Capítulo Dezesseis

693 90 5
                                    

— Então o que temos? — Perguntei enquanto pegava uma batata. Por mais que eu não quisesse ser insubordinada, eu jamais deixaria aquela missão nas mãos da equipe vampírica, eu tinha uma namorada vampira, mas não confiava neles. Ainda mais quando se tratava de punir quem realmente merecia.

— Eu puxei e cruzei alguns dados online, mas nada muito relevante. — Brandon falou. — Marielle também não achou muita coisa.

Mesmo na darkweb parece que não existem dados sobre esse tal leilão. — Ela depois de sinalizar me mostrou o computador. — Além dessa igreja ser uma propriedade privada e com um culto estranho, não tem muito sobre eles, nem denúncias. Parece que toda comunidade de Carlson Village vive bem e feliz.

— Isso é muito estranho. No fim vamos fazer do jeito antigo, bisbilhotando.

— Mas querida, tem algo importante que você esqueceu... o capitão não vai liberar a equipe inteira.

— Por isso vamos, eu, Jhon e a Claire. Vocês vão ser nosso apoio.

— Você acha que ele não vai desconfiar? — Jhon falou.

— Não, eu vou fazer umas rondas e vocês vão fazer alguma missão juntos. — Apontei para Claire e Jhon.

— Isso não vai colar. — Claire prontamente falou.

— Temos um treinamento novo e vamos precisar ir para a área de treinamento, talvez se o pneu do carro furar no meio caminho possamos ganhar dois ou três dias para investigar. — Brandon falou.

— Muito inteligente, querida. — Batemos nossas mãos.

— Parecem até líderes de torcidas. — Claire falou.

— Sim, as meninas populares malvadas, meu bem. Não mexe comigo se não vou te fazer chorar. — Brandon prontamente respondeu.

— E ele faz mesmo. — Jhon falou.

— Eu duvido! — Claire falou com Brandon.

— Ouça a voz da razão, querida, você não vai aguentar.

PESSOAL! — A voz alta de Marielle surgiu na minha cabeça, foi então que percebi que ela estava com a mão levantada a um tempo.

— Ahh assim você vai explodir minha cabeça, Mari. — Jhon falou.

— Hummmm... apelidinhos. — Brandon falou e na mesma hora Jhon ficou vermelho e logo em seguida pigarreou.

— Foco pessoal! — Falei. — Marielle, fala.

Eu realmente preciso ir? — Ela falou por telepatia.

— Sim, para que tudo saia conforme o planejado todos precisamos ir. — Falei.

Mas eu posso ficar aqui e ajudar pelo computador. — Marielle tentou argumentar.

Não dessa vez, precisamos de todos. — Levantei da cadeira. — Preparem as malas e as estacas, vamos matar algumas sanguessugas com pernas. — Falei animada.

— Isso foi ofensivo. — Claire falou.

— Calada! — Rebati.

No dia seguinte, terça-feira de manhã, estávamos todos dentro de SUV projeto especialmente para viajar com vampiros ou criaturas que não podem ter acesso a luz da lua ou qualquer outro tipo de ambiente, como frio ou quente. O carro tinha metal em todos os locais que possivelmente pudesse entrar sol, ele regulava a temperatura e tinha câmera do lado de fora que simulavam os espelhos. Ele era enorme na parte traseira, com dois quatro bancos, sendo dois deles retráteis que virava um pequeno baú onde era capaz de um corpo ficar ali, ou seja, perfeito para vampiros dormirem durante o dia e ficarem seguro caso fosse necessário abrir a porta por algum motivo. Eu fui a primeira motorista, levaríamos cerca de doze horas de viagem e como só faríamos duas paradas ir ao banheiro e comer algumas besteiras, antes de seguirmos viagem novamente.

— Você se importa que eu tire uma soneca? — Falei com o Jhon.

— Não, pode descansar.

— Não vai ficar entediado é bem dormir?

— Daqui a pouco o Brandon recarrega por completo e me faz companhia. — Ele deu um sorrisinho.

— Não cai nas pilhas deles, ele faz isso para te provocar.

— Eu sei, mas é difícil. Eu sei que estou na friendzone...

