5. O Nascimento

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A partir de então, a sua consciência começa a se desenvolver. Começa os verdadeiros desafios, conflitos, decisões e conhecimento. A garota teve uma vizinha que era a sua amiga, Dora. Dora e a garota sempre brincavam no quintal, além de assistirem desenhos infantis e conversar bastante entre si.

As duas brigavam muito também, por motivos banais. A garota via as coisas que Dora tinha e ficava com inveja. Brinquedo que simulava caixa de supermercado, brinquedo de vestir bonecas e principalmente quando Dora ia para a escola.

O desejo nasceu aí de ir para a escola, pois via sua amiga chegando com uma mochila sem o acompanhamento dos pais e despertava sua curiosidade.

Provavelmente nessa época, Dora conversava bastante sobre o seu dia a dia na escola, o que fez com que a garota persistisse que sua mãe colocasse na escola. E foi o que aconteceu. A garota pela primeira vez vai para a escola.

Inicialmente, na escola, ela possui algumas dificuldades, mas nada a temer tendo sua mãe como a protetora. As professoras ficavam sabendo do jeito da menina e davam um pouco mais de atenção. Para arrumar amizades sempre foi um desafio.

Sempre ela era feita de bobinha e de esquisitona da sala, por ser muito tímida. O que fez ela sofrer bastante para conseguir algum coleguinha. Uma cena marcante foi um menino que tirou sarro dela. O que fez ela se levantar da cadeira, exaltada, e brigar com o menino.

A secretária da escola, que estava na sala naquele momento, não aprovou a atitude da garota e a reprimiu, marcando e muito o senso de solidão dela. Para aprender as matérias demorou um pouco. Até para escrever foi uma luta. Ela mal sabia amarrar o cadarço e via seus colegas com uma facilidade imensa amarrar.

O pior é que não tinha alguém de bom coração para ajudar ela. Do pré até o 2º ano foi um pouco complicado para ela. O que compensava era os desenhos animados que ela assistia em casa e os brinquedos de montar, que chamavam muito a atenção.

Havia um garoto que era próximo da família dela, que favorecia um pouco a interação social. Mas ele era popular ao redor das crianças e não era considerado "estranho". Até o lanchinho que ele trazia e a lancheira dele a deixava com muita inveja e vontade de ter uma igual.

A respeito de ficar pedindo essas coisas para sua mãe era complicado, pois a família era pobre e a mãe era um pouco bruta com ela. Mas isso vai ser mais bem esclarecido daqui para frente.

Durante esses anos todos, não conseguiu nenhuma amizade notória. Aprendeu a desenhar e escrever, únicas coisas até então notórias nesse período.

Foi até demorado em escolher que escola a garota estudaria a partir. A escola em que o garoto de família frequentava era uma opção, porém era muito longe e a garota precisava ir sozinha.

Ela não tinha um pingo de coragem para sair sozinha. Descobriu que tinha muitos medos insuperáveis naquele momento. Portanto, sua mãe preferiu transferir para uma escola mais próxima. Não tinha ninguém conhecido lá. Isso era o que ela mais temia, visto que não tinha ideia de como iria sobreviver dentro de uma escola. Era uma escola pública da cidade. Ajudava e muito as condições da família.

A pessoa que resolvia tudo da filha era a mãe. O pai trabalhava em uma firma de caminhões e sua irmã estava se tratando e estudando para ir trabalhar.

O pai, desde os primórdios da existência da garota, bebia, bebia e muito. O bar que ele sempre frequentava, ela ia junto quando era bem criança. Lá tinham os vagabundos bêbados, que se diziam amigo dele, e um garoto onde ela conversava e brincava um pouco.

Quando ela tomou a consciência do que o pai estava fazendo, parou de frequentar o local e daqui para frente começou a nascer uma rincha entre ela e o pai. Porém nada acontecia ainda.
Em sua nova escola, ela tem apenas o foco de aprender a fazer as atividades.

Na sala, ela se sentava na primeira fileira ao lado da porta. Não falava com ninguém, nem com a professora para lhe responder uma dúvida.

Nesses dias, sua mãe fazia questão de entrar na escola e buscar a sua filha tímida direto da sala de aula, por não haver coragem para ir sozinha. Mesmo demorando para aprender as matérias, conseguia absorver bem quando finalmente entendia. Era uma menina bem persistente em sua curiosidade.

Em sua casa, como já tem consciência do que acontecia, desaprovava as ações de seu pai. Ele saia direto para o bar beber ou tocar em algum lugar longe com a mesma finalidade, beber. A cachaça impregnou nas entranhas dele.

Eram tantas ações imprudentes dele, de brigar com sua mãe e com sua irmã mais velha que a garota começou a pegar ranço com a bebida. Sua irmã também tinha um vício, o cigarro.

Sempre via sua irmã sair de casa e ir para o quintal fumar. Três vezes por dia. Inicialmente, a menina sempre dormiu junto com sua irmã, cheirando constantemente o tabaco adormecido em suas carnes.

Apesar da irmã ser fumante, sempre foi amorosa e prezava pelo bem da garotinha. Tanto que doava seus telefones antigos para ela usar e se distrair. Comprou um videogame para os dois jogarem juntos e logo depois, um tablet. Naquela época, um tablet era raríssimo. Tanto que quando a garota viajou para o nordeste, levou esse tablet para passar o tempo.

Esse tablet foi importante para chamar a atenção de sua prima, que a fez ter um pouco de paixão pela garota. O que um tablet não faz, não é mesmo?

Memórias De Uma Garota GóticaOnde histórias criam vida. Descubra agora