Alta tensão

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Não era uma boca que lhe proporcionava prazer, mas três. Uma estava entre suas pernas, as mãos seguravam suas coxas pra conter as contorções; consequência do vigor que os movimentos com a língua lhe causava; a segunda estava sugando seu seio direito com uma necessidade insana e a terceira devorava a sua própria boca. Aquele definitivamente não era um sexo comum, estava sendo adorada. Sentia-se como a deusa da luxúria mergulhando fundo num oceano de prazeres indescritíveis através da devoção de suas servas. Mas quando abriu os olhos para admirar seus rostos levou um susto e a magia se desfez de imediato. Era Zara quem lhe fazia o magestoso oral e na parte de cima estava Medeia e Aurora, e como elas eram totalmente iguais na aparência não deu pra diferenciá-las.

Glória acordou sobressaltada mais uma vez. Esse tipo de sonho lhe atormentava. Sentou-se na cama automaticamente. A cabeça e o estômago doíam, a boca estava seca e as pernas fracas. Ficou claro que havia exagerado na bebida noite passada. Mas não se arrependia de nada. Valeu a pena cada segundo. Avistou uma bacia contendo um pouco de água e um pano ao lado. Umedeceu-o e passou no rosto. A água da torneira ainda não tinha voltado e a Companhia só disponibilizava um tambor por residência, sendo assim tinha que economizar ao máximo pra não faltar, o que considerava uma tremenda injustiça tendo em vista que na maioria das casas nas trincheiras, tinham mais de quatro pessoas e duvidava que seria capaz de durar mais de três dias.

- Ei, o que pensa que está fazendo? - assustou-se com a advertência na voz de Zara e sua mão suave acariciando suas costas. Olhou-a. Estava nua. Dormiram juntas e nem se lembrava. - Volta pra cama. Temos o direito de descansarmos mais um pouco. Em breve teremos melhores condições de trabalho e poderemos enfim viver com a dignidade tão sonhada.

- Não posso. Tenho que cumprir com minhas obrigações com a Medeia. Além do mais preciso saber se deu tudo certo com Aurora. Você não está curiosa?

Zara suspirou fundo jogando o corpo com força de encontro a cama novamente, perdendo o ar sonhador.

- Tem razão. Também preciso ver como a Moira está e voltar pro meu posto. Pobre não tem um dia de paz.

- Então... - Glória levantou sentindo a cabeça rodar pelo efeito do álcool ainda no seu organismo. Fechou os olhos buscando força e os abriu assim que conseguiu se equilibrar mentalmente. - Nos vemos depois - avisou retirando a camiseta larga e colocando uma roupa limpa.

- Você está bem? - Zara indagou desconfiada.

- Sim, por que não estaria?

- Ah sei lá. Espero não mudar nada entre nós só porque transamos.

- Claro que não. Ainda somos amigas. Foi só a intensidade do momento. Eu sei separar as coisas.

- Concordo. Nunca estivemos tão conectadas.

Glória abriu um sorrisinho concordante.

- Fecha a porta quando for embora.

- Pode deixar.

Glória andou até a fronteira e o transporte já estava lá.

Quando chegou na residência de Medeia, ela estava no saguão, aguardando-a, e Glória tomou o segundo susto do dia. Será que ela havia descoberto sua traição?

- Oi - cumprimentou meio insegura.

- Você está atrasada! - a engenheira repreendeu bufando. - Eu não admito atrasos. O que nós conversamos sobre isso?

- Você está assim só porque me atrasei? - perguntou mais aliviada.

- É claro! Pode não significar nada pra você, mas pra mim sim. Eu preciso das minhas sessões diárias. Estou lidando com muito estresse no trabalho. Preciso relaxar. Você sabe muito bem que às quartas o horário muda.

Na Gaiola Dos Desejos (Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora