Capítulo 6

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Um fevereiro excepcionalmente frio chegou e o meio do mês trouxe consigo a maior tempestade do ano. Akaashi observou a neve cair pela janela em seu horário de almoço. Ele grudou no chão bem abaixo e cobriu a cidade com um manto de pó branco. Akaashi não pôde deixar de se perguntar se a neve manteria Bokuto em casa. Já se passaram quase quatro meses desde que ele começou a tocar pelo Akaashi, e Bokuto não perdeu uma única noite. Esta seria uma desculpa válida. Isso deveria impedi-lo de vir, e Akaashi entenderia se isso acontecesse.

Mas então, por que ele se sentiu tão desapontado?

Seu telefone vibrou na mesa à sua frente. Ele abriu a tela de bloqueio e leu a mensagem.

>>[Bokuto]: HÁ TANTA NEVE! VOCÊ VIU, AKAASH!? AINDA ESTÁ CAINDO!

Ele praticamente podia ouvir os gritos excitados de Bokuto, podia ver seus braços agitando-se excitadamente enquanto ele se maravilhava com a neve.

>>[Akaashi]: Sim, tem bastante. Não se sinta mal se isso te deixar em casa esta noite, eu vou entender.

A resposta foi quase imediata.

>>[Bokuto]: NÃO! ESTOU CHEGANDO! JURO!

Isso não deveria tê-lo feito sorrir. Ele deveria ter encorajado Bokuto a ficar em casa onde era seguro e aquecido. Ele deveria ter aproveitado a oportunidade para ir para casa antes da meia-noite pela primeira vez, considerando que ele estava praticamente morto de pé neste momento.

Havia um monte de coisas que ele deveria ter feito.

>>[Akaashi]: Bem, estou ansioso para vê-lo esta noite.

Ele pressionou enviar antes que pudesse se arrepender.

Desde que eles trocaram números três semanas atrás, Akaashi adquiriu o hábito de enviar mensagens de texto para Bokuto ao longo do dia - nada de real importância, apenas pequenas coisas. Coisas sobre seu dia, reclamações sobre Oikawa e sua total falta de organização, qualquer coisa que estivesse realmente em sua mente. Bokuto parecia muito feliz em saber de tudo. Ele agiu como se a conversa branda de Akaashi sobre análises de custos fosse a coisa mais emocionante que ele já tivesse ouvido. E ele retribuiu o ato na mesma moeda, contando a Akaashi sobre as coisas tolas em que consistia seu dia. Esta manhã, ele tirou uma foto de uma enorme aranha que rastejou para fora das bananas enquanto Bokuto estava na loja - Akaashi quase deixou cair o telefone de desgosto.

Era bom ter alguém para conversar assim, pensou Akaashi. Ele nunca tinha chegado tão perto de ninguém, exceto Kuroo e Kenma - e mesmo com eles, não era assim. Isso foi fácil. Confortável, mesmo.

Ele nunca se sentiu confortável com outra pessoa assim.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Yamaguchi entrou arrastando os pés na sala de descanso, sem se preocupar em reprimir um grande bocejo. Ele se sentou em frente a Akaashi, deixando cair seu almoço sobre a mesa e apenas olhando para ele. Suas sobrancelhas se uniram em uma carranca.

"Não tenho certeza se você será capaz de fazer qualquer coisa antes de abri-lo," apontou Akaashi.

"Não sei se meus braços vão se mover," Yamaguchi bufou. Sua testa caiu sobre a mesa com um baque, os braços balançando inutilmente ao lado do corpo.

"Tivemos algumas semanas difíceis", admitiu Akaashi. "Mas o fim não está longe."

"Seis semanas é o suficiente," a voz abafada de Yamaguchi ressoou pateticamente.

"Lamento que sua primeira temporada com o time seja tão difícil. Mas você realmente está indo bem sob pressão. E o resto da equipe trabalha muito bem com você. Estamos felizes em tê-lo aqui."

Rules - Bokuaka (Tradução PT/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora