Nem tudo que acaba tem um final

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Vicky estava sentada no topo de uma montanha olhando pra beleza noturna enquanto fumava uma erva no intuito de relaxar dos últimos acontecimentos quando Farhar apareceu sentando ao seu lado.

- Como me achou aqui? - com a testa franzida, perguntou desgostosa pois havia saído sem dar notícias exatamente porque queria ficar sozinha.

- Por mais que você tente e ache que está fazendo um bom trabalho, você é completamente previsível - Farhar se justificou de forma relaxada respirando o ar puro da noite.

Vicky soltou um suspiro que mais pareceu um resmungo, mas Farhar não se importou, simplesmente pegou o cigarro de sua mão, fazendo com que ela o encarasse com certa indignação e deu um trago, soltando a fumaça logo em seguida de forma lenta.

- O que aconteceu com você depois da última batalha? Está distante, fria... Está todo mundo paparicando sua irmãzinha... E você não parece estar interessada nisso... - Farhar comentou enquanto devolvia o cigarro pra ela.

- Não é nada com elas... É só que... Sei lá... Me sinto cansada de lutar. Tenho a impressão de que estamos sempre voltando ao mesmo ponto, nunca chegando em um lugar diferente, as coisas só pioram.

- Te entendo, mas eu não enxergo dessa maneira.

- E como eu poderia enxergar de uma outra forma? - arfou. - Desde que me entendo por gente eu nunca parei de lutar, estou constantemente na defensiva. É desgastante!

- De onde eu venho, - Farhar pegou no queixo dela e a fez encará-lo - luta é algo belo a ser admirado. É através da luta que conhecemos nossos pontos fortes e melhoramos nossos pontos fracos, e mais do que isso, é onde aprendemos a sermos criaturas mais evoluídas, desenvolvemos nossos potenciais e desconstruímos convicções que em nada nos engrandece. E mais importante ainda é que temos certeza de quem está do nosso lado e nos ama incondicionalmente... A luta é a própria existência e a beleza se encontra somente vivendo. Toda diferença está em quem irá nos acompanhar no campo de batalha.

Aquelas palavras tocaram profundamente Vicky. Ela olhou fixamente o rosto do camuflador como quem deseja memorizar o esplendor de sua expressão na declamação, depois seus olhos fitaram seus lábios e então o beijou. Farhar afastou-se um pouco confuso. Apesar de ter Vicky como um exemplo a se seguir, jamais imaginou que a aproximação deles poderia chegar naquele nível, e agora, ao ter os lábios dela colado junto aos seus, sentindo sua maciez e o gosto de sua boca, um sentimento novo explodiu dentro da criatura. Encarou-a para ler em sua face se era aquilo mesmo que ela queria, e ao ter certeza puxou-a para si retribuindo o gesto com fulgor. Seus corpos se aqueceram no contato íntimo. As mãos e os lábios resvalavam pelas partes expostas de suas peles até que Vicky deitou-se por cima de Farhar encaixando-se nele. Assim que percebeu que a criatura iria mudar sua aparência, pediu:

- Eu te quero do jeito que você é!

- Tem certeza? Posso parecer, ham, diferente pra você...

- Tenho certeza absoluta! - foi enfática e o beijou antes que ele se atrevesse a falar qualquer coisa.

O camuflador sentiu-se completamente envolvido pelos toques da garota e permitiu-se apenas desfrutar. Ela o amou minuciosamente com a boca, os lábios, as mãos, e ele fez o mesmo com ela até atingirem o cume daquela manifestação do desejo que tinham um pelo outro.

Relaxados, ambos adormeceram após o ápice e durante o desdobramento, Vicky fez questão de levar Farhar até seu porto seguro mental.

- Que lugar é esse? - indagou examinando toda a aparelhagem que havia ali.

- É onde eu passo a maior parte do meu tempo sozinha quando tenho disponibilidade.

- E o que acontece aqui?

Na Gaiola Dos Desejos (Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora