JUDY FERRAZ
Nao tivemos uma recepção assim tão grandiosa, a não ser pelo fato da minha mãe estar de touca na cabeça e uma frigideira em mãos enquanto gritava alguma coisa para o meu pai que resmungava baixinho olhando a carteira. Uma visão um tanto quanto comum para mim que vivi com eles por mais de vinte anos, mas não para Tobby que encarava a situação um tanto quanto assustado. Amélia, minha doguinha latia sem parar doidinha para passar a barreira (uma tábua encostada na porta entre a cozinha e o quintal) e vir receber nosso mais novo hóspede.
— EU TINHA DITO A VOCÊ QUE HOJE ERA O DIA DO LEITEIRO, E FIQUEI DEVENDO O DOCK POR SUA CAUSA!
— Mas amor, eu esqueci... — disse procurando algumas notas na carteira. — Tenho certeza de que ele nem se importou e...
— MAS EU FIQUEI COM VERGONHA! ELE DEVE TER PENSADO QUE NÃO ÉRAMOS CAPAZES DE PAGAR O PRÓPRIO LEITE...
— Querida...
E então finalmente o olhar feroz da mamãe nos encontrou e sua expressão suavizou por alguns instantes, mas ao fixar seus olhos especificamente em Tobby ficou confusa.
— Bom dia mamãe! — caminhei até ela lhe abraçando. — Esse é o Tobby, surpresa !
— Tobby? — ela questionou o estudando ainda com a panela em mãos. Uma cena cômica. — Seu novo namorado?
Arregalei os olhos e encarei Tobby que continha um sorrisinho travesse nos lábios e uma expressão sugestiva.
— Ele é... — não soube bem explicar então deixei pra lá. — É, acho que sim.
— Querido? — chamou o meu pai que rapidamente estava ao seu lado.
— O que foi meu bem? — disse a abraçando de lado.
— Traga mais pão hoje, temos um convidado. — disse e depois deixou a panela em cima da mesa esticando a mão. — É um prazer conhecê-lo Tobby, sou a mãe da Judy!
— O prazer é meu, senhora. — sorriu e segurou meu braço se pondo ao meu lado.
— Fique à vontade querido, sinta-se em casa.
— Só não tanto, ao ponto de engravidar a minha filha ! — papai resmungou.
— PAAAAI
Resmunguei com vergonha e Tobby gargalhou assentindo seguido de um "não se preocupe, senhor".
Minha família não era nada, nada mesmo daquilo que Tobby estava acostumado.[...]
Mais tarde, depois de toda a recepção "calorosa" dos meus pais, Tobby e eu estávamos no quarto, deitados enquanto assistíamos Harry Potter. Na verdade eu havia o obrigado a assistir comigo, mas nada que alguns beijos e algumas formas de persuasão não tenha funcionado.
— Sabe, eu gostei dos seus pais. — ele disse fazendo um certo carinho nas minhas pernas. — eles são legais...!
— É, são malucos, mas têm o coração bom. — disse rindo e aproveitei para me aconchegar mais a ele, erguendo o rosto para admirá-lo. Tão lindo.
— O que foi? — ele questionou sem jeito.
— Por quê agia como um idiota? Se você tivesse sido legal assim desde o início, eu com certeza teria me apaixonado por você ao invés do Mason. — resmunguei.
— Mas o Mason também era idiota e você se apaixonou mesmo assim. — ele rolou os olhos rindo com humor.
— Verdade, mas o Mason era um canalha, mas você é meio fofo... — respondi acariciando seus cabelos.
— Fofo? — ele conteve um sorriso. — O que te faz pensar que eu sou fofo ?
— Não sei, suas atitudes em geral, você é tão carinhoso e compreensivo, e sei lá...encantador... — respondi selando o canto de seus lábios rapidamente. — Gosto como as coisas estão indo entre nós, devagar, sabe?
Ele assentiu e ficamos nos encarando por algum tempo, antes de eu rir envergonhada e esconder meu rosto na curvatura de seu pescoço. Meu pai, eu parecia estar no início da fase adolescente, chegava a ser ridículo o que estava sentindo com Tobby, mas um ridículo estupidamente bom.
Senti sua mão em meu rosto e então o olhei com um sorriso de lado, foi o suficiente para nossos rostos se encontrarem e iniciarmos um beijo, não era um beijo afobado, era lento e calmo, e me causava as danadas borboletas no estômago enquanto enquanto sentia nossas línguas se tocarem. Passei para o seu colo, me sentando com as pernas uma de cada lado, e de repente a tv estava ali como a expectadora dos nossos amassos. O beijo que antes estava calmo, começou a tomar outras proporções e eu senti que finalmente iria acontecer o que eu estava idealizando há dias.
Claro, claro que eu vinha pensando no Tobby pelado, e vocês acham que ele não pensava em mim assim?
Quando nos restavam apenas peças íntimas, ele parou de me beijar apenas por alguns instantes para pegar um fôlego e dizer:
— A camisinha, não consigo me esquecer do que o seu pai disse sobre não te engravidar!
Acabei dando risada, na verdade rindo alto, mas ele tinha razão, tínhamos que nos cuidar. O preservativo estava na mala dele e eu fiquei me perguntando se ele estava se preparando para esse momento e se ele sabia que ia acontecer, e que bom que pensamos as mesmas coisas. Quando estávamos envolvidos o suficiente, antes de começarmos qualquer coisa, ele agarrou o meu rosto com as duas mãos e disse algo que fez meu coração acelerar mais do que qualquer coisa.
— Eu acho que amo você.
— Você acha? — sorri sem conseguir me conter. — Você veio da Europa pra cá comigo, enfrentar essa família maluca e você acha que me ama?
Ele riu e porra que sorriso lindo, que homem maravilhoso. A gente fica meio idiota quando está apaixonada né? Principalmente se o relacionamento estiver saudável.
— Eu te amo com toda certeza Judy Ferraz.
Sorri de orelha a orelha e também soltei as palavras mais fáceis de toda a minha vida, não era difícil falar que o amava, porque era verdade e eu nunca me senti tão leve, tão segura do que estava sentindo e vivendo.
— Eu também te amo com toda certeza Tobby Karson.
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*Finalizada* RESISTÊNCIA
ChickLitContém erros de digitação ! ✓ Filha de uma mãe empregada doméstica e de um pai de taxista, Judy é uma jovem negra de vinte anos que ganha uma bolsa de estudos em uma das melhores universidades da Espanha. Seria tudo maravilhoso se ela não fosse alv...