Memórias De Uma Garota Gótica

22. Pandemia Com Guerras 6

Ela passou a limitar cada vez mais os alimentos que comia, chegando ao ponto de contar todas as calorias que ingeria durante o dia usando um celular.

Ela queria ter um resultado mais satisfatório. Também se esforçava para deixar sua franja o mais perfeito possível, mesmo sem ajuda de ninguém.

Sua mãe ficou bem preocupada com as alterações que a filha teimosa fazia e passou a levá-la em uma nutricionista.

A garota sempre ouvia reclamações das pessoas em sua volta. Você está muito magra! Engorde mais um pouquinho! Gente magra é feia! Desfaz essa maquiagem de rockeira! Que batom mais feio que você está usando! Só se veste de preto eu hein!

Essas frases penetraram nas camadas mais fundas de seu cérebro e deixou ela cada vez mais alterada mentalmente. Na nutricionista, ela achava ruim em receber a notícia de que ela precisava comer mais.

Para a garota gótica, era um xingamento sério. A mente passou a ser mais obsessiva com o passar do tempo. Era apenas questão de tempo em seu corpo reagir nessas notícias.

Ela não aguentava mais ouvir esses tipos de falas das pessoas. Estava no momento mais feliz, por que queriam tirar a felicidade dela? No final do ano, ela infelizmente não mudou muito seu comportamento com a sala, continuou mais tímida e desinteressante.

Porém, seus professores demonstraram a felicidade que tinham quando a garota estava presente e ajudava eles depois de aguentar inúmeros alunos sem noção.

A mãe dela decidiu levar sua filha para a formatura do 3º ano e finalmente se formar no ensino médio. A essa altura, ela estava aumentando um pouco de peso, preocupando a mente frágil da garota gótica.

Ela via as peças de roupa ficarem grandes nela e deixava ela bem feliz e muito confiante, aliviando a tensão. Ela não gostava de usar peças de roupa maiores do que P. Com o passar do tempo, esse não seria seu único problema.

Ela realizou a formatura sem Leon, porque ele não gostava de festas, então, passou a ir sozinha e ver seus colegas lá no local. Alguns colegas, mesmo interagindo pouco com ela, deixavam uma lembrança de nostalgia, que era uma sensação muito gostosa de sentir.

Ela então se formou, recebendo um canudo de formatura do professor de matemática sorridente. Aquele sorriso contagiou a garota. Ela começou a dançar pela primeira vez em público, demonstrando que talvez ela estivesse evoluindo aos poucos.

As colegas a viam dançando, principalmente a menina de franja bonita, e sorria, achando bem legal a falta de timidez que ela tinha. Esse momento foi também bem marcante para a vida dela até então.

Durante as aulas, antes da formatura, Leon continuou atraindo garotas. Tanto que chamou a atenção de uma do 1º ano e ela sempre o queria por perto.

Ela sempre buscava uma oportunidade de a garota gótica sair de perto e dar o bote nele. Ele recebeu duas cantadas e acabou recusando.

Duas coisas deixavam a gótica perplexa, por que ele não aceitou ficar com uma menina mais legal e interessante do que ela? Por que essas meninas vão para Leon e não para ela sendo que também sentiam atração por garotas? Faltava alguma coisa no coração dela.

Suori sempre dizia que faltava o amor a si mesmo. Inclusive mesmo com a paixão doentia que ela já sentiu, pois acabou, Suori foi um fator importante para motivar a garota mudar seus hábitos alimentares, seu amor a si mesmo e dava alguns conselhos interessantes.

Suori virou uma peça bem importante na evolução da garota. Era a única garota que se importava com ela de verdade depois de finalmente dar atenção.

Durante o ano, ela passou a ler muito livros. Antigamente nunca tinha o hábito de ler livros. Agora ela tinha. Harry Potter inteiro, Machado de Assis, Gregório de Matos, Maquiavel, Hotel Brasil e muitos outros do nicho mais sociológico e filosófico.

Foi o ano que mais comprou livros e leu, o que aumentou e muito a maneira de pensar e sua autoestima. Seu amigo Leon, também passou a ler livros na mesma época que ela, motivando os dois a continuarem lendo livros recomendados um para o outro.

Ela terminou aquele ano com um ponto superpositivo e com um supernegativo. Ela passou a ter de vez em quando crises compulsivas nos alimentos, fazendo ela engordar e ficar inchada aos poucos e diminuir a autoestima dela.

O ponto positivo foi que pela primeira vez em sua vida, viu os lindos fogos de artifício em sua casa e escutou todos os barulhos. Ela estava superando um medo cruel de anos e anos. Não sentia tanto terror para essas coisas mais.

A sensação dela era meio a meio, triste e feliz, incerta e sabida, oito ou oitenta, mais e menos, ela evoluiu e regrediu rapidamente, ela amava e odiava viver, era fácil e difícil...

Esses sinais compulsivos era um aviso sério que estava por vir no ano seguinte.