Capítulo Sete

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Cada um ficou em sua posição assim que Claire entrou no local reservado para vampiros e seus convidados, que na verdade eram humanos que serviriam como alimento. Ela estava com um largo sorriso nos lábios quando passou comigo pela porta, estava visível o quanto ela estava se deliciando com aquela encenação. Não é que ela não fosse atraente, a natureza dela a fazia ser atraente, afinal ela é o predador natural da minha espécie.

— Boa noite, senhora. A sala VIP lhe aguarda. — Um homem apareceu e parou na frente de Claire.

— Ham... — Ela me olhou rapidamente e sacudiu as sobrancelhas. Neguei de maneira disfarçada, o McDaniels estaria na área comum. — Por hora vou aproveitar nessa parte.

— Certo. Fique à vontade para pedir o que ou quem quiser. — O homem falou e pouco depois saiu.

— O que exatamente você fazia aqui? — Perguntei.

Matava mulheres de prazer. — Brandon falou no fone.

— Sinceramente eu não lembro muito de como era minha vida, acho que ficar presa por dez mexeu com as minhas memórias, eu passei os primeiros anos acordada, sofrendo dia após dia, até que em algum momento eu dormi, entrei em torpor e tudo que me lembro foi quando abriram o caixão. Acho que ficar lá embaixo tanto tempo mexeu com a minha cabeça. Você percebeu que eles me olham como se me conhecessem muito bem? — Claire sussurrou no meu ouvido.

Talvez porque conheçam e você não lembra. — Respondi.

— Hum... — Olhei rapidamente e pude notar que o semblante de Claire parecia ter um incomodo. Por hora ela teria que lidar com a amnésia, porque precisamos resolver a missão, mas de alguma forma tentaria ajudá-la com isso. — Como vamos encontrar o famigerado? — Passei os braços no pescoço de Claire e a puxei para perto de leve.

Ele vai te encontrar. Vou dar uma volta, você faz o mesmo e se ele aparecer tenta tirar informações dele. — Falei em seu ouvido.

— Eu também vou sentir saudades.

— O quê? — Ela puxou a minha cintura e nossos lábios se tocaram, para depois ela passar a língua no meu pescoço. Obvio que meu primeiro instinto era empurrar ela, mas eu me segurei porque ficaria explicito que não somos um casal.

— Nenhum outro vampiro em sã consciência vai tentar algo com você, agora que você está com meu cheiro. Então pode se divertir tranquila.

Uhh ela é possessiva. — Brandon falou no fone.

— Eu não sou sua. — Respondi.

— Então você quer que outros vampiros te notem e possivelmente possam se alimentar de você? Porque eu preciso implorar para dar uma lambidinha no seu sangue.

Casal, foco na missão. — Brandon falou.

— Eu não vou discutir isso, você sabe o que tem que fazer, então faça.

— Eu não divido o que é meu. — Eu apenas a deixei falando sozinha.

Gata, o que você fez com ela para ela estar assim? Você deu chá para ela?

— Eu não fiz nada, ela que é surtada. — Me aproximei do bar. — Gin com tônica. — Pedi ao barman.

— Identidade, por favor. — Entreguei minha identidade para ele e parece que ele não era bom de conta, parecia demorar demais para calcular minha idade. Me entregou a identidade e saiu para preparar o drink. — Está sozinha? — Ele colocou a bebida em cima do balcão.

— Sim.

— Maravilha. — Ele sorriu com suas presas amostra e então carimbou minha mão. — Faça proveito da sua noite, senhorita. — Ele foi atender outro cliente.

Olhei para minha mão, ele havia carimbado como se fossem dentes de vampiro, não me importei muito com o significado, apenas fiquei observando Claire de longe, ela parecia impaciente, realmente já fazia mais de uma hora que estávamos esperando e nada do homem aparecer.

Acho que ele não vai aparecer hoje. — Brandon falou.

Também acho. — Respondi. — Avisa a Claire que eu vou esperar por ela lá fora.

— Okay.

Terminei a minha bebida, coloquei o copo em uma das mesas e fui caminhando para a saída, antes de sair olhei para trás, para ver se Claire havia recebido o recado, quando ela se moveu percebi que sim. Paguei o que consumi e sai do local, já era cerca de três da manhã, não tinha ninguém na rua e a van estava na outra rua, então não vi problemas em ir caminhando sozinha.

— Parece que hoje não foi nosso dia de sorte. — Falei.

— Talvez ele tenha ficado desconfiado.

— É, pode ser. Temos que pensar em...

Não consegui terminar de falar, porque senti um saco cobrir meu rosto e meu corpo foi lançado no chão, minhas mãos e minhas pernas estavam presas, minha boca parecia colada. Comecei a debater, mas não conseguia me soltar, o que me prendia era muito forte, não pareciam ser cordas. Sentia meu corpo ser arrastado pelo chão e passos altos do meu lado, em algum momento meu corpo foi suspendido e colocado numa espécie de colchão, o saco preto parece ter sido tirado da minha cabeça e eu pude ver que estava numa espécie de quarto, com uma luz no teto que ficava balançando. As paredes verdes estavam cheias de mofo e pelos cantos havia ratos correndo.

— Você fica ainda mais linda com essa luz. — O barman apareceu na minha frente.

— Quem é você? — Ele estava mexendo na minha bolsa, provavelmente devido à distância, o comunicador não estava funcionando.

— Uhh uma arma. — Ele pegou a minha arma. — E um distintivo. Você é policial, deixa eu ver... Marisa Torres, sargento da divisão especial dos caçadores. — Ele começou a pular animado. — Eu achei uma mina de ouro. O mestre vai ficar muito feliz e eu vou finalmente receber algum prestígio.

— Quem é seu mestre?

— Você acha mesmo que eu vou responder suas perguntas? Eu fui um padre, eu só guardo os segredos, nunca os conto. — Ele sorriu. — Mas a questão agora é, por que você estava naquele lugar? Eu não deixo rastros.

— Parece que deixou, porque eu fui atrás de pistas sobre você. — Blefei.

— É mesmo? Eu acho que está mentindo. Não tem nenhuma rede de notícias sobre elas. Vocês são todas iguais, órfãs, sem namorado, amigos, estão sempre sozinhas e se sumirem ninguém sente falta. Eu pesquisei sobre você e sei que ninguém virá te procurar, mesmo que seus colegas da polícia tentem, não vão te achar, depois de 72 horas vão desistir e te arquivar. Porque é isso que fazem quando você é descartável e é isso que uma mulher é para a sociedade, um objeto descartável.

— Eles vão me encontrar e vão acabar com você e seu mestre. — Cuspi no rosto dele e ele soltou uma alta risada.

— Vocês sempre começam com esperanças, mas o fim é sempre o mesmo. Enquanto eu durmo que tal você relembrar um pouco seus... traumas. — Ele segurou meu rosto e eu tentei fechar meus olhos para não olhar nos olhos deles.

Delicia de matar (Protagonistas Lésbicas)Onde histórias criam vida. Descubra agora