Glória continuava petrificada com a cena desenrolada na sua frente. Os olhos arregalados acompanhavam cada detalhe do ato e um mix de sensações tomaram conta de si naquele momento. Sentia uma mistura de asco e confusão pelo fato de Jerônimo estar transando de uma forma tão descomplicada com um robô como se fosse uma situação totalmente natural pra ele. O homem estava com os olhos fechados, deliciando-se na boca da pequena androide. Mas também sentia ciúmes, uma agonia indescritível por ser a imagem de Medeia naquela inteligência artificial, ou seria da própria Aurora? Não sabia mais definir seus sentimentos íntimos. Não era ninguém pra julgar a maneira dos outros sentirem prazer. Não tinha sequer moral pra isso. Porém, não podia presenciar Aurora daquele jeito ainda mais com Jerônimo. Aquilo não podia estar certo, levando em consideração tudo o que estava envolvido.
Saiu do transe de forma abrupta e a fez se levantar, puxando-a pelos braços como uma marionete.
— Que merda você pensa que está fazendo? — vociferou encarando Jerônimo sem temor algum. Ele podia ser o chefe da organização, mas não era um deus como muitos ali acreditavam e ao contrário dos outros, não tinha medo nenhum de enfrentá-lo.
Aurora assistia a tudo abobada e emocionada com o fato de Glória estar defendendo-a.
— Você é oficialmente uma empata foda! Puta que pariu! — Jerônimo arfou puxando as calças de volta.
— Você está bem, Aurora? Ele te fez algum mal? Te obrigou a isso? — investigou fitando-a com preocupação, resvalando as mãos pelos braços da IA carinhosamente.
— Ah, não. Eu fiz porque quis.
— Viu só? Eu não a obriguei a nada. Aliás, ela praticamente implorou pra me chupar.
— Cara, você é escroto! — Glória voltou a fixá-lo com ira.
— Qual o problema? Ela não pode explorar a própria sexualidade agora que se livrou das amarras da Medeia?
— Ela não tem sexualidade. Ela é uma inteligência artificial, um androide!
— Mas ela se comporta como humana, então não tem nada demais nisso.
— Er, é melhor eu ir — Aurora comunicou cabisbaixa e saiu andando depressa.
Glória teve a impressão de que ela ficou com vergonha e chateada por ser resumida a um mero pedaço de metal programado.
— Acho que você feriu o coração do robô. Coitada. Conhece a história do homem de lata?
— Eu li O Mágico de Oz. E uma coisa não tem nada a ver com a outra.
— Você é muito careta. Não cansa de se manter na linha o tempo todo? Você sabia que lá do outro lado da fronteira existe um puteiro onde a elite vai descarregar suas frustrações nos robôs? É um matadouro. Eu a tratei bem, como ela merece. E lá ela jamais teria esse tratamento.
— Eu sei muito bem disso. Minha mãe foi substituída por um robô quando ficou doente — desabafou intensamente mexida com as lembranças amargas daquela época. Os humanos eram frágeis, tinham moral, anseios, eram contaminados por doenças, perdiam a saúde, e as máquinas faziam tudo o que eles eram capazes sem prejuízos.
Jerônimo bufou e alisou a barba.
— Sua emotividade ainda vai te destruir. E sinceramente, espero que isso não nos prejudique em algum momento. Eu conheço o seu tipo, se faz de durona mas é uma manteiga. É só aquecer que derrete.
— Você não sabe nada sobre mim — o fuzilou. Os dentes e os punhos cerraram de automático. — Eu sei cumprir com minhas responsabilidades. Mas fica longe da Aurora. Não vou deixar você se aproveitar da humanidade dela e corrompê-la.
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Na Gaiola Dos Desejos (Sáfico)
Romance⚠️🔞 Procurando por Dom que esteja a sua altura, Sub elabora um número avulso pra atrair o timing perfeito. Uma busca instigante por alguém que não esteja unicamente interessado em satisfazer teus próprios desejos, mas os seus também.