My Sexy Listener | Joalina | Sabina G!P

Begin Again

Sabina P.O.V

JANEIRO DE 2018

Ajeito o boné em meus cabelos suados e molhados, andando como um pinguim carregando aquelas caixas lotadas. Meus pés se arrastam pela grama e eu só consigo pensar em como um sorvete cairia bem.

— Está tudo aqui? — Questiona Madison, com sua prancheta em mãos e com seu uniforme de vôlei.

— Está sim. Bandeirinhas, camisas, copos, luvas, tudo. — Tiro o boné e coço meus cabelos suados, me sentindo uma velha. Por mais que eu estivesse fazendo exercícios rotineiros com Madison, isto é, correndo em volta da pista de atletismo, meu corpo não estava preparado para o sol quente de Boston. Os sábados sempre são animados e estamos tentando arrecadar dinheiro para a viagem do time de vôlei para os jogos dessa temporada.

— Isso aí, Hidalgo. Se continuar assim, pode pegar a vaga de assistente do time. — A morena dá um de seus sorrisos irônicos e reviro meus olhos. Sem chance. Os assistentes trabalham mais do que as jogadoras e eu já tenho dificuldades o suficiente cuidando de mim e de minhas roupas, imagina de 18 mulheres.

— Peça a Angie. Ela faria qualquer coisa que você pedisse mesmo. — Um grupo de 3 calouros passam por nós e acenam. Devolvemos o cumprimento e vejo de rabo de olho que Angie vem andando mais na frente carregando 3 caixas empilhadas. — Falando nela. Lá vem sua fiel seguidora.

Madison me dá um tapa no braço e finjo uma falsa dor. Desde minha entrada na Boston University, Madison e eu somos amigas. Ela foi colocada para ser minha orientadora nessa loucura que é a universidade, e desde então somos como carne e unha. Ela me incentivou a começar a fazer exercícios e participar do clube de escrita criativa. Madison tinha muitas qualidades, mas havia um pequeno defeito: ela simplesmente é incapaz de se manter com uma única pessoa. E como me influencia? Bem, no momento em que fui em uma festa acompanhada de Angie e Madison, a última não pensou duas vezes em ficar com minha amiga. Conclusão: desde este dia, Madison caça Angie como uma presa, mas se mantém indisposta a ficar somente com minha amiga. Isso rende várias DR's em nossos passeios e honestamente, isso cansa as vezes.

— Não acha que é muito pesado pra você, Angie? — Questiona Madison quando Mase se aproxima, colocando as caixas lotadas de doces no gramado, respirando rapidamente. Minha amiga nega com a cabeça e acerta sua postura, recebendo assim um beijo lento na bochecha. Reviro os olhos e pesco um saquinho de jujubas, sentindo logo um tapa na mão. — Sério, Hidalgo? Você vai pagar por isso!

— Sem chance! — Dou as costas para as duas e começo a andar. — Eu paguei por isso e muito mais com meu trabalho braçal. Vejo vocês mais tarde, moças! Tentem não se matar, ok?

Não fico lá para ouvir ou ver o que elas irão fazer. Preciso encontrar Josh em 20 minutos em uma sorveteria próxima daqui. Meu amigo veio diretamente de Madri para me visitar e eu não podia estar mais ansiosa. Não nos víamos desde novembro, quando ele deu uma rápida passada aqui antes de embarcar numa mini viagem de 1 mês pela Europa, essa que se estendeu por muito mais tempo. Seria ótimo estar perto dele, ouvir suas histórias, saber como todos vão. Ok, eu visitei Miami no Natal e no Ano Novo, mas era diferente ouvir tudo dele. Josh tinha um jeito especial de contar as coisas.

Boston estava sendo uma experiência nova. Angie e eu chegamos em meados de setembro, duas calouras temerosas, mas ansiosas pelo o que nos esperava. Até agora não estávamos nos decepcionando. Estávamos estudando o que gostávamos e estávamos felizes. Minha amiga tinha encontrado um rumo e estava indo bem. Ela e Maci haviam decidido passar esse tempo longe, descobrindo a vida e depois, veriam se ainda queriam estar juntas. Pra ser sincera, admiro isso delas. Elas pelo menos estavam tentando. Algo que "ela" nunca me deu a oportunidade. Sacudo a cabeça e paro em frente a um carro estacionado, olhando meu reflexo. Nem de longe eu parecia aquela garota criançona e assustada de Miami. É incrível como algumas coisas mudam em poucos meses. Luna e Enzo agora moram em um apartamento confortável em frente à praia. Papai e Shivani estão indo de vento em popa em seu relacionamento e ela vem crescendo cada vez mais no hospital. Savannah e Any também estão bem. Tudo transita na mais perfeita paz. Então, porque eu não consigo parar de sentir um buraco aqui dentro de mim?