Capítulo 14

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20 de junho de 2009

Harry acordou meio grogue com o sol na cara dele na Ala Hospitalar. A sensação era tão familiar que parecia um lar. Ron até brincou que eles deveriam ter simplesmente gravado seus nomes nas camas com a regularidade que um ou três deles acabaram ali. Madame Pomfrey sempre balançou a cabeça, resmungando sobre 'no que vocês se meteram dessa vez?' e então trataram de qualquer doença que haviam adquirido 'misteriosamente' por 'tropeçar' ou 'acidente'.

— Oh, Harry, — a voz de Hermione o repreendeu. Era tão familiar e normal. — Eu imagino que isso seja um pouco demais.

Os olhos de Harry se abriram completamente e ele encarou os olhos cinza dela que era Hermione, mas não Hermione.

— Hermione?

— Claro, Harry, — ela disse gentilmente, o calor familiar que fazia seu coração doer estava lá.

— Acordei na sala com todos os álbuns, — Harry desabafou. — Seu sangue estava na parede. Ron tinha sumido. Você tinha sumido. Eu pensei que ele tinha te machucado, te arrastado de algum lugar... eu te mandei corujas, mas todas elas voltaram. Eu mandei Patronus, e eles simplesmente giraram em volta eu e se dissipou...

Os olhos cinzentos de Hermione brilharam com a menção de Ron.

— Ele, de certa forma, me arrastou para algum lugar, mas não da maneira que planejou, eu acho. — Ela olhou pela janela aberta. — Tive algumas décadas para pensar sobre isso e tenho quase certeza de que se ele soubesse o que ia acontecer, não teria feito.

— Então você se lembra de mim, — disse Harry. — Você se lembra do que eu lembro?

Hermione inclinou a cabeça.

— Eu me lembro quem eu fui, assim como você. Severus acha que foi o sangue combinado que fez isso. Isso e a combinação de ser jogado na árvore genealógica com qualquer maldição caseira que Ron usou para fazer isso.

— Espere... Snape sabe?

— Professor Snape, Harry, — Hermione disse tão automaticamente que Harry conhecia essa pessoa que se parecia tanto com Hermione, mas ainda não era a Hermione que ele conhecia. — A magia do sangue é mais forte com a intenção, e aparentemente o que quer que Ron estava pensando quando lançou o feitiço tinha uma intenção ruim.

Harry balançou a cabeça.

— Mas Remus está vivo... Snape está vivo, e você... deixe Malfoy beijar sua mão.

Hermione franziu as sobrancelhas.

— Você se concentraria nisso, Harry, — ela repreendeu. — Lucius cuida de mim desde que eu tinha onze anos, e você vai descobrir que quase todo homem de certa posição faz isso, eu temo.

Harry balançou a cabeça, uma parte dele não digerindo a informação muito bem.

Hermione fechou os olhos, movendo a cabeça para baixo e sacudindo-a. Quando ela os abriu, ela usou a mão para mover os cachos negros para longe de seu rosto finamente esculpido.

— Eu vi você crescer, você sabe, — disse ela depois de um momento. — Todos os dias, eu me perguntava se você sabia de alguma coisa. Se você se lembrava de mim. Se alguém... se lembra da bruxa que tinha sido Hermione Granger. Mas, eu percebi que era bom que você tivesse sua vida normal, uma vida que não significava você sendo enfiado em um pequeno armário embaixo da escada.

Harry franziu a testa. Quando ele pensava em sua infância, era nebuloso. Era quase como se ele estivesse tentando pegar girinos com as mãos. Eles escorregaram por entre seus dedos.

One Step Back, Two Decades Foward - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora