NASCE UMA AMIZADE

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A amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o que se pensa nem medir o que se diz.
— George Eliot.







TOBBY KARSON





No dia seguinte, quando acordei, percebi ainda ser bem cedo, pois pela janela dava para ver que o dia estava meio nublado e frio. Me sentei na cama para me espreguiçar e olhei para o lado, onde Judy dormia serenamente, e era meio reconfortante vê-la daquela forma, tranquila e sem sentir nenhuma dor ou tristeza. Talvez eu estivesse descobrindo o que lutei para entender, o motivo real que fez com que o meu melhor amigo se apaixonasse por essa garota, ela era realmente fascinante.

Era diferente das demais, com certeza. Chegou cheia de marra, não se deixou abater pelo meu jeito tosco de tratá-la e ainda esfregou na cara do time inteiro o que sabia fazer, onde era capaz de ir, capitã. Confesso que fiquei surpreso demais, porque aparentemente ela daria vexame e não fazia sentido nenhum estar no hóquei, mas no fim, Judy Ferraz me ensinou uma boa lição. Não posso dizer que, Mason não mudou depois de conhecê-la porque estaria mentindo, ele mudou sim e era bem perceptível, mas também não o culpava por tudo que estava acontecendo.

Ele nasceu no meio de uma bagunça, no meio de uma família "criminosa", eram mais uma gangue do que uma família de fato. Quando ele me contou há anos, ainda éramos bem novinhos, eu achei irado, uma família que trabalhava com a máfia e para a máfia? Mas quando fiquei mais maduro, entendi que era uma grande maldição, não tinha nada de divertido naquela situação, principalmente porque Mason descendia de um dos melhores líderes que a máfia Espanhola já teve, o avô dele, e o receio era de que algum dia, precisassem dele, resolvessem apostar nele e lhe tirar todo o direito de ter uma vida normal, de ser biomédico, de realizar seus sonhos, de ficar com quem ele quisesse.

Nunca fui com a cara do Hector Gilbert, sempre achei que tinha algo de errado com ele, não só porque ele era aparentemente um "criminoso" mas porque eu sentia, que ele não era um bom pai, e que ele não passava segurança para os filhos. Ele queria Mason por perto, claro, mas não como um filho e sim como uma ajuda, um escape, porque se algo acontecesse com ele, ou se algum dia a máfia em geral precisasse de um líder, o Mussolini mais jovem seria uma opção.

Não estava nos planos de Mason conhecer Judy, com certeza não estava. E não era apenas porque ela não fazia o seu tipo ou coisa assim, isso também, porque seu relacionamento com ela foi realmente uma grande surpresa para todos que o cercavam. Mas a grande questão, era que ela mexeu realmente com ele, com os sentimentos dele.

Mason sempre se relacionou, mas nunca se apaixonou de verdade. Até conhecer ela.

Ele percebeu que era sério o que estava sentindo e tudo o que estava acontecendo. Era por isso, que na sua cabeça fazia mais sentido não envolver ela em nada que dizia respeito a sua família. Ele não poderia fugir do que esperava por ele, aparentemente o avô contava com ele antes mesmo de morrer. Mas, ele podia poupar a Judy disso. Claro que, ele podia ter explicado a decisão dele, podia ter sido mais claro, entrado em contato, era o ideal, mas talvez ele achou que estava fazendo certo, ficando longe. Talvez tenha ficado com medo de Judy querer ir para Sevilha, ficar com ele e largar a faculdade assim como ele e Mika tiveram que fazer, talvez quisessem poupar preocupação, aquilo não era para ela, era para ele.

Não estou dizendo que ele está certo, mas estou dizendo que seu erro talvez tenha muitos motivos. Mason nunca sentiu por ninguém o que estava sentindo por Judy, e talvez não soubesse lidar também quando os problemas iam aparecendo.

— Tobby....! Terra chamando Tobby... — gargalhou. — Acorda ! — senti meu corpo chacoalhar.

— Ham... Oi ! — disse balançando a cabeça. Estava fora de órbita.

*Finalizada* RESISTÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora