FÉRIAS

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TOBBY KARSON




Não seria exagero, se eu disser que nos últimos dias, tudo que eu tenho feito é pensar em uma maneira de falar sobre os meus sentimentos para Judy. Mas ao mesmo tempo, tenho medo de estar forçando barra já que ela possivelmente ainda nutria algo por Mason, e ainda que ele não estivesse mais ali, fisicamente, ainda estava no coração dela, e isso me intimidava de certa forma.

Confesso que, eu nunca tinha lidado com rejeição antes, era eu quem rejeitava todas as garotas as quais não me interessavam. Não que eu tivesse medo de ser rejeitado por ela, eu só...não queria deixá-la pior do que já estava. Não queria que ela se sentisse pressionada a sentir o mesmo, ou sequer me dar uma resposta. Só queria ser correspondido, naturalmente.

Desde a morte do Mason, não saí do lado de Judy, nos tornamos cada vez mais próximos, assim como o sentimento que crescia dentro de mim e por vezes, não sabia como agir sem deixar tudo óbvio. Para ela, poderia ser estranho, eu estar apaixonado, logo eu.

Tobby eu...ah me desculpa ! — ela se virou rapidamente cobrindo os olhos.

Resumindo, eu estava deitado sobre a cama seminu enquanto divagava sobre os meus problemas amorosos. Eu havia saído do banheiro há mais ou menos uns quarenta minutos e com a cabeça cheia, nem vi o tempo passar, nem me dei conta de que já estava ali há tempo demais, sem roupa e que qualquer um poderia entrar, principalmente Judy, que estava habituada a entrar sem bater nos últimos dias. Claro que um dia, daria errado.

— Judy!

No susto, me levantei rapidamente e peguei o short passando a peça como um furacão pelas pernas. Suspirando mais aliviado, acabei rindo de nervoso enquanto ia até o guarda roupa procurar uma camiseta.

— Eu te disse sobre bater antes de entrar. — adverti com humor enquanto ela se virava sem graça e ia em direção a minha cama, se jogando. — Poderia ser o Mike.

— É mais é você... — resmungou e então se sentou tirando algo do bolso, eram dois papéis. — Toma, é pra você. — sorriu.

Confuso, peguei e percebi serem bilhetes, não qualquer bilhete, eram bilhetes de passagens, para Nova York.

Então Sr Karson, aceita passar as férias de verão na minha casa, com a minha família, em um  buraco em Brooklyn? — ela questionou com humor e se levantou ficando a minha frente.

— O quê? — ri desacreditado.

— É, eu sei que você provavelmente já tinha planos com a sua mãe ou sei lá, com alguém e que...minha casa não é tão luxuosa como o seu apartamento, pode ter certeza. — riu sem jeito. — E também minha família é humilde, não fala bem...

— Hey. — disse tocando sua testa. — Deixa de ser boba, é claro que eu aceito. — sorri largamente. — Você fez parecer com um pedido de casamento! — brinquei.

— E se fosse, você aceitaria?

Parei de rir no mesmo instante e fiquei sério enquanto a encarava, por dentro, sentia meu estômago revirar, seria isso as tais borboletas no estômago? Minhas mãos tremiam, eu podia sentir e ver, assim como um sorriso zombeteiro nos lábios de Judy. Idiota.

— Eu deixei você sem palavras, Tobbyzinho ? — riu. — Achei que já estivesse acostumado com pedidos de casamento das garotas!

— Besteira...! — disse fingindo que não estava afetado. — Por quê você me pediria em casamento?

Então foi a vez dela ficar em silêncio, apenas me estudando e em seguida, um sorriso de lado brincou em seus lábios.

— Por quê eu não pediria? — rebateu.

— Sim, obviamente eu aceitaria. — respondi sorrindo com os bilhetes em mãos.

Então, era como se eu estivesse sonhando, tinha que estar, afinal aquilo não podia estar acontecendo de verdade. Judy pegou os bilhetes das minhas mãos e deixou em cima cama, para em seguida, ficar nas pontas dos pés e puxar meu rosto, me beijando.

JUDY ESTAVA ME BEIJANDO !

Se eu não estivesse imaginando coisas, nossos lábios estavam se tocando, e eu não sabia o quanto precisava daquilo até estar de fato, acontecendo. Seus lábios eram macios e doces como imaginei, e quando nossas línguas se encontraram, tenho certeza de que foi a melhor sensação que já senti na vida.

Quando nos separamos, ela estava sorrindo e uma de suas mãos foi parar em meu rosto.

— Olha só pra gente. Quem diria que, estaríamos nessa situação, já que quando nos conhecemos, nos odiamos à primeira vista! — ela disse enquanto me abraçou, e eu passei meus braços em sua volta.

— Mason disse que, nós dois, eu e você éramos o clichê certo. — sorri. — Afinal, você me conheceu primeiro, de cara não gostamos um do outro e continuou assim por um tempo.

— Acho que ele estava certo então. — sorriu.— Eu...estava tentando negar isso para mim mesma porque sabe, eu não queria me machucar de novo, não queria me precipitar, e principalmente me sentir culpada pelo que estou sentindo. Mas algo a aconteceu Tobby, você mexeu aqui dentro. — tocou seu coração. — E não importa se lá trás você me ofendeu, ou algo do tipo, o que importa é o que você fez por mim agora, e não importa mesmo se você é amigo do Mason, ou se eu deveria estar de luto ainda, sinceramente, eu não estou nem aí, eu só sei que eu quero tentar de novo, por você, e com você.

Não sei em que momento tive coragem para beijá-la novamente, mas quando nos afastamos, e eu vi seus olhos brilhando, eu tive coragem para finalmente dizer o que eu estava planejando há dias.

— Eu estou apaixonado por você, Judy.

Ela ficou em silêncio por um tempo e eu já estava aceitando o fato de ela não poder retribuir quando ela esboçou um sorriso travesso e me deu um leve tapinha no ombro.

— Eu já sabia, idiota. Por que demorou a dizer?

— O quê? — arregalei os olhos levemente. — Como assim sabia??!

— Você não é muito discreto Tobby, e também ninguém mais faria por alguém, tudo o que você fez por mim, sem sentir algo por esse alguém, nem que seja um mínimo afeto. Mas no seu caso, você deixa muito óbvio pela maneira que sempre me olha, pela maneira que me toca, que se preocupa, e também pelo fato de você ter falado quase todos os dias que precisava me falar algo e desistir no último instante. — disse como se fosse óbvio e então tirou algo do bolso. — E também, eu li isso.

Era um bilhete, que eu escrevi em uma das noites que eu não conseguia dormir. Eu estava confessando meus sentimentos, mas decidi não entregar e então deixei em cima da cômoda e devo ter apagado em seguida. Na manhã seguinte, quando Judy chegou eu ainda estava dormindo, ela deve ter pegado.

— Sempre um passo a frente. — sorri.

— Sempre. Agora arruma logo as suas malas porque se você não leu muito bem, nosso vôo é nas próximas seis horas.

— O QUÊ? Você nem sabia se eu ia aceitar e...

Ela balançou o bilhete e sorriu convencida.

— Claro que aceitaria, um passo a frente Karson, sempre um passo a frente.



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Oi, já tô morando só 🐝🙏








*Finalizada* RESISTÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora