12. DESVENTURAS

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We Go Down Together - Dove Cameron, Khalid
"Às vezes nós voamos
Ás vezes caímos
Às vezes, parece que não somos nada."

Any

Shivani me acolheu em seu quarto. Então, quando acordei, não me senti exatamente em casa. A cama não era tão confortável e as luzes não pareciam ser as mesmas.

Era um sábado e por isso, parecia estar perto do meio dia.

Nem minha amiga, nem Heyoon, estavam lá. Me apressei para me trocar, arrumar todo o quarto — afinal, não queria ser uma visita desagradável — e dar o fora dali.

Saí do elevador remexendo os meus bolsos e finalmente achei a minha cópia das chaves do 369. Girei-as na fechadura e dei meus primeiros passos na sala de estar.

A cozinha estava bagunçada, o que definitivamente era fora do costume, já que Josh sempre deixava o lugar perfeitamente ajeitado. Mesmo estranhando a situação, segui o corredor para deixar as minhas coisas no quarto. Até me dei ao trabalho de arrumar a cama do garoto, que também não estava arrumada.

Depois de alguns minutos, senti a minha garganta seca. Desse modo, voltei ao outro lado do apartamento para pegar um copo de água.

Ao atravessar o balcão, porém, minha respiração falhou e congelei diante a imagem abaixo de meus olhos.

Josh, meu colega de quarto, estava desmaiado sob o chão da cozinha.

Levei alguns segundos para processar a situação, mas quando o fiz, me agachei ao lado do garoto. Coloquei minha mão em sua testa e percebi que, diferente do chão gelado, seu corpo estava cálido.

Não sabia o que fazer.

Em meio ao desespero e a respiração descontrolada, o interfone do apartamento tocou e um fio de esperança surgiu. Aquele indivíduo poderia me ajudar.

Corri em direção ao som e retirei o telefone do suporte abruptamente.

— Boa tarde — a recepcionista disse, e eu tive vontade de interrompê-la. — Estou falando com Joshua?

— Não — respondi apressada. — É a Any, colega de quarto, e eu preciso que-

A mulher não me deixou terminar. A ângustia cresceu.

— Hmm... há um rapaz aqui na recepção — começou ela. — Noah, o nome dele. Ele está muito aflito e diz que precisa subir e ver Josh. Posso-

— Sim! — Agora, era a minha vez de interrompê-la. — Pelo amor de deus, sim!

Os segundos de espera ao tal rapaz pareciam horas. Eu não o conhecia, mas sentia que poderia me ajudar de alguma forma.

A porta finalmente se escancarou e o suposto Noah correu até Josh. Saí de perto dos dois a fim de não dificultar nada.

Sem dizer uma palavra, o garoto carregou Josh até a cama e eu os segui.

— Oi! Você é amigo dele? — perguntei a ele. — Eu juro que não foi culpa minha!

Noah me ignorou, mas não o culpei por isso. Percebi que seu rosto estava vermelho e algumas lágrimas escapavam de seus olhos. A fim de acordar seu amigo, ele bateu levemente em seu rosto e o chamou algumas vezes.

— Por quanto tempo ele está assim? — pela primeira vez, falou.

— Eu não sei! — repliquei. — Acabei de chegar no quarto e ele já estava desacordado.

O rosto de Noah se tensionou ainda mais.

— Liga para uma ambulância agora, ok? — pediu. — E eu cuido dele aqui.

Room 369 | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora