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NEM TODOS OS ANJOS
TÊM ASAS

— Pa... papá

   Foi como se algo me atingisse de uma forma tão repentina quando meu cérebro captou aquela palavra. Meu corpo perdeu totalmente as forças e eu acabei caindo no chão soluçando alto. Oque eu ia fazer? Como eu poderia simplesmente transmitir as minhas dores para ela? Eu me virei lentamente e dei de cara com o par de olhos acesos em minha direcção. Mieun estava sentada na  cama, olhando para mim fixamente. Ela sorriu. E isso foi o alto para mim. Eu me aproximei tentando secar as lágrimas que ainda caíam e sem me aperceber, estava retribuindo o sorriso. Sentei na cama e a trouxe para o meu colo junto com o boneco que comprei antes de chegar à casa.

— Feliz aniversário, meu amor! — mostrei o bonequinho para ela. — O papá chegou um pouco tarde. Me perdoa? Eu prometo que no próximo ano seu aniversário será o melhor de todos — beijei seus cabelos. — Você se tornou meu anjo. Você não sabe o que acabou de fazer, mas quando crescer eu vou te contar. Muito obrigado!

— Papá... — ela passou as mãozinhas pelas minhas bochechas molhadas me fazendo chorar ainda mais. Eu é quem deveria cuidar dela mas parece o oposto.

   E naquela noite eu e Mieun partilhamos a madrugada inteira. Pela primeira vez me senti livre ao desabafar sobre tudo com alguém, embora essa pessoa não possa opinar ou me dar conselhos agora. Mas eu preferia assim, apenas ser ouvido. Eu brinquei com ela e fui agraciado por sua risada fofa. E quando Mieun voltou a dormir eu a encarei em como ela era a parte suave da minha vida trubulenta, de como ela era a paz que eu tanto almeijava e que estava tão perto e nunca percebi. Eu percebi que eu encarava Mieun como um fardo, mas ela é a parte de mim que ainda está viva. A parte que ainda me mantém vivo também.

  Eu não dormi quase nada, se pensarmos na hora que Mieun voltou a dormir, mas eu não me sentia cansado. Absurdamente, mas eu não me sentia cansado. Pelo contrário. Eu acordei com Eunnie literalmente lambendo as minhas bochechas e só de acordar e encarar aqueles olhos foi como se eu fosse carregado como bateria e capaz de enfrentar até Thanos sozinho se possível. Me lembrei que eu não alimentei ela de noite então ela acordou cedo porque estava com fome. Entreguei-lhe o boneco enquanto preparava a sua mochila e a minha. Entrei com ela no banheiro para poupar um pouco do meu tempo. Faltava menos quinze minutos para as sete da manhã e o portão do colégio fecha às sete e meia. Por mais que só nessa primeira semana de aulas eu bati o recorde de chegar no segundo tempo.

  Terminei de nos arrumar e desci juntos com as mochilas e Mieun para sala onde encontrei meus pais com expressões estranhas. Minha mãe estava... chorando? E o meu pai com um buquê de girassóis e um papel em mão. Quando eles notaram a minha presença, tentaram se aproximar mas eu me afastei por reflexo, não era bom quando eles se aproximavam. Acabei batendo as costas na parede e isso me fez grunir de dor.

— Jimin... — meu pai chamou e se aproximou. Eu só pedia aos céus que logo hoje que eu acordei bem ( por assim dizer) eles iriam acabar com isso. Eu estava confuso, já sentindo meu peito acelerar absurdamente, acabei jogando sem querer as mochilas no chão. — Está tudo bem! Fique calmo, Jimin!

— Jimin tire a camisa do uniforme. — minha mãe disse em um fio de voz. Eu não entendi! Eu neguei.

— Porque estão fazendo isso? O... oque eu fiz? E-eu apenas....eu apenas acordei. Não fiz nada! O meu celular está com o papai. Porquê? — eu já estava com a sensação de taquicardia, falta de ar e  trémulo. Aquilo era demais.

— Por favor, tire....

   Então, eu obedeci. Deixei Mieun no tapete sentada e fui até os meu pais, tirando a parte de cima do uniforme expondo meu tronco, as marcas e os hematomas que haviam neles. Eles me analisavam e eu me sentia mais uma vez, com vergonha de mim mesmo. Meu pai se aproximou e tocou em cada tom roxo, uns ainda doloridos e outros doloridos apenas nas lembranças.

Pais Im (perfeitos) • Jikook Mpreg Onde histórias criam vida. Descubra agora