Os humanos costumam dizer que os olhos são o espelho da alma, e Glória pôde comprovar isso ao entrar na mesma gaiola que aquela terráquea. Os olhos eram a única parte visível do rosto da mulher e brilhavam como duas constelações, embora fossem escuros como o vazio. E acreditava que por mais que seu rosto possivelmente fosse lindo, os seus olhos continuariam se destacando. Por algum motivo, não conseguia parar de olhar para ela e esta correspondia o seu com intensidade. Era como se estivessem conversando só com aquele olhar, explorando-se através daquela simples conexão, e só voltaram a si quando os espectadores começaram a berrar ansiosos para o desenrolar daquele desafio aceito.
Glória não se importou muito. Não era do tipo de pessoa que fazia algo só para agradar os outros. A única pessoa que pretendia agradar era a si mesma e naquele momento àquela misteriosa mulher espinho. Debaixo daquele traje haveria uma rosa? Estava completamente preparada para descobrir.
Medeia já havia parado de dançar desde que Glória entrou na gaiola, fechando-a sem pressa, com um q instigante, e ficou parada, encarando-a sem pudor, esperando por alguma investida dela. Sentiu-se excêntrica demais para aquela marciana que provavelmente iria desistir antes mesmo de tentar tocá-la, porém, não foi isso o que aconteceu. Um frio delicioso penetrou em seu ventre quando repentinamente a grandona usou sua mão robótica para tomá-la na cintura e lhe virar para as grades. Em seguida, pegou suas mãos e as fez segurar os ferros cheios de ferrugem, ajeitou sua coluna para que ficasse ligeiramente curvada para ter uma melhor visão de sua bunda e enfim se posicionou atrás da mulher. Medeia soltou um gemido baixo, involuntário, mordendo o lábio inferior, deleitosamente surpreendida. Estava aflita com a falta de reação da marciana que primeiramente a devorava com o olhar, pensando em milhões de coisas que poderia fazer com ela. Mais uma nevasca se apossou do seu interior e fez seu grelo piscar quando a marciana começou a desabotoar a fivela do cinto que amarrava suas nádegas, resguardando um segredo delicioso. Glória não estava indo com tanta calma e cuidado apenas para não ferir seu braço biológico, mas sim para aproveitar cada segundo ao lado daquela mulher cheirosa, imaginando como seria a textura de sua pele e seu sabor. Assim que seus glúteos carnudos ficaram totalmente expostos, com a mão robótica direita acariciou cada uma das polpas, mordendo a própria boca, desejando que fosse a carne dela.
Assim como Medeia, os observadores ficaram congelados, expectantes pelo próximo passo. Àquela gaiola não podia segurar a excitação somente dentro dela, já havia extravasado tomando conta de tudo e todos ao redor. A cena se tornara um espetáculo.
Glória se aproximou um pouco mais de Medeia, mas não demais para não se ferir, suspendeu o braço esquerdo até o seio dela, procurando não esbarrar nas agulhas pontiagudas e afiadas, e o massageou dando uma atenção especial ao mamilo que intumesceu de imediato. Dessa vez Glória pôde ouvir o gemido de satisfação de Medeia, apesar da música alta e o barulho insuportável de várias pessoas em um lugar pequeno conversando alto. Ela era seu foco. Medeia pareceu perceber isso e demonstrava estar gostando. Sem mais delongas, Glória desferiu um tapa na nádega direita com seu braço robótico, visto que jamais se machucaria, depois na esquerda e mais um na direita. A boca de Medeia se abriu num estado de elevação indescritível. Glória analisava suas reações corporais e orais pois não tinha como ver seu rosto, e se certificando de que ela estava respondendo de forma positiva, bateu em sua bunda sem cessar, deixando-a completamente roxa. A cada tapa desferido, Medeia soltava um gemido de regozijo. Mais tapas se seguiram. As pernas da terráquea estavam bambas, ela mal conseguia se manter de pé e os tapas não paravam. Estava gostoso. Queria mais deles também em seu rosto e quase cogitou em retirar a máscara e implorar para que a marciana lhe batesse na cara também. Sem forças e com o âmago pegando fogo, Glória enfim conhece o som de sua voz. Medeia pediu basta. Glória havia conseguido o que ninguém foi capaz até ali: impressioná-la de um jeito irreparável.
