— México? Impossível, estávamos muito longe do sul. — Olhei para o lado e vi as pessoas entrando no carro e tirando meus amigos de lá. — Não abre o baú! — Levantei do chão quando ouvi alguém lá dentro gritar que tinha um baú fechado no fundo do carro.
— Ei, você precisa se acalmar. — O homem negro tentou me segurar.
— Tem uma vampira lá dentro. Se ela pegar sol ela vai morrer. — Prontamente falei. — Ela está dormindo e é inofensiva.
— Okay. — Ele falou um pouco preocupado.
— Olha, meu nome é Marisa Torres, sou uma policial. — Peguei meu distintivo e mostrei. — Essa vampira trabalha para no meu departamento e ela é inofensiva.
— Tudo bem, Marisa, eu me chamo Caio e sou xerife daqui. Precisamos tirar vocês da rua antes do anoitecer.
— Por quê? — Perguntei.
— Basicamente é muito perigoso ficar na rua a noite. Todas as noites a lua de sangue surge no céu e criaturas sedentas por sangue aparecem e precisamos nos proteger.
Olhei ao redor e foi então que percebi pessoas com olhares curiosos, tudo aquilo era muito estranho. Eu não era muito de confiar em pessoas, mas aquele homem passava muita confiança, então eu aceitei a ajuda dele. Fomos levados à delegacia, Marielle e Jhon estavam sendo tratados por uma mulher que parecia ser médica, Bradon estava apenas deitado no chão, ele precisava ser religado, então assim eu fiz, geralmente levava de quinze a vinte e cinco minutos para religar completamente.
— Vocês teriam um baú grande para eu colocar a minha amiga? — Percebi que estava começando a anoitecer. — Não podemos deixar ela lá fora no perigo.
— Temos sacos para cadáveres. — Uma das pessoas que estavam trazendo peças de roupas falou.
— Não temos como tirar ela de lá a tempo e... as pessoas não vão se sentir confortável com uma criatura das trevas conosco. — Caio falou.
— Isso é sério? Você disse que ia resgatar todos nós. — Falei.
— Eu preciso manter as pessoas seguras... — Fui até minha mochila e peguei minha arma e as pessoas começaram a ficar nervosa, foi só então que eu percebi que Caio estava com uma arma na calça. — Larga a arma, Marisa. — Ele falou.
— A Claire tá lá fora e ele disse que quando anoitece é perigoso ficar lá fora.
— Ela e uma vampira, vai conseguir sobreviver. — Caio falou.
— O que tem lá fora? — Perguntei.
— Lobos enormes que caçam e comem a carne do que está vivo.
— Lobisomens?
— Sim, enormes, quase dois metros e meio, farejando e caçando. — Ele tirou a arma da calça e eu apontei minha arma para ele. — Sua amiga vai sobreviver.
— Ela não sabe o que está acontecendo, além de ser covardia são muitos contra uma só. Sai da frente da porta que eu vou sair. — Falei.
— Se você sair não vai poder voltar, porque se abrirmos essa porta eles vão saber que estamos aqui. — Uma mulher que estava no canto falou.
— Eu não vou deixá-la lá fora. — Peguei um dos sacos.
— Você vai se matar, falta menos de vinte minutos para o sol se pôr e eles vão vir. Vale mesmo arriscar sua vida por uma dessas criaturas.
— Sim. — Guardei minha arma e passei por ele.
Segui correndo para o carro e entrei com dificuldade e acabei me cortando um pouco no vidro. Fechei as portas e abri o baú, quando Claire dormia durante o dia, basicamente ela parecia um cadáver, era bem raro ela acordar, então eu estava movendo seu corpo para colocar ela no saco.
— Vamos lá sua idiota, me ajuda um pouco. — Virei o corpo dela com muita dificuldade e a coloquei no saco, mas estava de costas para o fecho eclair. Fechei o saco e rolei ela para fora do carro, quando sai puxei a alça, de longe podia ver o sol quase sumindo no céu e a lua aparecendo, uma lua que jamais vi em lugar nenhum, lua cheia no topo do céu as seis da tarde. — Claire! — Chamei enquanto tentava puxá-la, meu ombro estava doendo muito e pela minha velocidade eu não ia chegar tão rápido.
De repente eu senti mais duas mãos pegando no saco, era Caio tentando me ajudar a arrastar, mas Claire estava muito pesada, então era quase como se estivéssemos tentando arrastar cem quilos naquela bolsa. Quando o sol sumiu completamente ouvimos uivos e meu corpo se arrepiou na hora.
— Já é de noite, ela não vai acordar? — Caio falou.
— Não é assim que funciona. — Falei.
— Estamos quase lá. — Caio falou.
Uma densa neblina surgiu misteriosamente, os uivos ficavam mais próximos e meu corpo dava sinal de medos, meus pelos estavam arrepiados e sentia uma leve tremedeira nos joelhos, mas mesmo assim eu continuava puxando Claire junto com Caio que em momento nenhum nos deixou para trás por medo. Eu pude ouvir passos, quase como um animal correndo e se aproximando, por reflexo puxei a arma e uma sombra preta apareceu no meio daquela neblina e eu não hesitei em atirar, dois disparos altos e um rolamento no final, com certeza eu acertei algo. Porque o grunhido de dor pode ser ouvido e os pingos de sangue denunciaram isso.
— Boa mira, é bala de prata? — Caio e eu ficamos de costas um para o outro com saco ao nosso lado.
— Sim, mas eu só tenho mais dez, se eu não acertar na cabeça e no coração não vai fazer diferença. — Parei de falar e fiquei esperando um novo ataque. — Cuidado! — O lobisomem pulou a direita de Caio e eu o empurrei no chão, dei mais um tiro, mas dessa vez não acertei. — Eu vou fazer sua segurança, apenas arrasta ela o mais rápido que você puder.
Caioestava arrastando Claire, que não estava dando nenhum sinal de vida,sinceramente já era para ela ter acordado, o lobo tentava se aproximar e euatirava na possível direção, em um dos ataques, eu percebi que acertei a pernadele, fazendo ele cair um pouco a nossa frente e eu tentei atirar mais uma veze foi só então que percebi que já havia usado todas as munições da arma, dozetiros contra uma criatura daquelas era quase impossível de matar. O lobisomemse levantou do chão ficando completamente em pé, parado nos olhando, acho quefoi a primeira vez que me senti o antílope parado frente a frente com o leão.
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Delicia de matar (Protagonistas Lésbicas)
FantastikEm um mundo onde vampiros, lobisomens, fadas e todo tipo de criatura podem viver em sociedade com os humanos, a lei é necessária para que o possa existir um bom convívio entre as espécies. Sendo assim Clarissa, uma vampira condenada por assassinato...