8. O Nascimento 4

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Leon passou então a desmoralizar a garota, fazendo brincadeiras e zombando ela. Porém a garota não sabia reagir e sempre ficava na defensiva. Ninguém era bonzinho naquela escola. Até o Japonês brincava com a cara dela agora.

O outro amigo do Leon era o que mais brincava com a cara dela, zombando de tudo quanto é jeito e deixando ela cada vez mais incomodada de estar no ambiente escolar.

Em sua casa, o Willian de vez em quando também brigava com a garota por inúmeros motivos banais. A relação com o seu pai foi ficando cada vez pior.

Ela passou então a ser mais medrosa e ansiosa. Principalmente com relâmpagos e com fogos de artifício. Os barulhos e os clarões repentinos eram ensurdecedores.

Inúmeras vezes ela morria de medo quando passava no jornal que ia chover em certo horário. Quando era ano novo, ela ficava trancada em um quarto isolado da casa e ficava com o algodão no ouvido.

Os delírios e imaginações passaram a ser mais intensos e complexos devido ao conhecimento de mais áreas.

Ela imaginava que era uma jogadora de futebol, uma presidente de um país imaginário. Misturava também Geografia com futebol, Geografia com Animais marinhos e entre outros. Aquilo virou algo automático onde ela nem mesmo sabe dizer se aprendeu em algum lugar ou desenvolveu sozinha.

Ela sempre imaginava também como seria quando fosse uma adulta. Iria reprender o pai malvado, iria responder os colegas idiotas e ajudaria quem realmente a valorizava.

Também ficava com muito medo de pegar doenças e morrer, um raio acertar ela e morrer, a família abandonar, ela perder a sanidade mental e entre outros medos.

Ela também passou a gostar de duas meninas nesse período, mas nenhum relacionamento e pedido de namoro foi realizado. Na verdade, virou motivo de chacota e mais zoação para ela. As meninas não a aceitavam e não podiam fazer nada a respeito disso, devido a serem crianças.

Tinha uma outra menina que achou uma ótima ideia de ludibriá-la sendo uma amiga para depois fazer a garota ser escrava dela, ou seja, fazer o que essa menina quisesse.

Depois de um tempo que finalmente ela resistiu, as duas pararam de se relacionar. Sua mãe não sabia de muitas dessas histórias por conta de a menina ter medo da mãe.

A mãe era muito estressada com a vida que estava com o pai dela. A garota não queria colocar mais motivo para perturbar sua mãe.
Tirando esses detalhes depressivos, ela fez aniversário na escola três vezes. Uma em um shopping, onde ela convidou todos os seus colegas do período do pré.

Ela recebeu bastantes presentes. Quase nem coube em um saco de Natal. Foi um dia inesquecível para ela. Os outros dois aniversários foram na sala de aula mesmo. Era o único dia que ela reconhecia que era especial para seus colegas e não iria ser feita de besta.

Mesmo com o ambiente caótico que estava, ela ainda amava assistir sobre animais marinhos, aviões, futebol e países. A paixão por aviões veio justamente pelo motivo dela estar viajando para o nordeste desde muito pequena.

Ela sentia que para todos esses assuntos tinha que ter conhecimento amplo sobre cada detalhe técnico. As habilidades no videogame eram muito altas a cada dia que jogava.

Ela nunca foi de praticar esportes. Sempre foi sedentária, mas sua mãe decidiu botar ela para fazer natação e se exercitar um pouco. Ela ficou mais ou menos um ano lá, ganhou um torneio em 1º Lugar e saiu depois que a mensalidade ficou muito mais cara.

Desde então ela parou de praticar atividade física, só de vez em quando jogava bola no quintal sozinha ou com o Willian. Willian, por ser muito novo e pequeno, não era o parceiro perfeito para a garota jogar futebol. Seu pai, milagrosamente quando não ia para o bar, jogava com a garota. Sua irmã também saia muito de casa e sua mãe não gostava de futebol.

A maior parte das brincadeiras ela se acostumou a fazer sozinha.

Também não era de viajar muito para outros lugares. Seus tios sempre viajavam para inúmeros lugares, mas ela não conseguia ir sem a sua mãe ao lado. Ia de vez ou nunca para a praia e foi uma vez para o Zoológico ver os animais que ela gostava.

O Primeiro passeio que ela foi sem a sua mãe era quando a escola fazia excursões. Duas vezes para uma feira de livros, onde ela queria e muito comprar alguns livros, porém era pobre e não podia gastar muito dinheiro; E quando desfilou para o 7 de setembro, caminhando pela avenida principal da cidade.

Ela foi com um colega que ela queria muito ser amiga próxima dele, mas ele não a via como uma amiga, apenas colega.

Várias coisas inusitadas aconteciam naquela escola. Seus amigos sempre conversavam sobre essas coisas inusitadas e somente resumiam de qualquer jeito para ela.

A não ser quando ela participava dessas coisas. Como em uma apresentação de indígenas que usavam calça jeans e quando acontecia briga e todo mundo gritava como se fossem expectadores de palco.

Ela sempre voltava para casa de ônibus com sua mãe, porque seu pai não queria buscá-la. Era todo dia a pé para o ponto de ônibus na ida e na volta. Até fez amizade com o motorista e com o cobrador.

Ela observava os meninos indo de van escolar para casa sozinhos e sentia inveja e muita vontade de ter essa liberdade também. Leon ia a pé. A casa dele era do lado da escola. Seus outros amigos iam de transporte escolar.

Em geral, ela sempre foi considerada uma aluna educada e dedicada nos estudos. Todos os professores a consideravam a aluna favorita deles. As vezes ela se perdia nos trabalhos em grupo, devido ao preconceito que geravam acima dela, mas os individuais eram muito bons.

Tanto que ela nunca repetiu de ano na escola e seguiu sua vida academia com espinhos, porém correndo para seu destino.

Claro que esse relato não foi completo e nem é uma verdade absoluta. Lembre-se que estas são as memórias da garota nesse momento em que ela vive.

Memórias De Uma Garota GóticaOnde histórias criam vida. Descubra agora