- Sucata! Sucata! Sucata! - um homem que estava assistindo a performance bem de perto, começou a gritar, incentivando que mais pessoas gritassem junto com ele.
Aquilo era uma espécie de elogio, pois em Salvation, a sucata era reaproveitada, deixando de ser um objeto considerado inútil para se transformar em algo novo. Um sorriso de lado se ilustrou na face maltratada da marciana. Medeia pegou em sua mão e com apenas um gesto de queixo a guiou para fora dali. As pessoas se dispersaram em busca de outra diversão e Glória enfim receberia sua recompensa.
Para não se perderem uma da outra, a terráquea saiu segurando a mão de Glória até se afastarem o suficiente da bagunça. Chegaram em um corredor no ambiente interno de Refúgio, onde os quartos privativos ficavam e Glória foi atrás de Medeia até ela parar numa das portas. Com sua leitura ocular digital, a mesma se abriu e revelou um espaço menos desagradável que o da pista de dança. Era silencioso, tinha uma iluminação suave e um aroma tranquilizante. Medeia a esperou entrar por completo e fechou a porta.
Glória a encarou. Medeia começou a abrir os fechos de sua roupa com certa habilidade adquirida pelo hábito de usá-la, ficando nua fisicamente e moralmente despida na frente de sua convidada, sem constrangimento algum.
Glória suspirou extasiada. Agora, com seus cabelos crespos dourados libertos, Medeia se tornara majestosa diante de seus olhos curiosos, assemelhando-se a uma frondosa árvore de galhos robustos com suas folhas verdejantes e flores desabrochadas numa linda manhã de primavera, contrastando com sua pele negra retinta e os olhos escuros com aspecto de amêndoas. Era o mais próximo que chegava de uma flora.
- Gosta do que vê? - Medeia indagou aproximando-se com volúpia.
Glória sibilou algo, mas não saiu nada. Estava impactada. Deu uma pigarreada buscando se recompor.
- Mais do que ver, eu diria.
Medeia sorriu e caminhou até Glória. Esta por sua vez sentiu o corpo estremecer e o coração acelerar. Devaneou achando que seria beijada, mas Medeia esticou o braço e pegou seu vestido em cima da cama.
Glória se sentiu uma idiota e pôde até escutar um risinho maldoso de Medeia.
- É... então, é isso? - coçou a nuca sem graça - Não vai me dizer o seu nome e por que estava fazendo aquele joguinho?
- Não seja tão apressada. Isso é coisa de terráqueo. A vida é mais longa em Marte. Teremos tempo para nos conhecermos e eu te esclarecerei. Por ora, por que não me acompanha até minha casa?
- Não sei se é uma boa ideia.
- Fique tranquila. Não faremos nada que você não queira. Você pode tomar um banho, fiquei sabendo que nas trincheiras está tendo racionamento de água. E depois podemos comer e beber algo para conversarmos com mais privacidade.
Glória ponderou por um instante. Já havia três dias que não tomava um banho decente. Estava utilizando apenas toalhas umedecidas para se limpar como podia. Esses racionamentos de água eram frequentes e quem vivia abaixo da linha da pobreza na colônia eram drasticamente afetados. A desculpa era a mesma de sempre: os tonéis em manutenção, mas a verdade é que não havia água para todos. Trincheiras eram aglomerados habitacionais construídos próximos das fábricas e mesmo depois do acidente que matou sua mãe, pessoas ainda moravam lá. Ela mesma morava na mesma casa desde que nasceu.
- Certo. Estou mesmo precisando.
- Percebi - Medeia ironizou.
Glória franziu a testa, chateada. Estava fedendo? Aproveitou que Medeia estava de costas, arrumando suas coisas e cheirou as próprias axilas. É, definitivamente, não estava em condições de recusar um banho e tudo que viesse acontecer com aquela mulher, seria extremamente gratificante.
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Na Gaiola Dos Desejos (Sáfico)
Historia Corta⚠️🔞 Procurando por Dom que esteja a sua altura, Sub elabora um número avulso pra atrair o timing perfeito. Uma busca instigante por alguém que não esteja unicamente interessado em satisfazer teus próprios desejos, mas os seus também.