acontecer nada com a gente.
Os barulhos começaram a ficar mais perto e ele arrancou me puxando pela mão. Eu lutava para correr atrás dele com aquele salto enorme e desse modo atravessamos o jardim que tinha uma enorme piscina e descemos uma escada, para logo depois chegar até a praia.
Quando a areia afundou meu salto eu mandei tudo ao inferno e fiquei descalça. Daniel não esperou que eu pegasse o sapato do chão e continuou a me puxar, fazendo com que eu corresse descalça por aquela areia fria. O ar já estava faltando e ele não parava de correr, foi quando eu olhei para trás e não vi ninguém.
Puxei Daniel e ele tropeçou me levando para a areia junto. Foi apenas nesse momento, que eu me dei conta, que estava de lingerie no meio de uma praia com Daniel que começava a rir.
-Diz a verdade, já fez algo tão divertido na sua vida? - Daniel falou
-Claro, sempre foi o meu sonho de infância entrar nas suas festinhas e correr da polícia de lingerie! - revirei os olhos - Eu quero ir embora.
-Não dá. - ele sentou na areia e eu o fuzilei pelo olhar -Tem que esperar todos saírem de lá e eu poder pegar meu carro.
Me encolhi com frio por causa da baixa temperatura e ele me deu ofereceu o blazer me fazendo levantar para vestir a peça.
-Sabe o que eu mais odeio nisso tudo? - comecei a falar irritada. - Que além de ter perdido meu vestido e meu sapato, não ter como sair daqui.
Peguei areia e joguei em cima de Daniel com um sorriso enorme no rosto e me joguei ma areia começando a rola nela sujando todo o terno dele.
-Para de fazer isso - Ele foi para cima de mim tentando me segurar enquanto eu dava gargalhadas altas e rolava ma praia - É um Armani
Ele me levantou do chão e começou a bater as mãos na peça para tirar a areia que tinha e eu só conseguia rir mais e mais.
-Para de rir Lia - ele falou e eu olhei para ele - Eu gosto desse terno.
-Estou morrendo de fome. - falei enquanto ele ainda tentava limpar a roupa.
-Acho que deve ter algum restaurante aberto por aqui. - ele disse caminhando enquanto eu o seguia para subir a calçada e atravessavam a rua.
Olhei para frente e logo mais adiante, tinha uma boate onde as luzes estavam acesas e algumas pessoas entravam e saiam e eu quase morri de felicidade quando vi um pouco mais a frente, uma barraca de comida me fazendo puxar Daniel ate lá.
-Oi boa noite - falei sorrindo para o senhor que vendia o lanche - Vou querer dois lanches e dois refris.
O senhor concordou com a cabeça e começou a preparar os lanches, olhei ao redor e Daniel estava sentado na calçada olhando para mim. O senhor me entregou os lanches e eu peguei a carteira dele que estava no terno e paguei caminhando até meu amigo.
-Toma. - entreguei um para ele que negou com a cabeça sorrindo.
- Se eu ficar com dor de barriga foi porque você pagou o lanche - ele gargalhou e segurou o lanche.
-Eu paguei com seu dinheiro - dei de ombros e logo depois cair na gargalhada.
Sentei na calçada ao lado dele e comecei a comer meu lanche e olhei para ele que já estava quase acabando o dele.
-Isso está delicioso - ele continuou a comer e eu ri da cena.
Após terminar de comer levantou e foi buscar outro na barraca, o que fez com que eu risse mais ainda. Ele voltou com um lanche coberto por ketchup e com o rosto um pouco sujo do molho.
-Você está parecendo a Aurora comendo - falei limpando o rosto dele com os dedos. - Eu te trago comida boa e você só enfia em confusão.
Ele olhou para mim e deu de ombros enquanto eu ria e olhava para para aquele louco que me fazia esquecer todas as tristezas da minha vida.
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DRIVE
FanfictionA perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais... Quando se perde muito, as pequenas coisas se tornam essenciais.