silly me

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— Como assim? Se minha própria filha estivesse cursando outra profissão, eu seria o primeiro saber!

Patrick me encara, um olhar fuzilante, e minhas pernas bambeiam. Será que fiz a coisa certa? A reação dele não estava me dando nenhum sinal positivo.

— Hm-eu — gaguejei, perdendo por completo a confiança — Ela ficou com medo de te contar porque achava que o senhor não continuaria pagando...

Ele fica em silêncio. Mexe no cabelo e ajeita os óculos, mas vejo que além de ansioso também estava bem irritado.

— Música? — diz, como se fosse um palavrão.

— Ela é muito talentosa! O senhor mesmo disse! — tento a defender, mesmo não fazendo a menor ideia do que falava — Vocês tem contatos, o futuro dela é brilhante!

Tive muita vontade de revirar os olhos para mim mesma pela frase, incomodada que estava tão desesperada para tentar convencê-lo.

Patrick não sabe o que dizer, está claro em seu rosto. Eu naquele momento me arrependi muito de ter contado, e faria tudo para me enfiar dentro de um buraco qualquer e não sair nunca mais.

Parece que ele também, já que acena de um jeito esquisito, como se não conseguisse nem falar de tanta raiva, e se retira da cozinha.

Apesar da vergonha e incômodo que estava sentindo, os meus olhos começaram a pesar pela pílula que havia tomado antes dessa conversa constrangedora.

Subi devagar, fechado a porta do quarto silenciosamente.

Olhei para morena dormindo e quase me dei um tapa na minha cara por ter feito isso. Eu não deveria ter me envolvido, ainda mais quando estávamos tão bem uma com a outra.

Espero que ela não fique brava comigo.

Fechei os olhos, a abraçando, e logo finalmente consegui dormir.

***

Acordei assustada, ouvindo gritos altos vindo de algum lugar da casa. Achei que poderia ser os funcionários brincando e conversando.

Esfreguei o rosto e estiquei a mão, não sentindo ninguém do meu lado.

Caramba, será que eu nunca vou conseguir acordar junto com ela? Nem na sua própria casa?

Finalmente abri os olhos, vendo que eu estava de fato sozinha. Parecia que, de novo, ela tinha acabado de sair.

Ouvi um dos gritos, ainda não entendendo o que estava sendo dito, mas parecia muito com a voz da Billie. Franzi a sobrancelhas, não conseguindo pensar em um motivo para que estivesse berrando...

Aí eu lembrei da conversa que tive ontem com Patrick.

Arregalei os olhos, levando rápido a ponto de ficar tonta. Troquei para qualquer roupa de dentro da mala, descendo quase que correndo.

Os gritos estavam vindo da sala de jantar e agora era possível entender com mais clareza.

—...É o que eu QUERO! Que dificuldade você tem de entender isso?!

Entrei no cômodo, quase passando despercebida enquanto Patrick gritava, em pé,  respondendo a frase da sua filha.

A mesa parecia pronta para o café da manhã, mas tinham alguns papéis jogados que tinham o logo da universidade.

Billie estava com o rosto vermelho, também em pé de frente para o pai, e quase arrancava os cabelos de tanto nervoso.

Brandon estava sentado, no canto direito, e é o primeiro que me viu. Parecia em choque com a discussão, como se tivesse começado do nada.

college times // billie eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora