Epiphany

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Sabina P.O.V

Sabe aquele momento em que algo incrível ou triste acontece com você, e as palavras lhe fogem da boca? Em que você pensa que nada que você disser realmente pode descrever o momento?

- O que foi, Sabina? - Sinto mãos grandes tocarem minha camisa por trás, num gesto de preocupação. De repente, o telefone em minha orelha está frio, e tento pensar frases para dizer. Nada. Eu não consigo pensar em nada esperto para dizer.

- Sabina, você está aí? Sou eu, Ale. - A voz está ali. Depois de anos sem escutá-la, parece diferente. Na verdade, quase desconhecida.

- Eu... eu ainda estou aqui. - Consigo formar uma frase. Legal. Meu pai está com suas grandes e tão familiares mãos em minhas costas, uma interrogação em seu rosto. - Por que ligou? O que quer?

- Falar com você. Saber como você está.

- Cínica. - Rosno - Você não pareceu se preocupar muito, levando em conta que sumiu por 9 anos! - Essa última palavra sai gritada, cheia de raiva e decepção disfarçada, o que é um estopim para que meu pai abra a boca de surpresa e pegue o telefone da minha mão, sem hesitar.

- O que acha que está fazendo? - A voz do meu pai é grossa, seu cenho se fecha, e fico preocupada que ele tenha um ataque nervoso. Quer dizer, é a sem noção da sua ex esposa, a que lhe traiu, que foi embora. - Você não tem o menor direito de ligar para cá, inclusive, vou trocar este número amanhã!

Saio de perto, gingando até o sofá e me sentando, tentando discernir um pouco o que acabou de acontecer. Quer dizer, acho que qualquer um que passe por algo parecido com o que passei ficaria bem chocado. Eu realmente não achei que Ale teria coragem de ligar aqui para casa, achei que estava tentando fazer o contato por Luna, mas pelo visto, tirar conclusões sobre ela nunca é o certo a se fazer. - Sabiniki? Você está bem?

Vejo Shivani se sentar ao meu lado, enquanto ouvimos papai ameaçar denunciar Ale por abandono. Mordo meu lábio e olho para a mulher sentada ao meu lado, com as mãos entrelaçadas, os olhos verdes preocupados, tudo transpirando preocupação e afeto. Nego com a cabeça e ela abre seus braços, fazendo-me pular em seu colo rapidamente, sendo envolvida por seu abraço quente e que parecia querer me passar calma. Eu estou calma, só surpresa. Mexida, confesso.

- Não sei porque ela ligou para cá. - Murmuro, e ouço meu pai colocar o telefone no gancho com força, transparecendo sua raiva evidente. Doutor Fernando sai da sala, indo em direção a cozinha.

- Você sabe o porquê. - Shivani faz um leve carinho em meus cabelos. - Por sua causa. Porque quer falar com a filha.

- Ela não tem direito de fazer isso. Ligar para cá, agir como se não tivesse sumido por quase 10 anos, quase como se quisesse que eu dissesse: "que bom que ligou mãe, vamos almoçar amanhã? Senti saudades". - Eu juro que queria pensar racionalmente, não fazer a voz fina e irritada cheia de veneno de agora, mas realmente não pude.

- Olha, - Shivani afasta meu rosto de seu peito para que possa me olhar nos olhos. De longe ouvimos o barulho da cafeteira e sei que esse é o jeito do meu pai tentar se acalmar. - você foi magoada. Eu sei. E tem todo o direito de ficar brava, mas acha mesmo que isso vale a pena? Como você disse, faz 10 anos. Tente pensar direitinho, toda essa história pode estar te pesando, estar lhe impedindo de se sentir bem consigo mesma. Talvez seja a hora de seguir em frente, Sabina. E seguir em frente quer dizer perdoar sua mãe e deixar tudo isso para lá.

Shivani sempre foi uma de minhas fontes para bons conselhos. Seu lado racional entrava em ação e ela lhe fazia realmente pensar, a usar a lógica e o bom senso. Suas mãos vão em direção as minhas e elas as aperta, como um apoio sentimental. Aceno com a cabeça para indicar que entendi o que disse. Só não sei se posso seguir com isso. Papai aparece bem na hora, segurando uma caneca preta fumegante, tendo o olhar preocupado. Ele não hesita em caminhar até onde eu estava e se sentar ao meu lado, envolvendo todo o meu corpo em um abraço de papai urso.

My Sexy Listener | Joalina | Sabina G!POnde histórias criam vida. Descubra agora