Room 369 | Beauany

17. INCERTEZAS

coney island - Taylor Swift, The National
"Os tempos rápidos, as luzes brilhantes, o carrossel."

Josh

— Eu beijei a Any — confessei ao meu amigo. — E gostei. Muito.

Noah se levantou da cama e quase deu um grito. Tive que implorar para que ele ficasse quieto e não incomodasse todo o campus.

— O quê!? Você me disse que não gostava nem um pouco dela!

Sua fala provocou uma leve risada internamente.

— Não gosto dela — falei, tentando convencer mais a mim mesmo do que Noah. — Só gostei do beijo.

Fiz meu máximo para parecer com que eu não me importasse mas... eu era um péssimo ator.

A verdade era que eu não queria desenvolver sentimentos por ninguém a aquele ponto da minha vida. Tinha ido a Juilliard com objetivo de estudar e fazer amigos, somente isso. Nunca sequer cogitara arrumar alguma garota.

— E por que está com essa cara, Joshua? — ele indagou. Noah sempre percebia quando algo estava errado. — O beijo foi bom, certo?

— Sim, cara, foi perfeito. Mas... — Tentei pensar nas minhas palavras e não conseguia achar as que traduziam o que eu realmente estava sentindo.

Noah me encarou como se quisesse dizer "desembucha!".

— É que isso não pode virar algo maior, entende? — comecei. — Talvez seja melhor que eu interrompa o que nem comecou.

Noah revirou os olhos ao me ouvir.

— Joshua Beauchamp! Curte o momento e não se preocupe, cara. Há quanto tempo não tem um rolo com alguém? — Era verdade. Por conta daquele bloqueio emocional, eu não tinha me envolvido com ninguém em séculos. — E afinal, um beijo não significa muita coisa.

— Eu senti que esse foi diferente.

...

Após comprar peônias na floricultura ao lado da faculdade – e concluir mais um ítem da minha lista –, pairava à frente a porta 369, respirando fundo. Any estava atrás daquela porta e eu precisava dar aquele presente da melhor forma possível.

Escondi as flores atrás das minhas costas e toquei a campainha, mesmo que eu tivesse as chaves.

A garota abriu a porta e deu um sorriso.

– Oi! – disse, soando um pouco mais animado do que pretendia.

– Oi, Josh... o que está escondendo?

A cacheada estava com seus cabelos soltos e o pijama mais chique que vira em toda a minha existência, então deduzi que havia acabado de acordar. Eu saí mais cedo do apartamento justamente para comprar as flores sem que eu fosse descoberto.

Com um sorriso, tirei as flores de trás de mim e lancei-as em frente da menina. Primeiramente, ela pareceu muito surpresa. Depois de alguns segundos, porém, Any acabou em risadas.

– O que foi? – perguntei acompanhando as gargalhadas.

– Nada! – falou e pegou as flores da minha mão, admirando-as. – É que você nunca teria feito isso há uma semana atrás. Agora, está transformado em um super clichê.

– Isso é ruim?

– Claro que não, seu bobo – replicou. – Eu adoro isso. E você acertou em cheio, peônias são minhas flores favoritas. Obrigada.