꧑ꦸ𝗒 𝖻𝐥𝗈𝗇𝖽𝗂ᦸ, 𝗸𝗮𝘇𝘂𝗌𝖼⍺𝗋⍺. ❜

𝐅𝐎𝐔𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍.

Durante o resto da semana, Scaramouche e Yae Miko fizeram exatamente o que ela tinha dito que eles fariam. Os dois foram buscar as coisas do garoto na casa de Shogun, e ele se lembrava de quase ter tido um ataque de ansiedade naquele dia. Scara ouviu ambas discutindo feio, e Raiden gritava muito com Yae, dizendo que ela não tinha o direito de levar Kuni embora e não faria isso. Ele teve medo de que a Shogun realmente o impedisse de sair de lá, mas admirou o fato de que Yae Miko não abaixou a cabeça para Raiden em nenhum momento, cumprindo o que prometeu e levando o garoto embora daquela casa maldita sem nem pensar duas vezes. Bem, ao menos eles conseguiram pegar todas as roupas de Scaramouche, não precisavam do resto, então não havia porque se preocupar com o que ficou para trás.

E foi desta forma que os dias se passaram. Scara mal saía do quarto, e quando saía, Yae sempre se deparava com seus olhos e nariz vermelhos, como se ele tivesse acabado de chorar, no fim das contas, ele realmente passava quase cem por cento do tempo chorando. Quando Kuni resolvia sair um pouco da cama, era apenas com o intuito de comer ou tomar banho. Yae Miko ainda não sabia o que realmente tinha acontecido, até porque Kunikuzushi não havia contado o que aconteceu e ela não iria o pressionar para tal. Ela imaginava que ele tinha dificuldades de falar sobre os problemas com alguém mais velho, já que a Shogun provavelmente não era nada compreensiva e sequer o escutava, então, cada coisa no seu tempo.

Sempre que podia, a mulher de fios rosados tentava animar o filho comprando coisas que ele gostava de comer, ou pedia para que ele passasse um tempo brincando com Nahida. Isso realmente funcionava, mas temporariamente, após isso era como se ele sempre voltasse à estaca zero. Nunca foi tão difícil viver um dia de cada vez, mas Scaramouche estava tentando.

Já na casa do Kaedehara, as coisas andavam um pouco pior. Ele não saía do quarto nem mesmo para comer, apenas comia se Ningguang ou Beidou levassem comida até ele, e claro, elas estavam muito preocupadas com isso. Ele tomava banho no banheiro de seu quarto, justamente para não precisar sair de lá, e sempre eram banhos muito longos, onde ele se sentava no chão e tirava um tempo considerável para se afundar ainda mais naquela tristeza. Além de que, devido ao seu metabolismo acelerado, Kazuha já havia perdido no mínimo três quilos naquele meio tempo. O loiro tinha certeza de apenas uma única coisa: seu transtorno alimentar estava voltando com tudo pra sua vida, e aquilo o fazia querer afundar-se ainda mais.

Quando as aulas voltaram, o Kaedehara chegou no colégio primeiro, parecia péssimo, e claro, passou direto pelo seu antigo grupo de amigos. Os que estavam sentados na grama o encararam com um olhar de dúvida, se perguntando o que poderia ter acontecido. Não demorou muito para que Scara também chegasse ao local, onde se sentou juntamente com os demais. O mesmo não parecia muito diferente de Kazuha, só não aparentava estar tão fraco como ele.

O de fios roxos não fez questão de cumprimentar ninguém e tampouco de se envolver nos assuntos de seus amigos, tudo o que ocupava sua mente era Kazuha e a saudade que sentia dele. Kuni sentia que estava ficando louco, parecia que sua vida já não tinha mais sentido e seus pensamentos estavam totalmente fora de série, ele não aguentava mais tanta confusão mental e só desejava que aquela sensação de vazio sumisse logo. O garoto suspirou enquanto encarava o céu distraidamente, sem nenhuma expressão aparente em seu rosto.

— Scara, o que rolou? Sério mesmo, acho que nunca te vi assim em toda minha vida. — Cyno perguntou, era um pouco preocupante. Scaramouche se lembrou imediatamente de que não havia contado nada para eles nesse meio tempo, tanto ele quanto Kazuha simplesmente sumiram depois daquele dia. — O Kazuha ainda veio mas passou direto, nem olhou pra gente…

Por alguns segundos, todos ali ficaram em silêncio, incluindo Kunikuzushi. Ele pensou na forma mais delicada de contar tudo para os amigos, e já podia sentir os os olhos ficarem úmidos com algumas lágrimas. Por fim, suspirou e abaixou a cabeça, finalmente tomando coragem para começar a falar.