Room 369 | Beauany

37. PLANOS

Nothing Is Lost (You Give Me Strength) - The Weeknd
"Você me dá forças
Estou contigo pro que der e vier
Se eu morrer, se eu ficar, me dê forças
Nada está perdido, chega de dor
Só me dê forças"

Any

Despertei no meio da madrugada, na grama do jardim da faculdade. Demorou um tempo para assimilar o que havíamos feito.

Olhei para Josh, sonolento, e tentei acordá-lo. Precisávamos ir para o quarto o mais rápido possível, antes que alguém nos descobrisse ali. Mesmo que as aulas tivessem em pausa para os feriados, muitos alunos e professores continuavam ali.

O garoto acordou desorientado: realmente, parecia estar muito cansado. Sequer falava uma palavra.

Fomos ao 369 e logo nos jogamos na cama, a fim de dormir mais um pouco. Mesmo cansado, Josh me enrolou ao seu redor, o que ajudou com o frio da noite. Adormeci em alguns segundos.

Após algumas horas de sono, estava finalmente pronta para começar outro dia. Como as aulas voltariam logo no segundo dia de Janeiro, que estava próximo, Josh e eu planejamos diversos passeios juntos.

Abri as cortinas, admirando o sol radiante. O dia estava lindo e recompensava todo o frio da noite anterior – o clima de Nova York era realmente imprevisível. Pulei até a cama de Josh e acordei-o, animada.

– Bom dia! Acorde, Joshua! – chacoalhei-o. – Está quase no horário do nosso passeio no zoológico e não podemos atrasar.

Ele levou alguns segundos para abrir os olhos, e quando abriu, não brilhavam tanto como eu esperava. Josh começou a falar, mas foi interrompido por tosses e fechou os olhos novamente.

– Josh?

Finalmente, encarou-me mais uma vez. Encontrei um olhar cansado e frustrado.

– Me desculpa, Any. Eu acho que não vou conseguir sair hoje.

Toda a minha animação desapareceu e ele percebeu. Sabia que não era sua culpa – e sim daquela impiedosa doença – mas não pude evitar a decepção. Me perguntava se aquilo iria acontecer mais vezes. Como seriam os próximos dias? Josh iria melhorar?

Nenhum de nós tinha as respostas.

– Sabe... talvez isso seja frequente agora – ele falou, e eu balancei a cabeça. Não. Não podia ser assim. – Me desculpa.

Josh massageou as têmporas e respirou fundo.

— Está tudo bem... mas eu estou preocupada com você.

Ele colocou sua mão sob meu ombro, para me confortar. Eu não consegui esconder a agonia – era horrível vê-lo naquela situação. Já acontecera uma vez, e viver tudo aquilo de novo não era nada agradável.

— Nós temos que nos preparar e ser fortes, bijou. Principalmente você.

Eu não iria conseguir. Josh era aquele que me dava forças, não eu. Como iria lidar com a vida sozinha?

Deitei-me em seu peito, não querendo olhar para seu rosto indisposto. Lágrimas ameaçavam cair, mas eu não libertei-as; iria fingir estar bem, pelo menos por mais algum tempo.

— Eu sempre soube que esse momento iria chegar, Any. É uma questão de tempo.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Eu vivi isso a minha vida inteira, meu amor. Eu sei o que está acontecendo.

Fiquei em silêncio por um momento, a fim de tentar me recompor. Logo, pensamentos invadiram-me, e eu falei: