Sobre novas perspectivas

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Ali, de cabeça pra baixo, Marieta sentia como se tivesse sido jogada no vácuo, pois a paz que a acometia era surreal. Com a circulação invertida, o coração e os pulmões intensamente pressionados, o peso de todo seu corpo voltado pro chão, a prática lhe causava a sensação expectante de ânsia que tanto apreciava. As mãos estavam amarradas para trás por cordas que se estabeleciam nos calcanhares com as pernas abertas para o prazer de ambas, somado a deliciosa surpresa do que virá devido a venda em seus olhos e o pregador em seu nariz. Com a visão e o olfato comprometidos, os outros sentidos ficaram mais aguçados.

Glória que fumava um cigarro observando aquelas curvas esplendorosas por aquele ângulo, apagou o cigarro e foi até ela constatando de imediato que já estava molhada só com aquela tortura aprazível. A vontade de experimentá-la foi inegável, então logo encaixou sua boca naquela carne quente e úmida arrancando um gemido alto de Marieta que não sabia como extravasar tanto tesão estando completamente atada. Naquela posição, Glória podia comê-la com muita facilidade. Revezava em chupar o grelo teso e lamber a umidade, chegando a enfiar a língua em sua fenda até onde conseguia. Se dependesse dela, poderia ficar ali por horas mergulhada no gosto de Marieta, mas também desejava ir adiante com a sessão, então pegou o molho de urtigas. Marieta que respirava pela boca, sentiu um sabor de erva se instalar em seu paladar e ficou se perguntando do que se tratava até levar uma chicotada nos seios. A ardência e a coceira fez com que ela soubesse que era urtiga. As surras continuaram em suas nádegas, seios, e vulva, e quanto mais coçava e ardia, mais tesão sentia, uma necessidade desesperadora por alívio. Glória parou um pouco e voltou a chupar sua boceta empolada. Marieta tremia e chorava com a enxurrada de sensações. Glória introduziu um punhado da urtiga em sua boceta e continuou trabalhando com a boca em seu clitóris, fazendo-a gozar inúmeras vezes...

Enquanto isso, na cerimônia de velório de Quon, Chun fingia consternação com muita facilidade. Ela estava de pé no púlpito com a urna de cinzas do pai em cima de uma mesa e tentava discursar para os presentes.

— Desculpa, é muito difícil falar do meu pai sabendo que nunca mais o verei, e é ainda mais triste saber que nós tínhamos a Imortalidade nas mãos e a perdemos, e no final, ele ainda poderia estar aqui comigo, cumprindo seu papel de pai e de líder! Eu aprendi tanto com ele... Meu pai tinha tanto orgulho de nossa casta, de nossa família, de nossa ancestralidade e árvore genealógica. Ele contava com muita satisfação da forma que nós conseguimos superar o desequilíbrio na terra e sobrevivermos. Ele me ensinou que desistir não é uma opção e eu vou garantir que sua morte não tenha sido em vão. Vou recuperar o projeto e continuar a decisão inicial de vencermos a morte, de permanecermos ao lado de quem amamos até o fim dos tempos.

A herdeira foi intensamente aplaudida e ela ficou satisfeita em saber que funcionou usar a morte de seu pai pra se promover e ganhar popularidade, e o mais importante: agora tinha certeza que suas resoluções não seriam mais questionadas. A interação durou mais algum tempo e quando enfim terminou, ela usou o assunto importante sobre as próximas medidas a serem tomadas após a morte de seu pai que estava cuidando de tudo até então com os meliantes, e atraiu os membros do conselho até o laboratório.

— E então, Chun, o que você deseja nos falar? Alguma alteração no plano? — a representante da África indagou e quando se virou pra trás procurando por Chun, ela estava do lado de fora do laboratório enquanto todos os outros ficaram presos dentro, como cobaias. — O que significa isso?

Um alvoroço se instalou.

Chun deu uma risada e fez sua voz ser ouvida no compartimento de dentro.

— O que significa? Bom, insetos como vocês não valem o prato de comida que comem nem as roupas sofisticadas que vestem.

— Do que você está falando, garota? Nos tire daqui agora! Eu exijo respeito! — o representante da Europa ocidental dava socos no vidro. Não queria admitir mas um mau pressentimento tomara conta dele e pelos olhares de espanto ao seu redor, de todos ali. — O que pensa que está fazendo ofendendo a memória de seu pai dessa forma?

— Meu pai foi o primeiro inseto que esmaguei com as minhas próprias mãos e vocês serão os próximos. Eu atraí vocês até aqui propositalmente. Usei o velório dele como desculpa.

— Isso é algum tipo de brincadeira? — o conselheiro da América do Sul perguntou descrente e amedrontado.

— Vocês pediram por isso. Estão totalmente enganados achando que suas vidas valem mais do que qualquer outra. Sou eu que preciso eliminar a sujeira que se instalou em cada canto da Terra e de Marte — e com apenas um comando o gás tóxico foi despejado no laboratório e assim que eles começaram a respirá-lo tiveram uma morte lenta e dolorosa.

Chun ficou parada regozijando-se com o final que cada uma daquelas personalidades tiveram experimentando do seu próprio veneno. Agora ela seria a deusa daquele novo mundo, um mundo que teria que seguir suas regras e tudo o que ela ditar pra ele.

Na Gaiola Dos Desejos (Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora