CAPÍTULO 6 - Dalbert, um garoto especial

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Com a vista ainda embaçada vejo o vulto (ou o que seja) me puxando pelo braço.

— Me solta! — Digo forçando o braço para trás, ao mesmo tempo que me esperneio.

— Calma, filho! — Diz ela me levantando.

— Mãe? — Respiro aliviado ao reconhecer a voz. — Graças a Deus que é você!

— O que aconteceu aqui? — Pergunta ela umedecendo um lenço na pia.

— Olhe para o espelho, mãe! Veja o que está escrito nele. — Digo assustado apontando para o espelho. Ela olha para o espelho, depois olha para mim, dizendo que não tem nada ali além do nosso reflexo.

— Mas tinha algo escrito. Eu juro! Deve ter se apagado.

Ela aproxima o lenço úmido do meu rosto para limpar as manchas de sangue e pergunta o que estava escrito.

— Dark Thoughts! — Respondo ainda um pouco trêmulo.

— O que isso quer dizer?

— Pensamentos obscuros, eu acho. — Digo sentindo a minha vista começando a melhorar. — Nos meus sonhos esse é o nome dado ao local onde criaturas místicas batalham pelas almas dos homens.

— Filho, você recebeu uma pancada forte na cabeça, deve estar delirando — diz ela se levantando com algo estranho em sua mão direita, a erguendo. — Deixa a mamãe cuidar de você.

Minha visão volta ao normal e, olhando atentamente, percebo que é uma espada de luz que ela ergue em sua mão. E ao olhar em seu rosto vejo a face de outra pessoa. Não é a minha mãe, é a menina que aparece em meus sonhos, a mesma que matou o arcanjo Miguel.

— Meu nome é Lia! — diz ela descendo a espada com bastante força e rapidez. — MORRA MALDITO...

(PRI, PRI, PRI, PRI...) O despertador toca e eu me acordo ofegante, suando frio.

— Mais um pesadelo. — Digo olhando para o relógio que está marcando 6:20 da manhã. Minha mãe bate na porta dizendo que eu me apresse para não perder a hora da escola.

— Já vou, mãe! — Desligo o despertador e começo a me arrumar, colocando uma calça jeans desbotada, meus All Stars e a camisa polo azul-marinho que é o fardamento do colégio, uma bagunçada no cabelo e estou pronto. Saio do quarto e corro até a cozinha para comer alguma coisa, enquanto minha mãe me olha tentando conter o riso. Pergunto a ela qual a graça, ela diz que estou parecendo um leão e me aconselha à cortar o cabelo.

— Leão não, mãe. Lobo... eu sou um lobo solitário. — Digo pegando umas torradas e saindo às pressas.

— Espera, filho!

— Fale logo, mãe, estou atrasado.

— Da próxima vez que inventar de escrever besteiras no espelho do banheiro, por favor lembre-se de limpar. — Diz minha mãe fazendo cara feia.

— Mas eu nem fui ao banheiro ontem, mãe. — Me admiro ao lembrar que fui sim no banheiro, mas foi no sonho, não na vida real.

— Celso, faz cinco anos que seu pai morreu e suas irmãs estão viajando, só tem nós dois aqui. Se não fui eu que escrevi no espelho, só pode ter sido você.

Dark Thoughts - O Despertar do Anjo (volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora