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"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito."
Machado de Assis
JUDY FERRAZ
O vento batia forte contra o meu corpo, e o casaco fino de Tobby não era o suficiente para impedir que meus braços estivessem arrepiados. Mas ainda sim, eu ainda estava mais agasalhada que ele. E não era minha culpa, foi decisão dele ser cavalheiro.
Estranhei quando a velocidade em que estávamos foi reduzida, aos poucos, até pararmos por completo após um estalo. Desci rapidamente, tirando o capacete, enquanto me abaixava para tentar encontrar algum problema e detalhe: eu não entendia nada de motos. Tobby logo se aproximou analisando, e negou enquanto grunhia frustrado, e até que achei fofo, o que me fez segurar a risada, pois pelo visto, a situação era séria.
— Estamos ferrados. — ele disse enquanto andava de um lado para o outro.
— O que houve? O Pneu estourou? — questionei confusa me abaixando novamente para checar a grande roda borrachuda.
— Antes fosse... — suspirou bagunçando o cabelo e então chutou uma pedrinha, que não era tão pequena assim, longe. — Droga, mas que caralho!
Encarei a situação sem saber como ajudar, porque ele não falava o real problema.
— Parece que o cabo do acelerador rompeu. — resmungou e então finalmente me olhou.
— Ah, então deveríamos ligar para alguém? Sei lá vir concertar e... — suspirei.— Já está meio tarde, não é?
— Sim, é quase meia noite. — disse agoniado. — Não estamos assim tão longe de casa, mas estou com 2% de bateria.
— Deixa eu ver o meu...
Coloquei a mão no bolso e constatei que o meu celular simplesmente não estava ali. E eu tinha certeza absoluta que havia levado ele para a Sevilha. Procurei no bolso traseiro, mesmo sabendo que eu não colocaria ali, e nada. Merda. Eu havia perdido meu celular? Ele havia caído no meio da viagem? Na estrada? Comecei a me desperar e andar também de um lado para o outro...
— Droga, você perdeu seu celular !? — ele constatou. — Estamos ferrados, o que vamos fazer?
Eu não fazia a menor ideia, mas também não ia dizer qualquer coisa idiota. Estávamos no meio da estrada, com a moto quebrada e sem a menor chance de comunicação com alguém.
Mas sempre há uma luz no fim do túnel, claro que há.
E um pouco longe, vimos um par de faróis muito altos se aproximando. Quando o barulho do motor ficou mais nítido e o meio de transporte ganhando forma, vimos que se tratava de uma grande caminhonete. Estava ali, a nossa esperança.
Nem precisamos fazer sinal nenhum ou algo do tipo, o motorista simplesmente parou e desceu do veículo. Provavelmente se tratava de um homem na faixa dos seus cinquentões, mas era asiático, então poderia ter bem mais e ainda sim parecer mais jovem. Usava um grande chapelão na cabeça e um look bem country.
— Boa noite, o que os jovens fazem perdidos por aqui ? — questionou um tanto quanto preocupado.
— A moto quebrou, o cano do acelerador. — Tobby disse cabisbaixo. — Não temos como nos comunicar, estou sem bateria e...
— Sorte a de vocês então — o homem sorriu largamente. — Eu moro aqui perto, tenho uma chácara há uns dez minutos daqui. Hoje vocês não vão conseguir nada melhor que isso, então podem passar a noite por lá, e amanhã cedo, damos um jeito nessa belezinha aí. — disse apontando para a moto.
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*Finalizada* RESISTÊNCIA
ChickLitContém erros de digitação ! ✓ Filha de uma mãe empregada doméstica e de um pai de taxista, Judy é uma jovem negra de vinte anos que ganha uma bolsa de estudos em uma das melhores universidades da Espanha. Seria tudo maravilhoso se ela não fosse alv...