pity party

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Hoje faz exatamente quinze dias que eu não saio do meu pequeno apartamento. Eu não fui às aulas, mas ainda sim me mantive em dia com os trabalhos que por sorte são entregues online.

Meu quarto estava em um estado de depressão tanto quanto eu, e refletia isso muito bem para qualquer um que entrasse.

Era difícil porque eu sabia que esbarraria nela em qualquer uma das classes que tínhamos juntas, além de que sempre a via com seus amigos pelo campus.

Época ótima de uns meses atrás que ficava babando enquanto ela estava rindo com Riley e eu nunca imaginava que estaria na posição de hoje.

Erica estava sendo uma amiga incrível. Não me deixava sozinha praticamente para nada, trazia comida em todas as refeições e sempre checava para saber se eu estava bem ou não.

Michael também. Inclusive ficou dormindo no sofá durante todos esses dias, assim revisava com Erica para cuidar de mim.

Mesmo que insisti muito para ele fosse para casa, para que eles deixassem toda essa situação para lá e esquecesse de mim por um tempo, mas não, porque são minha única família.

Eu não recebi nenhuma mensagem, ligação ou qualquer tipo de tentativa de comunicação da Billie. Não que eu já não esperava isso, mas só reforçou a vergonha e dor que eu estava sentindo durante todo esse tempo.

Agora quem de fato tentou várias vezes falar comigo foi Riley. Eu não sabia porquê, já que não a respondi e nem sabia como tinha conseguido meu número. Me esforcei muito para pensar no que ela queria e cheguei a conclusão que talvez seja para me xingar por ter traído Ashton e tentado beijar sua melhor amiga.

Sobre isso: eu e Ashton "terminamos". Isso acabou caindo como uma luva, e foi a justificava para quem de fora perguntava o porquê de estar afundada no meu quarto a tanto tempo.

Ashton veio várias vezes me ver, tentou fazer com que eu saísse um pouco. Assim como o resto dos meus amigos, que alguns dias atrás achei que fariam uma intervenção para me tirar do pijama, mas sem sucesso.

Eu estava tomando café da manhã na bancada e senti que estava chorando de novo enquanto mexia no celular. Isso acontecia com frequência nesses últimos dias. Acho que talvez seja porquê desde que comecei a sair com meninas, eu não tinha sido de fato...rejeitada.

É muito ridículo falar isso, mas é verdade. Eu sempre consegui o que queria, principalmente pelo fato de que nunca fui atrás de mulheres héteros. Então sempre atingi meu objetivo.

Esse foi meu primeiro grande não. E ainda por cima foi dela, o que piora tudo demais. Porque ao invés de me forçar a esquecer a atração por ela, eu acabei investindo nisso sem querer.

Ouvi Erica destrancando a porta e balancei a cabeça para tentar esquecer os pensamentos.

— Oi amiga! — exclamou, com um ar de segredo — como você está hoje?

Levantei a sobrancelha. Ela está com cara de quem aprontou.

Apenas dei de ombros a respondendo.

— Então...

Lá vem.

— Eri, se isso é outra tentativa de me tirar de casa já pode ir esquecendo...

— Não é isso — Responde, se aproximando de mim e colocando a mochila no canto da sala. — Eu queria que você conversasse com alguém.

— Eu já tenho minha terapeuta! — disse, revirando os olhos. Não era a primeira vez que falava isso. — não tenho culpa que ela está de férias!

college times // billie eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora