𝐒𝐈𝐗𝐓𝐄𝐄𝐍.

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Na manhã seguinte, a ressaca bateu na porta de todos que compareceram na festa da noite anterior, principalmente Scaramouche e seus amigos, que beberam basicamente a noite toda. Bem, Scara não bebeu uma gota sequer de álcool, mas tinha a impressão de que poderia ter consumido no mínimo dois litros de vodka sem perceber, visto que sua cabeça doía como nunca. Ninguém conseguia prestar atenção na aula pela sensação incômoda da ressaca, principalmente Kazuha, mas não por ter consumido álcool, e sim por não conseguir parar de pensar na ligação que recebeu do ex namorado, e também, nas palavras de Childe.

Quando foram liberados pelo sinal, o grupo de Kunikuzushi já se preparava para ir para o mesmo gramado de sempre, mas pararam em um dos corredores quando Xiao precisou pegar algo em seu armário.

— Olha, eu não lembro de absolutamente nada que aconteceu, mas eu não sou bobo, então quem fez o favor de batizar meu suco ontem pode ir tratando de confessar. — Scara lançou um olhar mortal para Hutao, e ela apenas riu em resposta, revirando os olhos após isso.

— Tudo que eu sei é que você tava triste, reclamando de saudade do Kazuha e tudo, até ligou pra ele se eu não me engano. Parece que você pediu pra vocês voltarem, pelo que o Childe falou. — Nilou comentou, abraçando Aether enquanto este reclamava de dor de cabeça.

No mesmo momento, a feição de Scaramouche se tornou assustada. Tudo que se passava em sua cabeça era a hipótese de que provavelmente teria estragado toda e qualquer chance que tinha de voltar com Kazuha, e ainda se lembrou da maldita foto que Mona lhe mostrou um tempo atrás. Scaramouche estava uma completa confusão por sentir raiva de Kazuha, mas principalmente por saber que ainda sentia muito amor por ele, e claro, todos aqueles sentimentos faziam seu peito doer.

Tudo ficou em silêncio de repente, mas não porque as pessoas pararam de falar, e sim pelo fato de que Scara já não conseguia ouvir mais nada. Ele começou a pensar tanto na possibilidade de ter acabado de arruinar tudo que, quando menos percebeu, estava imerso em uma crise de ansiedade. Sem dizer nada, Scaramouche correu até o banheiro mais próximo, e pensando que não havia ninguém, se permitiu desabar em lágrimas.

Poucos segundos depois, Tartaglia entrou, pois foi atrás de Scara assim que notou que ele estava tendo uma crise de ansiedade. Só se enganaram sobre um detalhe: o banheiro não estava realmente vazio.

Kazuha se encontrava dentro de uma das cabines, sentado. Raramente os alunos usavam aquele banheiro, então, como queria ficar sozinho por um tempo, resolveu se trancar dentro de uma das cabines para poder pensar em paz, sem que ninguém questionasse. Ao notar a movimentação do lado de fora, o Kaedehara pensou em sair, mas quando ouviu as vozes familiares, preferiu se manter ali dentro. Com a mão destra, cobriu a própria boca, impedindo-se de deixar qualquer barulho mínimo escapar.

— Scara, olha pra mim. — O ruivo pediu, segurando cuidadosamente o rosto do amigo entre as mãos. — Respira fundo e solta devagar. — Ele instruiu, fazendo isso ele mesmo assim que Scaramouche o olhou, com a respiração descompassada e os olhos marejados.

— Eu perdi ele, Childe. Eu perdi ele pra sempre. — Scara falou, sua voz evidentemente falhando. Seu tom era tão fraco que ele quase não conseguia falar, automaticamente também não conseguia controlar o ritmo da respiração.

— Você não perdeu ninguém, foca em normalizar sua respiração. — Tartaglia soltou o rosto do amigo, abraçando com firmeza o corpo baixo que tremia.

Ambos ficaram assim por bons minutos enquanto Scaramouche repetia que havia perdido o ex-namorado para sempre. Quanto ao Kaedehara, o mesmo não conseguiu conter o choro, pelo visto ainda odiava ver Scara mal daquele jeito, ainda mais por sua causa.

Agora, Childe e seu melhor amigo estavam sentados no chão do banheiro, enquanto Kuni mantinha sua cabeça deitada no ombro do ruivo, que acariciava seus fios em uma tentativa de acalmá-lo, pelo menos estava funcionando. O loiro se sentia horrível como nunca por ver o ex naquela situação, mas o medo de sair e oferecer ajuda falava muito mais alto.

꧑ꦸ𝗒 𝖻𝐥𝗈𝗇𝖽𝗂ᦸ, 𝗸𝗮𝘇𝘂𝗌𝖼⍺𝗋⍺. ❜Onde histórias criam vida. Descubra agora