— Você não está. — Prontamente falei. Os dois tinham sentimentos um pelo outro, só eram lentos demais. — Talvez se chamar ela para sair.

— Eu já chamei, na verdade todos os dias antes do trabalho jantamos juntos e bom... esses dias ela disse que eu sou o melhor amigo dela.

— Isso só significa que ela te vê como o melhor amigo dela, mas sinceramente eu acho muito sortuda quem tem o amor da sua vida como seu melhor amigo.

— E você e a presinhas?

— Presinhas? — Dei uma risadinha. — É um bom apelido. O que tem nós duas? — Perguntei.

— O que tá rolando?

— Não sei, acho que algo mais físico. — Falei. Não era mentira. Por mais que eu gostasse de Claire não podia dizer que é amor, era bom fisicamente falando, mas não sei se temos essa conectividade, esse algo que eu podia dizer que ela é minha melhor amiga. — Nos conhecemos tem quase um mês, não é como você e a Marielle, são anos de amizade.

— Acho que não tem a ver com o tempo e sim com a profundidade, conversamos muito, ela sabe tudo da minha vida e eu... — Ele foi ficando pensativo. — Eu não sei muita coisa dela.

— Como assim? Você parece saber tudo sobre ela. Sobre o gosto do café, a comida preferida, o suco preferido e coisas do gênero. Sabe, eu adoraria que alguém me trouxesse café preferido ou meu doce preferido nos dias que estou mal ou com cólica.

— Eu sei, mas eu não sei nada da vida dela em si, não sei sobre os pais, sobre a família, de onde veio e coisas do gênero. Todo o conhecimento que eu sei sobre ela é raso, quase como se eu só conhecesse a superfície.

— Você já perguntou? — Acabei bocejando.

— Existem coisas que não perguntamos, as pessoas só devem falar.

— Você falou... sabe... sobre seu passado? — Comecei a me sentir muito sonolenta.

— Sim.

— E foi fácil se abrir?

— Tudo com ela fica fácil. — Ele deu um sorrisinho fofo. — Eu as vezes odeio ser assim... amar alguém e cercá-la de amor mesmo que ela me rejeite ou me retribua os sentimentos, mas quando eu paro e penso o quanto ela é linda sorrindo, eu só consigo pensar que faria tudo de novo e que vou continuar fazendo tudo que eu puder para que ela possa ser feliz.

Foi a última coisa que ouvi quando o sono me atingiu profundamente, meu corpo estava cansado e principalmente minha mente, ultimamente eu andava tendo muitos pesadelos, sempre era perseguida e não importava o quanto eu fugisse, eu sempre era pega no final. Mais uma vez aquele pesadelo estava me afligindo e por mais que eu soubesse que era um sonho, ainda assim, o medo que eu sentia era real. Quando fui encurralada no canto pela sombra preta que me perseguia mais uma vez, acordei quando as mãos dele tocaram fortemente no meu pescoço. Acordei e estava de cabeça para baixo com uma dor enorme no ombro, o sinto estava me prendendo o carro parecia ter capotado. Jhon estava desacordado e com um corte na cabeça, o sangue dele estava pingando.

— Jhon... — Sacudi ele. Os outros pareciam desacordados, Brandon fazia sentido porque ele estava carregando e isso era quase como se fosse um sono bem pesado, Marielle estava caída no teto do carro, com algumas escoriações e Claire provavelmente dormindo. — Merda! — Soltei o cinto e cai. Meu ombro estava doendo muito, mas não parecia quebrado. Olhei para ver se Claire realmente não estava fora da caixa, eu não queria matá-la, foi só então que abri a porta. A claridade incomodou meus olhos e avistei algumas pessoas correndo, elas me ajudaram a sair do carro.

— Quantos dedos tem aqui? — O homem negro, de cabelo com corte militar me mostrou dois dedos.

— Dois. — Prontamente respondi. — Aqui é Carlson Village? — Perguntei.

—Não, você está em São Miguel, no México.


Podia ser só mais um lindo entardecer em San Miguel 🎵

O que será que vai rolar ein?

Delicia de matar (Protagonistas Lésbicas)Onde histórias criam vida. Descubra agora